O Antropoceno como objeto da História Ambiental e do Direito Ambiental: de era geológica a saber integrador
Resumo
A preocupação com a História e com o Direito Ambiental surgiu após as mudanças advindas da Revolução Industrial e da globalização do capitalismo, que expandiram as fronteiras do comércio, da fabricação de produtos e da prestação de serviços. Os efeitos das intervenções humanas na natureza tornaram-se tema central para a política e o Direito a partir do final do século XX. No presente artigo, aborda-se o tema do reconhecimento do Antropoceno pelas ciências, sob a ótica da história ambiental. O objetivo é discutir o papel das ciências sociais no reconhecimento do período Antropoceno e no enfrentamento dos desafios trazidos por este período. O texto é redigido na forma de ensaio, cotejando temas como o Antropoceno, história ambiental, história do direito ambiental e do conceito de risco. Conclui-se pela necessidade de uma abordagem integrativa, para além da abordagem estritamente geológica, para conceptualização do Antropoceno e para a formulação de estratégias políticas voltadas ao enfrentamento dos desafios por ele trazidos.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ACOSTA, Virgínia García. El Riesgo como construcción social y La construcción social de riesgos. Desacatos, n. 19, pp. 11-24, Centro de Investigaciones y Estudios en Antropologia Social, Mexico, sep./dic. 2005.
AUSTIN, Whitney J. HOLBROOK, John M. Is the Anthropocene an issue of stratigraphy or pop culture? The Geological Society of America - GSA Today, v. 22, n. 7, jul. 2012. Doi: https://doi.org/10.1130/G153GW.1
ARRUDA, Gilmar. Historia de ríos: ¿Historia ambiental? Signos Históricos, n. 16, pp.16-44, jul.-dic. 2006.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 set. 2020
BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 29 set. 2020.
BONNEUIL, Christophe; FRESSOZ, Jean-Baptiste. The Shock of the Anthropocene. The Earth, History and us. Translated by David Fernbach. London: Verso, 2017.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.
CROSBY, Alfred W. Imperialismo ecológico. A expansão biológica da Europa 900-1900. São Paulo: Companhia da Letras, 2011.
DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O AMBIENTE HUMANO (1972). Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html. Acesso em: 29 set. 2020
DESCARTES, René. Discurso do método/Meditações/Objeções e Respostas/As paixões da alma/Cartas. Tradução J. Guinsbourg e Bento Prado Jr., 3 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
DIRZO, R. et al. Defaunation in the Anthropocene. Science, v. 345, n. 6195, pp. 401-406, 25 jul. 2014. American Association for the Advancement of Science (AAAS). DOI: https://doi.org/10.1126/science.1251817
DOUGLAS, Mary. Risk and Culture. Berkeley; Los Angeles: University of California Press, 1982.
DRUMMOND, José Augusto. A história ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisa. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, pp. 171-197, 1991. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2319. Acesso em: 10 maio. 2012.
FELIPE, José Mauriene Araújo. Matrizes históricas do ambientalismo: da relação (ambígua) do homem com a natureza ao nascimento da História Ambiental. In: FELIPE, José Mauriene Araújo; FAGUNDES, Damião Amiti; VIEIRA, Vera Lúcia de Souza (Orgs). História, meio ambiente e educação ambiental: contextos e desafios. Visconde do Rio Branco-MG: Editora Suprema, 2012, pp. 33-52.
FINNEY, Stanley C.; EDWARDS, Lucy E. The “Anthropocene” epoch: Scientific decision or political statement? The Geological Society of America - GSA Today, v. 26, pp. 4-10, mar-abr. 2016. doi: https://doi.org/10.1130/GSATG270A.1
GUIVANT, Julia S. A trajetória das análises de risco: da periferia ao centro da teoria social. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais (BIB), Rio de Janeiro, nº 46, pp. 13-37, 1998.
HEAD, Lesley. Hope and Grief in the Anthropocene: Re-conceptualizing human-nature relations. London: Routledge, 2016.
