1864

Estrutura social e empreendedorismo religioso: uma associação teórica social

Structure and Religious Entrepreneurship: A Theoretical Association

Victor Silva Corrêa(1); Glaucia Maria Vasconcellos Vale(2)

1 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG), Belo Horizonte, MG, Brasil.
E-mail: [email protected]

2 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG), Belo Horizonte, MG, Brasil.
E-mail: [email protected]

Resumo

Conquanto a temática sobre redes sociais tenha atraído, nas últimas décadas, crescente atenção da academia, uma de suas possíveis vertentes, associada ao acoplamento e desacoplamento das estruturas relacionais, em particular, não tem, até o momento, recebido o impulso necessário por parte da academia. Este trabalho, de natureza teórica, insere-se justamente neste contexto. Para isso, apropria das proposições de Granovetter sobre vinculação social de empreendedores étnicos, e associa-as às reflexões de Weber sobre atividades empresariais derivadas de motivações religiosas. Propõe, deste cotejo, abordagem teórica inédita aos conceitos de acoplamento e desacoplamento sociais. Ela pode ser considerada capaz de ampliara atual compreensão de certas dimensões relativas ao empreendedorismo religioso presente no país.

Palavras-chave: Acoplamento Social. Desacoplamento Social. Religião. Empreendedorismo Religioso.

Abstract

Although the theme of social networks has attracted growing attention in the last decades of the academy, one of its possible aspects, that associated to the coupling and decoupling of relational structures, in particular, has not yet received the necessary impetus on the part of Academy. This work, of an essentially theoretical nature, is inserted in this context. To this end, it appropriates Granovetter’s propositions on the social linkage of ethnic entrepreneurs, and at the same time associates them with Weber’s reflections on entrepreneurial activities derived from religious motives. It proposes, from this comparison, a theoretical approach unprecedented to the concepts of social coupling and decoupling. It may eventually be considered capable of broadening the current understanding of certain dimensions of religious entrepreneurship in the country.

Keywords: Social Engagement. Social Decoupling. Religion. Religious Entrepreneurship.

1 Introdução

Este ensaio tem o objetivo de avançar nas reflexões sobre acoplamento e desacoplamento social, analisando as implicações de sua ocorrência ao desenvolvimento empreendedor. Atualmente reservado a campo notadamente restrito das investigações sobre as redes sociais, tal tema, ainda pouco investigado pela academia brasileira, ganhou impulso, sobretudo, a partir das reflexões de Granovetter (2009) sobre o caso de chineses emigrantes que desenvolvem empreendimentos étnico-culturais. Tais empreendedores, argumenta Granovetter (2009), parecem particularmente capazes de obterem um atributo considerado fundamental às atividades bem-sucedidas: o adequado equilíbrio entre o acoplamento e o desacoplamento de suas estruturas relacionais.

O acoplamento refere-se, de maneira geral, aos arcabouços sociais que, formados por elementos identificados sob mesma coletividade, possibilitariam, exclusivamente aos seus membros, a geração e disponibilização do que Granovetter (2009) denomina de “solidariedade horizontal”; isto é, o desenvolvimento de confiança e de ajuda mútua de toda sorte, consideradas necessárias à construção de “empreendimentos maiores do que os (. . .) administrados por indivíduos ou famílias” (Granovetter, 2009, p. 247). Já o desacoplamento, por sua vez, relaciona-se aos agrupamentos que, constituídos por pessoas dotadas de certas características específicas, acabam se diferenciando em relação à população na qual se encontram imersos, distanciando-se. Este parcial alheamento, por sua vez, possibilitaria aos elementos de tais redes certa autonomia e capacidade de iniciativa, ao mesmo tempo em que desestimularia o surgimento da chamada “solidariedade descontrolada”. O termo alude às situações nas quais reivindicações de natureza não-econômica – oriundas, sobretudo, de pessoas externas aos grupos – solapam a racionalização e eficiência das iniciativas – empreendedoras ou não – desenvolvidas por seus integrantes.

Na essência das reflexões, é possível extrair a existência de algumas premissas consideradas por Granovetter fundamentais. A mais representativa delas relaciona-se, especificamente, à origem geográfica dos empreendedores. Argumenta o autor como os indivíduos devem se desvincular de sua comunidade nativa para, somente a partir daí, em outro país, poder, através das distinções étnico-culturais e de origem geográfica, obstruir, nas populações receptoras, o surgimento da solidariedade descontrolada. Note, neste aspecto, a relevância atribuída por Granovetter (2009) à necessidade de o indivíduo se transferir de seu país para poder obter adequado ajuste de seu acoplamento e desacoplamento sociais.

