Fins do princípio do poluidor-pagador

Heron José de Santana Gordilho, Paulo Roberto Lyrio Pimenta

Resumo


O artigo versa sobre os fins do princípio do poluidor-pagador. Surgido há mais de quatro décadas, por meio de uma Recomendação do Conselho da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esse princípio teve o seu âmbito de aplicação ampliado, o que gerou uma confusão na doutrina quanto ao seu verdadeiro significado. O princípio apareceu como uma fórmula para atribuir ao poluidor os custos realizados pelo Estado na adoção de medidas de prevenção à degradação ambiental, evitando-se, destarte, que tais custos fossem imputados a toda coletividade. A posterior utilização do princípio para reparar os gastos oriundos do dano ambiental, levou parte da doutrina a reduzi-lo a um mero princípio de atribuição de responsabilidade ambiental. Essa postura representa um grave equívoco, que não se coaduna com a regulamentação constitucional do princípio, conferida pela Constituição Federal de 1988. Ao final do estudo, realizado tendo como marco teórico a doutrina alemã, será estabelecido como fim principal do princípio a prevenção da degradação ambiental, sendo a finalidade reparatória acessória, sem apresentar, todavia, natureza sancionatória. Este é um trabalho de pesquisa bibliográfica, realizada pelo método dedutivo.


Palavras-chave


Princípio; Poluidor-Pagador; Fins

Texto completo:

PDF HTML

Referências


ADAMS, Michael. Das “Verursacherprinzip” als Leerformel. Juristiche Zeitung.Tübingen, nº 17, 1989. p. 787-789.

ARAGÃO, Alexandra. O Direito Constitucional do Ambiente na União Européia. In: CANOTILHO, J.J. Gomes; LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 32-76.

ARAGÃO, Alexandra. O princípio do poluidor pagador: pedra angular da política comunitária do ambiente. São Paulo, Ed. Planeta Verde, 2014.

AYALA, José Luiz Pérez; AYALA, López de. Consideraciones jurídicas. El principio “quien contamina paga”, como principio de Justicia del Tributo. In: MOLINA, Pedro Manuel Herrrera; STERLING, Ana Yabar. La Protección Fiscal Del Medio ambiente. Madrid/Barcelona: Marcial Pons, 2002. p. 143-155.

BARBOSA, Rangel; OLIVEIRA, Patrícia. O Princípio do Poluidor-Pagador no Protocolo de Quioto. Revista de Direito Ambiental. São Paulo, nº 44, p. 113-132, 2006.

BENDER, Bernd; SPARWASSER, Reinhard; ENGEL, Rüdiger. Umweltrecht, 3.ed. Heidelberg: C.F. Müller, 1995.

CARNEIRO, Ricardo. Direito Ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro, Forense, 2001. p. 60.

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico, 3.ed. São Paulo, Saraiva, 2008.

FLOCKERMAN, Paul G. Stellenwert des Umweltschutzes im Rahmen der Steuerpolitik. Deutsche Steuerjuristische Gesellschaft – DStJG. Köln, nº 15, 1993. p. 67-86.

HANSJÜRGENS, Bernd. Umweltabgaben im Steuersystem. Baden-Baden: Nomos, 1992.

KLOEPFER, Michael. Umweltrecht. 3.ed. München: Beck, 2004.

KLOEPFER, Michael. Umweltschutz durch Abgaben. Die Öfftenliche Verwaltung. Stuttgart, nº 17, 1975. p. 593-598.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 19.ed. São Paulo: Maleiros, 2011.

MOLINA, Pedro Manuel Herrera. Derecho Tributario Ambiental. Madrid: Marcial Pons, 2000.

MESSERSCHMIDT, Klaus. Umwetlabgaben als Rechtproblem. Berlin: Duncker & Humbolt, 1986.

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 7.ed. São Paulo: RT, 2001.

NUSDEO, Fábio. Curso de Economia. 6.ed, São Paulo, RT, 2010

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT – OECD.Recommendation of the Council on Guiding Principles concerning International Economic Aspects of Environmental Policies. 26 May 1972 – C (72) 128. Disponível em: < http://acts.oecd.org >. Acesso em: 09 fev. 2017.

SCHMIDT, Reiner. Umweltrecht. München: Beck, 2010.

VIDONHO JÚNIOR, Amadeu dos Anjos; VIDONHO, Márcia Nazaré Ribeiro dos Santos. As Externalidades e o Princípio do Poluidor Pagador no Direito Ambiental. Revista da Procuradoria Geral do Estado do Pará. Belém, nº 12;13, 2005. p. 109-130.

WICKE, Lutz. Umweltökonomie. 4.ed. München: Franz Valen, 1993.

WIESMETH, Hans. Umweltökonomie. Berlin: Springer, 2003.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604.2018.v14i1.2080

Apontamentos

  • Não há apontamentos.