Direitos da natureza: reflexões sobre possíveis fundamentos axiológicos

Daniel Diniz Gonçalves, Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega

Resumo


O presente artigo propõe-se a discutir o fundamento axiológico de um paradigma ecocentrista. Primeiramente, será exposta uma análise axiológica das racionalidades que orientam o modelo antropocêntrico, a saber, a economicista e a cientificista, que reputam que a natureza é um mero objeto, mero instrumental, para a promoção dos interesses dos seres humanos, ou mais propriamente, de alguns seres humanos. São desvelados os efeitos cruéis dessa percepção absolutista do antropocentrismo, materializados em desastres naturais de todo o tipo, que comprometem a qualidade de vida e a própria existência do ser humano, denunciando-se, assim, sua falência paradigmática. Prosseguindo, serão traçadas as características do paradigma ecocentrista, especialmente na construção de um amparo axiológico ao mesmo, o que se desenvolve através de reflexões filosóficas sobre um valor intrínseco à natureza. O valor intrínseco da natureza é abordado através de uma revisitação do conceito de razão, que é hermeneuticamente reconstruído, com espeque na ética andina. Na conclusão, serão pontuadas as implicações de uma nova ética da natureza sobre as relações entre os homens e entre o homem e a natureza.


Palavras-chave


Fundamentos; Axiológicos; Natureza; Valor Intrínseco.

Texto completo:

PDF HTML

Referências


BACON, Francis. Novum Organum (1620) - The New Organon or True Directions Concerning the Interpretation of Nature. Disponível em: < http://www.metaphysicspirit.com/books/The%20New%20Organon.pdf >. Acesso em: 12 out. 2016.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

DALSOTTO, Lucas Mateus; CAMATI, Odair. Dignidade Humana em Kant. Theoria ‐ Revista Eletrônica de Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre. Volume V, Número 14, p. 129-141, Ano 2013. Disponível em: < http://www.theoria.com.br/edicao14/dignidade_humana_em_kant.pdf >. Acesso em: 09 set. 2016.

ENGELS, Federico. El papel del trabajo en la transformación del mono en hombre (1876). Disponível em: < http://www.marxists.org/espanol/m—e/1870s/1876trab.htm >. Acesso em: 12 set. 2016.

ENGELS, Federico. Introducción a la dialéctica de la naturaleza. México, D. F.: Ediciones Quinto Sol, 1982.

ESTERMANN, Josef. Filosofía Andina. Sabiduría indígena para un mundo nuevo. Segunda Edición. La Paz, Bolivia: ISEAT, 2006.

GALEANO, Eduardo. “La naturaleza no es muda”. Semanario Brecha de Uruguay, de 18 abril 2008. Internet. Disponível em: < http://www.derechosdelanaturaleza.org/website/files/2011/01/La-naturaleza-no-es-muda-Eduardo-Galeano2.pdf >. Acesso em: 22 ago. 2016.

GUDYNAS, Eduardo. Desarrollo, derechos de la naturaleza y buen vivir despues de montecristi. In WEBER, Gabriela. Debates sobre cooperación y modelos de desarrollo. Perspectivas desde la sociedad civil en el Ecuador. Quito: Centro de Investigaciones CIUDAD y Observatorio de la Cooperación al Desarrollo, 2011. p. 83-102.

GUDYNAS, Eduardo. Em mandato ecologico: derechos de la naturaleza y politicas ambientales en la nueva constituición. Quito: Abya-Yala, 2009.

GUERRERO, Patricio. Corazonar: una antropología comprometida con la vida. Nuevas miradas desde el Abya-Yala para la descolonización del poder, del saber y del ser. Asunción: Fondec, 2007.

JIMENEZ, Ricardo. Resgatar e valorizar outros pilares éticos: O Bom Viver. Documento de trabalho para o Ateliê Internacional Biocivilização para a Sustentabilidade da Vida e do Planeta Rio de Janeiro, 9 a 12 de agosto de 2011, tendo em vista a Conferência Rio+20. Disponível em: < http://rio20.net/wp-content/uploads/2011/07/Rescatar_valores_Buen_vivir_PT.pdf >. Acesso em: 10 maio 2016.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido Antônio de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial Barcarolla, 2009.

KANT, Immanuel. La Metafísica de las Costumbres. Trad. Adela Cortina Orts e Jesús Conill Sancho. 3° Ed. Madrid: Editorial Tecnos, 1989.

KÄSSMAYER, Karin. Apontamentos sobre a ética ambiental como fundamento do direito ambiental. EOS: Revista jurídica da Faculdade de Direito/Faculdade Dom Bosco. Curitiba, v. 1, n. 4, p. 128-146, jul./dez. 2008.

KUHN, Thomas S.. A Estrutura das Revoluções Científicas. 5ª Edição. São Paulo: Perspectiva, 1998.

LEVINAS, Emmanuel. Totalidad e infinito: ensayo sobre la exterioridad. 2.ª ed. Salamanca: Edición Sígueme, 2012.

MENDEZ, Júlio Marcelo Prieto. Derechos de la Naturaleza: Fundamento, Contenido y Exigibilidad Jurisdiccional. Nuevo derecho Ecuatoriano. Quito: Centro de Estudios y Difusión del Derecho Constitucional, 2013.

RUBIO, David Sanches; DE FRUTOS, Juan Antônio. Teoria Critca del Derecho. Primera Edicion. Aguascalientes: Centro de Estudos Juridicos y Sociales Mispat, 2013.

SAITO, Silvia M. Desastres Naturais: Conceitos Básicos. Disponível em: < http://www.inpe.br/crs/crectealc/pdf/silvia_saito.pdf >. Acesso em: 12 ago. 2016.

SHIVA, Vandana. Manifiesto para una democracia de la tierra: justicia, sostenibilidad y paz. Barcelona: Paidós, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Crítica da Razão Indolente: Contra o desperdício da experiência. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.

SANTOS, Boaventura de Sousa. El milenio huérfano: ensayos para una nueva cultura política. Bogotá: ILSA, 2005.

TARREGA, Maria Cristina Vidotte Blanco; FREITAS, Vitor Souza. Novo Constitucionalismo Democrático latino Americano: Paradigma Jurídico Emergente em Tempos de Crise Paradigmática. Disponível em: < http://pt.slideshare.net/thalmeida/m-cristina-novo-constitucionalismo-democratico-latino-reformulado-33578385 >. Acesso em: 15 jun. 2016.

WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo Jurídico: Fundamentos de uma nova cultura no Direito. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 2001.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604.2018.v14i1.1685

Apontamentos

  • Não há apontamentos.