O presente trabalho, uma inovação no campo dos estudos sobre redes sociais, insere-se justamente neste contexto. Fundamentado nas reflexões de Granovetter (2009) sobre acoplamento e desacoplamento, associado, ao mesmo tempo, às proposições de Weber (1964a, 1964b, 1996) sobre características estruturais singulares das comunidades religiosas, edifica a concepção de um argumento complementar: a de que o deslocamento dos empreendedores não necessitaria ser de natureza fundamentalmente espacial/geográfica, conforme salientado por Granovetter (2009); ou seja, os indivíduos não precisariam, para obter adequado equilíbrio da estrutura social – considerado fundamental aos empreendimentos bem-sucedidos –, promover mudanças geográficas radicais. Modificações de natureza religiosa, dotadas de contiguidade locacional, poderiam ser suficientes.

Este trabalho está estruturado como segue: nas seções 2.1 e 2.2, detalham-se duas vertentes distintas derivadas das reflexões de Granovetter e de Weber sobre o comportamento empreendedor. Na seção 2.3, consolidam-se as proposições apresentadas e propõe-se, a partir daí, um novo e integrado modelo conceitual para análise das vinculações sociais. Finalmente, na terceira parte (seção 3), apresentam-se as principais conclusões do estudo.

2 Referencial Teórico

2.1 Estrutura Social Étnico-cultural: acoplamento e desacoplamento

Reflexões, ainda que incipientes, sobre o empreendedor como ator vinculado a redes de relacionamentos remontam a autores como Hirschman (1958) e Bohannan e Dalton (1968). Contudo, foi a partir dos trabalhos de Granovetter (1973, 1983, 1985, 1988, 1992a, 1992b, 2009), que as proposições sobre o tema ganharam importantes contribuições (Vale & Guimarães, 2010). Inserem-se, entre as concepções de Granovetter, aquelas relacionadas ao acoplamento e desacoplamento das estruturas relacionais, aqui de interesse particular. O acoplamento pode ser associado às estruturas que, formadas por indivíduos identificados sob mesma coletividade, possibilitam, somente entre seus membros, a geração e disponibilização do que o autor denomina de “solidariedade horizontal”. A solidariedade horizontal se refere ao desenvolvimento de confiança e de ajuda mútua de toda sorte, consideradas necessárias à construção de “empreendimentos maiores do que os (. . .) administrados por indivíduos ou famílias” (Granovetter, 2009, p. 247).

Já o desacoplamento, por sua vez, relaciona-se àqueles agrupamentos que, constituídos por pessoas dotadas de certas características exclusivas, acabam se diferenciando e se distanciando, parcialmente, em relação à população na qual encontram-se imersos. Tal alheamento, ainda que parcial, possibilitaria aos membros de tais redes alguns atributos fundamentais. Primeiro, uma autonomia nas tomadas de decisões. Segundo, o afastamento desestimularia o surgimento da chamada “solidariedade descontrolada”. O temo foi cunhado para ilustrar situações nas quais reivindicações de natureza não-econômica solapam a racionalização e eficiência das iniciativas – empreendedoras ou não – desenvolvidas por seus integrantes.

Salienta Granovetter (1992a, 1995, 2009) o caso de chineses emigrantes que desenvolvem, em diferentes países, atividades autônomas. Acoplados por pequenas redes alicerçadas por laços fortes de natureza socioeconômica, tais chineses se encontrariam, ao mesmo tempo, desacoplados parcialmente das comunidades receptoras. Isso porque, não compartilhariam com estas origens geográfica e étnicas análogas. Com isso, argumenta Granovetter (1995, 2009), os chineses emigrantes parecem particularmente capazes de obterem o adequado equilíbrio entre o acoplamento e o desacoplamento de suas estruturas relacionais, considerado fundamental às atividades empreendedoras ditas bem-sucedidas:

Com efeito, imersos em agrupamentos relativamente coesos fundamentados na etnia e origem geográfica comuns, os chineses emigrantes conseguem gerar, entre si, solidariedade horizontal. Ao mesmo tempo, devido ao fato de eles não identificarem, nas populações dos países receptores, homogeneidade étnico-cultural ou ascendência geográfica contígua, acabam desestimulando nestas o surgimento, ainda que ínfimo, de eventuais solicitações não econômicas. Isso para dizer que “tão importante quanto a intensidade da interação é o limite claramente definido a partir do qual tal intensidade e confiança caem acentuadamente” (Granovetter, 2009, p. 255). Essa fronteira é fundamental para criar e sustentar confiança relacional interna – necessária para estimular a solidariedade horizontal –, e, também, para conter ou abafar a extensão sob a qual as relações externas podem fazer exigências de natureza não econômica.

