Sistema de proteção à infância em casos de crianças envolvidas em processo crime por violência doméstica

Jorge Trindade, Ana Isabel Sani

Resumo


Para propor sugestões ao Sistema de Proteção à Infância em casos de crianças envolvidas em processo crime por violência doméstica, foi realizado um estudo com delineamento descritivo qualitativo e realizadas entrevistas com seis (6) participantes que atuam com o Sistema de Proteção à Infância, no Brasil, sendo 01 médico psiquiatra, com experiência forense; 01 advogado de crianças e adolescentes, 01 Juiz de Direito e 03 magistrados do Ministério Público, todos em atividade na área da infância e juventude. As respostas foram organizadas por categorias e sua análise converge para a necessidade de qualificação do corpo técnico e dos magistrados para realizarem a tarefa de ouvir a criança vítima e/ou testemunha envolvida em processo crime de violência doméstica; para a necessidade de uma equipe multidisciplinar e interprofissional; para a necessidade do estabelecimento do modelo de uma escuta única e definitiva para todo o processo; para a necessidade da realização de acompanhamento psicológico e social à criança; e para a necessidade de um olhar atento para evitar a revitimização.

Texto completo:

PDF

Referências


ALBERTO, I. M. M. (2010). Maltrato e trauma na infância. Coimbra: Almedina.

AZAMBUJA, M. P. R. (2005). Violência doméstica: reflexões sobre o agir profissional. Psicologia: Ciência e Profissão, 25, (1), 4-13.

AZAMBUJA, M. R. F. (1999). O caminho percorrido pela criança-vítima. In: Rio Grande do Sul. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Violência doméstica. (pp. 118-124). Porto Alegre: AMENCAR.

AZAMBUJA, M. R. F. (2006). Violência sexual intrafamiliar: é possível proteger a criança? Revista Virtual Textos & Contextos, ano 5, (5), 1-19. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2012.

AZAMBUJA, M. R. F. (2007). A criança vítima de violência sexual intrafamiliar: como operacionalizar as visitas? In: M. B. Dias (Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver(pp. 187-207). São Paulo: Revista dos Tribunais.

AZAMBUJA, M. R. F. (2008). A criança, o adolescente e a lei: aspectos históricos, a infância como prioridade e os direitos da criança. Estado do Rio Grande do Sul. Ministério Público. Disponível em: . Acesso em: 02 abr. 2012.

BITENCOURT, L. P. (2009). Vitimização Secundária Infanto-Juvenil e Violência Sexual Intrafamiliar. Por uma Política Pública de Redução de Danos. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça (2010). Disponível em: . Acesso em: 18 jun. 2012.

BRASIL. Justiça Federal (2010). Mandado de Segurança nº 5017910-94.2010.404.7100 - Sentença. Disponível em: < http:// pfdc.pgr .mpf.gov.br /te mas-de-atuacao/crianca-e-adolescente/depoimento-especial/decisoes-judicia is/sentenca-trf4-MS50179109420104047100> Acesso em: 08 abr. de 2012.

BRASIL. Presidência da República (1941). Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941, dispõe sobre o Código de Processo Penal. Disponível em: Acesso em: 06 abr. de 2012.

BRASIL. Presidência da República (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: Acesso em: 06 abr. de 2012.

BRASIL. Presidência da República (1998). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Acesso: 08 abr. 2012.

BRASIL. Presidência da República (2006). Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal. Disponível em: . Acesso: 08 abr. 2012.

BRASIL. Presidência da República (2010). Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a Alienação Parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: Acessado em: 08 abr. de 2012.

BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos (2008). Depoimento Sem Medo: culturas e práticas não-revitimizantes. Uma cartografia das experiências de tomada de depoimento especial de crianças e adolescentes. São Paulo: Childhood Brasil (Instituto WCF – Brasil).

BRASIL. Senado (2010). Comissão de Juristas responsável pela elaboração de Anteprojeto de Reforma do Código de Processo Penal. Brasília: Senado Federal. Disponível em: Acesso em: 05 abr. de 2012.

CEZAR, J. A. D. (2007a). Depoimento sem dano: uma alternativa para inquirir crianças e adolescentes nos processos judiciais. Porto Alegre: Livraria do Advogado.

CEZAR, J. A. D. (2007b). A inquirição de crianças vítimas de abuso sexual em juízo. In: Maria Berenice Dias (Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver (pp.169-184). São Paulo: Revista dos Tribunais.

DAY, V. P.; TELLES, L. E. de B.; ZORATTO, P. H.; AZAMBUJA, M. R. F.; Machado, D. A.; SILVEIRA, M. B.; DEBIAGGI, M.; REIS, M. da G.; CARDOSO, R. G.; BLANK, B. (2003). Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista de Psiquiatria – SPRS, 25 (1), abril.

DOBKE, V. (2001). Abuso sexual: a inquirição da criança, uma abordagem interdisciplinar. Porto Alegre: Ricardo Lenz.

EDLESON, J. L. (s/d). Emerging Responses to Children Exposed to Domestic Violence National Resource Center on Domestic Violence (p.01). Disponível em: Acesso em: 06 abr. de 2012.

