Apreciação crítica da noção de valor na teoria tridimensional do direito de Miguel Reale / Critical appreciation of the value`s notion in Miguel Reale`s three-dimensional theory of law

Luana Paixão Dantas do Rosário, Carlos Roberto Guimarães, Iago Moura-Melo, Ricardo Afonso-Rocha

Resumo


Resumo: O presente estudo aprecia criticamente a noção de valor presente na Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale. Busca analisar, com base na fenomenologia hermenêutica desenvolvida por Martin Heidegger em Ser e Tempo (Sein und Zeit), se há consistência teorética na síntese de Reale entre o personalismo e historicismo, entre as doutrinas husserleana e kantiana, a partir das quais fundamenta o que denomina “invariantes axiológicas”. Para tanto, apresenta a noção de valor realeana enquanto síntese a priori que possibilita a compreensão do ente pela correlação ontognoseológica entre sujeito-objeto e que se constitui como cultura pela objetivação da intencionalidade da consciência nos processos históricos. Pretende, assim, sugerir que ao fazer este movimento, Reale não supera as tradições kantiana e husserleana, como afirma superar, além de, também, não se manter estritamente fiel a tais tradições filosóficas.

 

Palavras Chave: Fenomenologia. Axiologia. Ontognoseologia.

 

Abstract: This paper critical of the notion of value Theory of Three-Dimensional Law of Miguel Reale. Seeks to analyze, based on hermeneutic phenomenology developed by Martin Heidegger in Sein und Zeit, if there are theoretical consistency in Reale synthesis between personalism and historicism, between the doctrines of Husserl and Kant, from which underlies styling "axiological invariants." It presents the notion Reale value as a priori synthesis, which enables the understanding of the correlation being ontic gnoseological between subject and object that is as culture to the objectification of consciousness of intentionality in the historical processes. Thus seeks to suggest that by doing this move, Reale does not exceed the traditions of Kant and Husserl, as stated overcome, and not to remain strictly faithful to such philosophical traditions.

 

Keywords: Phenomenology. Axiology. Ontognoseology.


Palavras-chave


Fenomenologia. Axiologia. Ontognoseologia. Teoria Tridimensional do Direito. Invariantes Axiológicas.

Texto completo:

PDF HTML

Referências


ARENDT, Hannah. O Interesse pela Política no Pensamento Europeu Recente. Disponível em: http://www.oquenosfazpensar.com/adm/uploads/artigo/o_interesse_pela_politica_no_pensamento_filosofico_europeu_recente/n3hannah.pdf Acesso em: 24 fev. 2016.

BITTAR, Eduardo. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática da monografia para os cursos de direito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2005

CHAUI, M. Convite a filosofia. 10.ed. São Paulo: Ática, 2000.

COELHO, Luiz Fernando. Crítica do direito e criticismo ontognoseológico (em homenagem a Miguel Reale). Seqüência: Estudos Jurídicos e Políticos. Florianópolis, p. 120-132, jan. 1981. ISSN 2177-7055. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/17238 Acesso em: 23 fev. 2016.

FEYERABEND, Paul. Contra o método. [S.l.] Relógio D’Água; Ciência, 2007.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

GHIRALDELLI JÚNIOR, P. A Aventura da Filosofia: de Parmênides a Nietzche. São Paulo: Manole, 2010.

HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. 8. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2012.

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Partes I e II, tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002.

HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade européia e a fenomenologia transcendental. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

HUSSERL, Edmund. Meditações cartesianas: introdução à fenomenologia. São Paulo: Madras, 2001.

KANT, I. Prolegómenos a toda a metafísica futura: que queira apresentar-se como ciência. Lisboa: Edições 70, (19??).

KANT, I. Critica da razão pratica. Rio de Janeiro: Livraria Martins Fontes, 1984.

KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: abril Cultural, 1980.

KANT, I. Fundamentação da metafisica dos costumes. Lisboa: Edições 70, (19- -), p. 68.

OLSON, R. Introdução ao existencialismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1970.

REALE, Miguel. Invariantes axiológicas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 5, n. 13, p. 131-144, dec. 1991. ISSN 1806-9592. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8625 Acesso em: 25 feb. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40141991000300008.

REALE, Miguel. Filosofia do direito. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

REALE, Miguel. Introdução à filosofia. 4. ed São Paulo: Saraiva, 2002.

REALE, Miguel. O direito como experiência: introdução à epistemologia jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1992.

REALE, Miguel. Teoria tridimensional do direito. 5. ed. rev. e reestruturada. São Paulo: Saraiva, 1994.

SCHELER, Max. Ética: nuevo ensayo de fundamentación de un personalismo ético. Traducción de Hilario Rodríguez Sanz. Madrid: Caparrós Editores, 2001. (Colección Esprit).

SEIBT, Cezar. Elementos da crítica do jovem Heidegger a Kant e Husserl. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences. 2011. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307325341004 Acesso em: 23 fev. 2016.

STRAWSON, P. Análise e metafísica: uma introdução à filosofia. São Paulo: Discurso Editorial, 1992.

WARAT, Luiz Roberto. A pureza do poder: uma análise crítica da teoria jurídica. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1983.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v12n2p180-192

Apontamentos

  • Não há apontamentos.