Note como, à princípio, empreendedores imersos em seus países de origem se demonstram capazes de obterem acesso facilitado a importantes recursos – tais como auxílio financeiro, ajuda mútua, apoio emocional, entre outros. Tais recursos seriam derivados do desenvolvimento da solidariedade horizontal com os demais empreendedores e com a comunidade imersa. Não obstante, o fato de os empreendedores se encontrarem fortemente acoplados à estrutura nativa implica-lhes, ao mesmo tempo, diferentes obstáculos impeditivos da racionalidade de seus empreendimentos.

Isso porque, os empreendedores podem sofrer com o excesso de solicitações e reivindicações não econômicas. Oriundas dos demais empreendedores e, também, dos amigos, familiares e conhecidos, elas impedem a eficiência econômica das organizações. Granovetter exemplifica o argumento quando elucida o caso de empreendedores chineses na própria China. Nesta situação, salienta o autor, eles “podem sofrer excessivas reivindicações” (Granovetter, 2009, p. 258, grifo nosso), mesmo se a cultura local eventualmente não estimular tal comportamento.

Na essência destas reflexões, é possível extrair a existência de algumas premissas consideradas por Granovetter fundamentais. A primeira é a de que o excessivo acoplamento dos indivíduos às suas comunidades de origem pode, devido ao surgimento de reivindicações descontroladas, impactar negativamente o desenvolvimento de suas ações empresariais. A segunda proposição decorre da anterior. Sustenta a ideia de que a atividade empreendedora bem-sucedida exige relativo grau de fragmentação social. Tal fragmentação, argumenta Granovetter (2009), deve ser delimitada, fundamentalmente, por distinções étnico-culturais e de origem geográfica. A terceira, por sua vez, alude à constatação de que os empreendedores imigrantes possuem vantagens sobre os nativos em desfrutar, de maneira facilitada, de benefícios derivados do adequado equilíbrio entre o acoplamento e o desacoplamento de suas estruturas sociais.

Mas, há algo mais aí, chamando a atenção, ainda, para quarta observação de relevância para o autor. De acordo com Granovetter (1995, 2009), o empreendedor deve se desacoplar de sua comunidade nativa para, somente a partir daí, em outro país, poder, através das distinções étnico-culturais e de origem geográfica, obstruir, nas populações receptoras, o surgimento da solidariedade descontrolada. Note, neste aspecto, a relevância recursiva atribuída por Granovetter (1995, 2009) à necessidade de o indivíduo se transferir de seu país para obter ajuste considerado apropriado do acoplamento e desacoplamento de seu arcabouço social. Segundo palavras do próprio autor: os “imigrantes têm uma vantagem sobre os nativos em alcançar o equilíbrio correto entre o de acoplamento e desacoplamento” (Granovetter, 2009, p. 258).

As principais reflexões de Granovetter sobre a temática do acoplamento e desacoplamento seguem condensadas a seguir:

    a. o adequado ajuste entre o acoplamento e o desacoplamento das estruturas sociais depende que a atividade empreendedora seja realizada por um conjunto coeso de indivíduos identificados por mesma coletividade, sendo esta delimitada através da combinação de dois fatores: etnia e origem geográfica comum;

    b. grupos de empreendedores emigrantes possuem vantagens sobre os nativos em alcançar equilíbrio correto entre acoplamento e desacoplamento;

    c. o nível apropriado de acoplamento proporciona o desenvolvimento da solidariedade horizontal;

    d. o nível apropriado de desacoplamento desestimula o surgimento da solidariedade descontrolada;

    e. por não identificarem nas populações dos países estrangeiros uniformidade, grupos de empreendedores emigrantes conseguem impedir nelas o surgimento de solicitações excessivas;

    f. empreendedores necessitam se desacoplar de sua comunidade de origem (familiares, amigos próximos, conhecidos) para se libertar das reivindicações excessivas;

    g. somente quando emigram os empreendedores conseguem solapar a solidariedade descontrolada e embutir eficiência econômica às suas organizações.