ICS - International Commission on Stratigraphy. Disponível em: https://stratigraphy.org/. Acesso em 20 fev. 2023.
IGBP - International Geosphere-Biosphere Programme. Disponível em http://www.igbp.net/. Acesso em 20 fev. 2023.
ISC – International Science Council. Disponível em https://council.science/about-us/. Acesso em 20 fev 2023.
JASANOFF, Sheila. Direito. In: JAMIESON, Dale (Coord.). Manual de filosofia do ambiente. Trad. de João C. Duarte. Lisboa: Instituto Piaget, 2005. pp. 352-353.
KOLBERT, Elizabeth. The sixth Extintion. New York: Picador, 2014.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
LATOUR, Bruno. Ciência em ação. Tradução de Ivone C. Benedetti. São Paulo: UNESP, 2000.
LEFF, Enrique. Vetas y vertientes de la historia ambiental latinoamericana: una nota metodológica y epistemológica. Varia Historia, v. 21, n. 22, pp. 17–31, 2005. https://doi.org/10.1590/s0104-87752005000100002
LEFF. Henrique. Racionalidade Ambiental: a reapropriação social da natureza. Tradução de Luís Carlos Cabral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LEWIS, L. Simon; MASLIN, Mark A. The Human planet: How we created the Anthropocene. New Haven/London: Yale University Press, 2018.
LOSADA, Janaina Zito. Historiografia brasileira e meio ambiente: as contribuições de Sérgio Buarque de Holanda e o debate contemporâneo da história ambiental. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.23, n.3, pp.653-668, jul.-set. 2016.
LUZ, Luziane Mesquita da.; MARÇAL, Mônica dos Santos. A perspectiva geográfica do antropoceno. Revista de Geografia (Recife), v. 33, nº 2, pp. 143-160, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/229251/23620. Acesso em 14 fev. 2023
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
MALINVERNI, Clóvis Eduardo; GRAZIANO, Sério. O Direito ao Ambiente como Direito Humano: Comentário sobre o Discurso Acadêmico. In: PRONER, C. et al. 70º aniversario de la declaración universal de derechos humanos: La Protección Internacional de los Derechos Humanos en cuestión. Valencio: Tirant Lo Blanch, 2018.
MIRANDA, Giuliana. Últimos 8 anos foram os mais quentes já registrados. Folha de São Paulo, 10 jan. 2023.
MIRES, Fernando. O discurso da natureza: ecologia e política na América Latina. Organização e tradução Vicente Rosa Alves. Florianópolis, Ed. da UFSC; Bernúncia Editora, 2012.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.
NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados, v. 26, n. 74, pp. 51–64, 2012. http://doi.org/10.1590/s0103-40142012000100005
ODUM, Eugene P.; GARRET Gary W. Fundamentos de Ecologia. Tradução Pégasus Sistemas e Soluções. Revisão Técnica Gisela Yuka Shimizu. São Paulo: Thompson Learning, 2002.
OST, François. A natureza à margem da lei: a ecologia à prova do direito. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.
PÁDUA, José Augusto. As bases teóricas da história ambiental. Estudos Avançados. v. 24, n. 68, 2010. pp.81–101. doi: https://doi.org/10.1590/s0103-40142010000100009
SANTIN, Janaína Rigo. Estado, Constituição e Administração Pública no Século XXI: novos desafios da cidadania e do Poder Local. Belo Horizonte: Arraes, 2017
TER-STEPANIAN, G. Beginning of the Technogene. Bulletin Of the International Association of Engineering geology, nº 38. Paris, 1988, pp. 133-142. https://doi.org/10.1007/BF02590457
UEXKÜLL, Thure Von. A teoria da Umwelt de Jakob von Uexküll. Galáxia. n. 7, abr 2004, pp. 19-48. Disponível em https://revistas.pucsp.br/galaxia/article/view/1369. Acesso em: 19 fev. 2023.
WHITEHEAD, Mark. Environmental Transformations: A geography of the Anthropocene. London: Routledge, 2014.
DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604.2023.v19i3.4876
Apontamentos
- Não há apontamentos.

