Direito e tecnologia “em” interregno: a regulação como problema!

Jose Luis Bolzan de Morais, Thainá Penha Pádua

Resumo


O trabalho proposto objetiva interrogar acerca das condições e possibilidades de o Direito como expressão da autoridade pública atuar e funcionar como instrumento hábil para regular eficazmente tais relações – entre Direito e Tecnologia, especialmente considerando as transformações e os impactos produzidos pela Revolução da Internet nas sociedades contemporâneas, respondendo aos conflitos emergentes neste âmbito. Para responder a essas e outras questões, foi utilizado o método de abordagem hermenêutico-fenomenológico, através da reflexão interpretativa sobre o objeto e o contexto, buscando-se evidenciar as contradições entre o que diz a teoria, a lei e o que a realidade concreta apresenta. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica e documental, constatando-se a necessidade de uma regulação supraestatal que poderá, de forma mais eficaz, estabelecer parâmetros regulatórios que dialoguem com as conquistas civilizatórias e, sobretudo, com os direitos humanos.


Palavras-chave


Tecnologia; Regulação; Autorregulação; Capitalismo

Texto completo:

PDF

Referências


ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A autorregulação regulada como modelo do Direito proceduralizado. In: ABBOUD, Georges; NERY JR, Nelson; CAMPOS, Ricardo. Fake News e Regulação. Col. Direito e Estado em Transformação. N. 1. São Paulo: Thomson Reuters Brasil. 2018.

AMARILES. Restrepo. The mathematical turn: l’indicateur Rule of Law dans la politique de développement de la Banque Mondiale.” Disponível em: https://www.academia.edu/5751766/The_Mathematical_Turn_Lindicator_Rule_of_Law_dans_la_politique_de_d%C3%A9veloppement_de_la_Banque_Mondiale?auto=download. Acesso em 20 de dez de 2021.

ASSANGE, Julian, MÜLLER-MAGUHN, APPELBAUM, Jacob (Autor) e ZIMMERMANN, Jérémie. Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet. Ebook.

ARENDT, Hannah. Between Past and Future. Viking Press, 1961.

AVELÃS NUNES, António José; COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (Orgs.). O Direito e o Futuro, O Futuro do Direito. Coimbra: Almedina. 2008.

BAUDRILLARD, Jean. Tela total: mitos-ironias na era do virtual e da imagem. Trad. Juremir. Machado da Silva. 4. Ed. Porto Alegre: Sulina, 1997.

BBC NEWS Brasil. Entenda o escândalo de uso político de dados que derrubou valor do Facebook e o colocou na mira de autoridades. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43461751. Acesso em 20 dez 2021.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. O fim da geografia institucional do Estado. A “crise” do Estado de Direito. In: STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Leonel Severo; ENGELMANN, Wilson. (Org.). Constituição, Sistemas Sociais e Hermenêutica. Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS. v. 13, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. As crises do estado e da constituição e a transformação espaço-temporal dos direitos humanos. 2. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011.

BOLZAN DE MORAIS, José Luis. NETO, Elias Jacob. A fragilização do estado-nação na proteção dos direitos humanos violados pelas tecnologias da informação e comunicação. Revista de Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 23, n. 3, p. 231-257, set/dez, de 2018.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis; FESTUGATTO, Adriana Martins Ferreira. A Democracia Desinformada. Eleições e fake news. Col. Estado & Constituição. N. 20. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2021.

BOLZAN DE MORAIS, José Luis. O Estado de Direito “confrontado” pela “Revolução da Internet. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM. V. 13, n. 3 / 2018.

BOLZAN DE MORAIS, José Luis. LOBO, Edilene. Nemer, David. Democracia Algoritmica: O Futuro da Democracia e o Combate às Milícias Digitais no Brasil. Revista Culturas Jurídicas, Vol. 7, Núm. 17, mai./ago., 2020.

BOLZAN DE MORAIS, JOSE LUIS; LOBO, Edilene. A democracia corrompida pela surveillance ou uma fake democracy distópica. In: Jose Luis Bolzan de Morais. (Org.). A Democracia sequestrada. 1ed. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2019, v. 1.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis; LÔBO, Edilene. Las Nuevas Tecnologias Y el actual modelo comunicacional en las elecciones brasileñas de 2018. In: Alfonso de Julios_Campuzano. (Org.). Constitucionalismo. Un modelo jurídico para la sociedad global. 1ed.Navarra: Editorial Aranzadi, 2019.

BOLZAN DE MORAIS, José Luis. NETO, Elias Jacob. O que é isto, a surveillance? Direito e fluxos de dados no século XXI. In: Narciso Leandro Xavier Baez; Vinicius Almada Mozeitc; Nuria Belloso Martin; Helena Nadal Sánchez. (Org.). O impacto das novas tecnologias nos direitos fundamentais. 1ed. Joaçaba: UNOESC, 2015.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis JACOB NETO, Elias. Direitos Fundamentais e Surveillance- as antidemocráticas e assimétricas relações de visibilidade possibilitadas pela tecnologia da informação. In: CONPEDI/UNICURITIBA. (Org.). Direito e Novas Tecnologias. 1ed. Florianópolis: FUNJAB, 2013.

BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. A Ideia de Direito Social. O pluralismo jurídico de Georges Gurvitch. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 1997.

BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato02011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 12 jan. 2022.

BRASIL. Lei 13.709 de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial da União, 15 ago. 2018. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 02 mar. 2022.

CLAYTON, James. Frances Haugen: a ex-funcionária que denunciou Facebook ao Senado dos EUA. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-58801259. Acesso em 07 dez. 2021.

DARDOT, Pierre. LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. 1 ed. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.

ELLUL, Jacques. The Technological Society. New York: Vintage Books, Random House, 1964.

FERRAJOLI, L. Principia iuris: Teoria del diritto e della democrazia. Bari: Laterza, 2007.

FERRAJOLI, Luigi. Manifesto per l’uguaglianza. Bari-Roma: Laterza. 2018.

FRAZÃO, Ana. Reflexões sobre regulação jurídica da tecnologia. In: Vestígios do Futuro. 100 anos de Isaac Asimov. Coord André Ramos Tavares.

FRYDMAN, Benoit. O fim do Estado de Direito. Governar por standards e indicadores. Col. Estado & Constituição nº 17. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2018.

FRYDMAN. Benoit. Le management comme alternative à la procédure. Disponível em: https://www.google.com.br/#q=Le+management+comme+alternative+%C3%A0+la+proc%C3%A9dure. Acesso em 28 de setembro de 2016.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

HOFFMANN-RIEM, Wolfgang. Autorregulação, autorregulamentação e autorregulação regulamentada no contexto digital. Revista AJURIS. V. 46. N. 146. Junho de 2019.

KAPLAN, Jerry. Humans need not apply. A guide to wealth in the Age of Artifical Intelligence. Yale University Press. 2015.

KRAUZE, Enrique. In: Por un liberalismo tecnológico. Prefácio à obra Ciberleviatán: El colapso de la democracia liberal frente a la revolución digital. Lassalle, José María. Barcelona: Arpa.

LASSALLE, José María. Ciberleviatán: El colapso de la democracia liberal frente a la revolución digital. Barcelona: Arpa Editores, 2019.

MARCUSE, Herbert. El hombre unidimensional. Ensayo sobre la ideología de la sociedad industrial avanzada. Barcelona: Editorial Planeta-De Agostini, 1993.

MARRAMAO, Giacomo. La delegittimazione politica nell’età contemporânea. Roma: Viella Editrice. 2017; MARRAMAO, Giacomo. Contro il potere. Roma: Bompiani. 2011.

MARSHALL, Leandro. A sociedade da hipercomunicação. São Paulo: Observatório da Imprensa. Edição nº 791. Publicado em 25/03/2014.

NEVES, A. Castanheira. O direito interrogado pelo tempo presente na perspectiva do futuro. In: AVELÃS NUNES, António José; COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (Orgs.). O Direito e o Futuro, O Futuro do Direito. Coimbra: Almedina. 2008. p. 81.

O’NEIL. Cathy. Algoritmos de destruição em massa: como o big data aumenta a desigualdade e ameaça à democracia. 1 ed. São Paulo: Editora Rua do Sabão, 2020.

RODOTÀ, S. Il mondo nella rete: Quali i diritti, quali i vincoli. Roma: Laterza / la Repubblica, 2014. Kindle Edition. 1307 pos.

SADIN, Éric. La Vie Algorithmique. Critique de la raison numérique. Paris: Échappée. 2015.

SADIN, Éric. La siliconización del mundo. La irresistible expansión del liberalismo digital. Tradução: Margarita Martínez. Buenos Aires: Caja Negra, 2018, p. 108; SADIN, Éric. La silicolonisation du monde. Paris: Échapée. 2017.

SADIN, Éric. L’humanité augmentée. L’administration numérique du monde. Paris: Échappée. 2013.

UNITED STATES, House Of Representatives. Investigation of competition in digital markets: Majority Staff Report and Recomendations. SUBCOMMITTEE ON ANTITRUST, COMMERCIAL AND ADMINISTRATIVE LAW. 2020.

VARÓN, Paloma. “Racismo algorítmico”: pesquisador mostra como os algoritmos podem discriminar. Disponível em: https://www.rfi.fr/br/brasil/20190806-racismo-algoritmico-pesquisador-mostra-como-os-algoritmos-podem-discriminar. Acesso em 07 dez. 2021.

VESTING, Thomas. A mudança da esfera pública pela inteligência artificial. In: ABBOUD, Geoges; NERY JR, Nelson; CAMPOS, Ricardo. Fake News e Regulação. Col. Direito e Estado em Transformação. N. 1. São Paulo: Thomson Reuters Brasil. 2018.

ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. 1 ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604.2022.v18i1.4690

Apontamentos

  • Não há apontamentos.