As reflexões contemporâneas de Granovetter aparentam demonstrar similitudes teóricas, ainda hoje não identificadas, com proposições clássicas associadas ao estudo do sociológico alemão Max Weber (1964a, 1964b, 1996 [1905]). O autor publicou, em 1905, o livro mais famoso e controvertido (Baechler, 1995; Bendix, 1986a; Freund, 1983, 1987; Schluchter, 1999; Sell, 2004) do conjunto de sua obra: A ética protestante e o espírito do capitalismo (EPEC).

2.2 Estrutura Social Religiosa: atrelamento e desvinculação

Em EPEC, Weber demonstrou como os ensinamentos religiosos puritanos originários dos séculos XVI e XVII estimularam entre os fiéis a adoção de uma conduta socioeconômica diretamente responsáveis por diferentes implicações. Duas delas são de particular importância para o presente trabalho. A primeira se relaciona ao desempenho dos fiéis no segmento profissional.

As doutrinas puritanas argumentou Weber ([1905] 1996), passaram, sobretudo a partir do século XVI, por significativas modificações responsáveis por, em última instância, resultar na elaboração de novas premissas religiosas. Uma das mais representativas delas se referiu à associação direta realizada pelos pastores da época entre desempenho profissional e salvação divina. A partir dela, seguidores religiosos passaram a atribuir ao sucesso obtido nas atividades profissionais – dentre elas as empreendedoras –, um sinal claro de que Deus os escolhera à vida eterna. “Hoje, nos parece um tanto difícil compreender por que essa questão preocupou tanto as pessoas. Mas, trata-se de um acontecimento histórico: os homens queriam saber quais eram as possibilidades de eles se salvarem” (Schluchter, 1999, p. 129). Para isso, adotaram um ethos de planejamento e de busca racionalizada pelo sucesso profissional e lucro econômico (Sell, 2004).

Já a segunda implicação, relacional, encontra-se associada à primeira e se refere às seitas religiosas, compreendidas pelos fieis como a estrutura adequada para assegurar entre eles o cumprimento dos comportamentos considerados adequados. Responsáveis por reunir os cristãos imbricados sob mesmo estilo de vida e por, ao mesmo tempo, excluir os não-crentes das interações sociais de seus grupos (Bendix, 1986a; Sell, 2004; Weber, 1996 [1905]), as seitas puritanas desempenharam um dos mais importantes e poderosos instrumentos de controle social dos fiéis. Isto é, as seitas “haviam sido um caso especial de associação voluntária entre pessoas que compartilhavam mesmo estilo de vida e que desejavam excluir os não-crentes (. . .) [da interação de seus grupos]” (Bendix, 1986a, p. 79).

Tal característica, adicionada aos “fortes sentimentos de solidariedade” (Bendix, 1986, p. 76) que os membros – baseados em crenças religiosas comuns – desenvolviam uns para com os outros, contribui para explicar, em parte, os motivos pelos quais esses grupos religiosos altamente coesos (Kalberg, 2010) disponibilizavam aos seus empreendedores-membros diferentes recursos capazes de influenciar suas trajetórias empresariais. O fato era que “os membros das seitas (. . .) eram tidos como merecedores de crédito, e os devotos eram vistos como comerciantes honestos nos quais se podia confiar, inclusive com o dinheiro do freguês” (Kalberg, 2010, p. 58).

É possível inferir algumas regularidades que aparentam caracterizar as reflexões de Weber. Extraídas de abordagem notadamente ampliada, elas enfatizam, das notadamente complexas, intricadas e minuciosas conexões entre as doutrinas religiosas e as atividades profissionais realizadas pelo autor, aquelas apenas mais universais. Neste sentido, observe, por exemplo, como a religião desempenha função nuclear para Weber em EPEC. Isso porque, ela: i.) influencia o modo como as pessoas conduzem suas vidas; ii.) determina a adoção de comportamento responsável pelo desempenho em grande parte bem-sucedido dos empreendedores; iii.) estimula os devotos a se engajarem na atividade empreendedora e a buscarem nela sucesso financeiro-econômico, e; iv.) incentiva a criação de agrupamentos (denominados seitas), cujos membros – dentre eles empreendedores –impedem a entrada de indivíduos não identificados sob mesmo estilo de vida – impingindo nestes considerável privação. Ao mesmo tempo, disponibilizam, entre si, diferentes recursos e desenvolvem atividades de socialização responsáveis por, em última instância, determinar o desempenho de suas vidas nos contextos relacional e empresarial.