FRONER, J. P. (2008) A escuta da criança vítima de abuso sexual intrafamiliar na perspectiva de profissionais da área da saúde e operadores do direito. Dissertação (Mestrado em Psicologia) -- Programa de Pós-Graduação em Psicologia, UNISINOS, São Leopoldo, RS/Brasil, 2008. Disponível em: < http://bdtd.unisinos.br/tde_arquivos/14/TDE-2008-10-20T104652Z-602/ Publico /Janaina%20Froner.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012.

FRONER, J. P., & RAMIRES, V. R. R. (2008). Escuta de crianças vítimas de abuso sexual no âmbito jurídico: uma revisão crítica da literatura. Paidéia: pesquisas teóricas, 18, (40), 267-278.

GARRIDO, E. M; MASIP, J. & HERRERO, C. (Coords.) (2006). Psicología Jurídica. Madrid: Pearson Educación.

GARRIDO, E. M. & HERRERO, C. (2006). El testimonio infantil. In: E. Garrido; J. Masip, & C. Herrero. Psicología Jurídica (pp. 427-467). Madrid: Pearson Educación.

GHETTI, S.; ALEXANDER, K. W., & GOODMAN, G. S.(2002). Legal involvement in child sexual abuse cases: consequences and interventions. International Journal of Law and Psychiatry. Montréal: Pergamon, 25 (3) 235-251.

GOODMAN, G. S.; OGLE, C. M.; TROXEL, N.; LAWLER, M. J. & CORDON, (2008). Crianças vítimas no sistema judiciário: como garantir a precisão do testemunho e evitar a revitimização. In: Brasil, Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Depoimento Sem Medo: culturas e práticas não-revitimizantes. Uma cartografia das experiências de tomada de depoimento especial de crianças e adolescentes (pp. 21-32). São Paulo: Childhood Brasil (Instituto WCF – Brasil).

HABIGZANG, L. F.; KOLLER, S. H.; AZEVEDO, G. A. & MACHADO, P. X. (2005). Abuso sexual infantil e dinâmica familiar: aspectos observados em processos jurídicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21(3), 341-348.

HABIGZANG, L. F.; CORTE, F. D.; HATZENBERGER, R. ; STROEHER, F.; KOLLER, S. H. (2006). Fatores de risco e proteção na rede de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (3), 379-386.

International Journal of Law and Psychiatry (2002). Special Issue: Children in the Forensic System. Montréal: Pergamon. 25 (3), May-June.

LEMON, N. K. D. (1999). The legal system's response to children exposed to domestic violence. The Future of Children, 9, 67-83. Disponível em: Acesso em: 05 abr. de 2012.

MATHEWS, M. A. (1999). The impact of federal and state laws on children exposed to domestic violence. The Future of Children, 9, 50-66. Disponível em: . Acesso em: 05 abr. 2012.

PFEIFFER, L., & SALVAGNI, E. P. (2005). Visão atual do abuso sexual na infância e adolescência. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 81, (5), 197-204.

PORTUGAL, Diário da República (2007). Lei n.º 59/2007, publicada no Diário da República (1.ª Série), em 04 de Setembro de 2007, dispões sobre o Código Penal Português. Disponível em: . Acesso em: 08 abr. 2012.

POTTER, L., & Colaboradores (2010). Depoimento Sem Dano: por uma política criminal de redução de danos. Rio de Janeiro: Lumen Juris.

RAMIRES, V. R., & Rodrigues, M. A. (2003). As transições familiares e o melhor interesse da criança: as perspectivas do direito e da psicologia. Estudos Jurídicos, 36, (97), 211-242.

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (2006). Mandado de Segurança nº. 70.013.748.959. Projeto ‘Depoimento Sem Dano’ - Acórdão. Disponível em: Acesso em: 08 abr. de 2012.

SANI, A. I. (2006). Vitimação indirecta de crianças em contexto familiar. Análise Social, vol. XLI (180), 849-864.

SANI, A. I. (2012). Violência interparental: A vitimização indirecta de crianças. In: SANI, A. I. (Coord). Temas de Vitimologia. Coimbra: Almedina.

STEIN, L. M. & Colaboradores (2010). Falsas Memórias: fundamentos científicos e suas aplicações clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed.

THOUVENIN, C. (1997). A palavra da criança: do íntimo ao social. Problema do testemunho e da retratação. In: M. GABEL (Org.) Crianças vítimas de abuso sexual (pp. 91-102). Trad. Sonia Goldfeder. São Paulo: Summus.

TRINDADE, J. (2007). Síndrome de alienação parental (SAP). In: M. B. Dias (Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver (p. 101-111). São Paulo: Revista dos Tribunais.

WELTER, C. L. W., & FEIX, L. F. (2010). Falsas memórias, sugestionabilidade e testemunho infantil. In: L. M. STEIN & Colaboradores. Falsas Memórias: fundamentos científicos e suas aplicações clínicas e jurídicas (pp. 157-185). Porto Alegre: Artmed.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v9n2p130-164

Apontamentos

  • Não há apontamentos.