2.3 Modelo Conceitual Integrado: associando Granovetter e Weber

Embora notadamente voltados a contextos socioeconômicos e temporais bastante distintos – com efeito, enquanto Weber se preocupa com o processo de racionalização da fé na direção de uma orientação econômica, Granovetter se volta à análise de como a desvinculação nativa impacta no desenvolvimento de empreendimentos produtivos bem-sucedidos, é possível extrair, sob perspectiva teórica, sintonias entre as reflexões de ambos os autores, um clássico, outro contemporâneo. Note, por exemplo, como os indivíduos/empreendedores podem, por motivações religiosas salientadas por Weber ou por aquelas de natureza étnico-cultural, foco de interesse de Granovetter, integrarem redes/agrupamentos de relacionamentos – denominadas seitas por Weber e redes sociais por Granovetter – eventualmente capazes de fornecerem aos seus membros recursos considerados em muitos aspectos fundamentais. Ao mesmo tempo, observe como os indivíduos inseridos em agrupamentos religiosos ou étnico-culturais se encontrariam, segundo Weber e Granovetter, respectivamente, parcialmente afastados ou desvinculados de demais indivíduos não amoldados sob análoga marcação, sendo esta religiosa ou étnico-geográfica.

A Figura 1, apresentada a seguir, permite ampliar a natureza da presente reflexão. Elaborada a partir das proposições de Granovetter e de Weber, apresenta análise dos benefícios desfrutados por empreendedores étnico-culturais salientados pela abordagem contemporânea (Granovetter, 2009), por um lado, e os atributos extraídos pelos empreendedores inseridos em agrupamentos religiosos enfatizados, de maneira indireta e alusiva, pela perspectiva clássica (Weber, 1996 [1905]), por outro.

Proposições

Mark Granovetter (2009)

Max Weber (1996 [1905])

Por motivações étnico-culturais, empreendedores se acoplam em redes sociais coesas;

Por motivações religiosas, indivíduos vinculavam-se endogenamente em estruturas sociais coesas, denominadas seitas;

Agrupamentos étnico-culturais proporcionam, sobretudo aos indivíduos-membros, recursos fundamentais às suas atividades empreendedoras;

Agrupamentos religiosos proporcionavam aos indivíduos-membros recursos fundamentais às suas atividades empreendedoras;

Indivíduos se identificam acoplados sob mesma coletividade, sendo étnica e espacial;

Indivíduos se identificavam interligados sob mesma coletividade, sendo religiosa;

Redes étnico-culturais impedem o surgimento de reivindicações derivadas de indivíduos não identificados sob mesma uniformidade;

Estruturas religiosas impediam o surgimento de reivindicações derivadas de indivíduos não identificados sob mesma uniformidade;

Aos grupos étnico-culturais, o acoplamento disponibiliza recursos endógenos e o desacoplamento impede solicitações descontroladas;

Aos agrupamentos religiosos, a vinculação social interno disponibilizava recursos endógenos e a desvinculação externa impedia solicitações de não fiéis;

Figura 1. Síntese das principais proposições teóricas e seus respectivos autores de interesse

Observe como a associação entre as abordagens teóricas de Weber e a de Granovetter permitiria, teoricamente, elevar as reflexões sobre os conceitos de acoplamento e desacoplamento a novo patamar. Atualmente dedicados à compreensão e análise da dinâmica empreendedora de natureza exclusivamente étnico-cultural, esses argumentos poderiam ajudar a explicar, por exemplo, dimensões associadas ao empreendedorismo induzido por motivações religiosas no Brasil.

Mas, há algo mais aí, chamando atenção, ainda, para distinta constatação de considerável relevância teórica. Diferentemente de Granovetter (2009), que observa o deslocamento de indivíduos de suas comunidades nativas (país de origem) para, somente a partir daí, poderem desfrutar dos benefícios de adequado ajuste entre acoplamento e desacoplamento –, os empreendedores estimulados por motivações religiosas não precisariam, teoricamente, moverem-se de seus países de origem. Ou seja, não necessitariam promover mudanças geográficas.

Isso porque, em contextos religiosos, salientam diferentes pesquisadores da área de sociologia no Brasil (ver, por exemplo: Almeida, 2006; Camargo, 1973; Gracino Junior, 2008; Hervieu-Léger, 2008; Isaia, 2009; Mariano, 2003, 2008, 2013; Oliveira, 2009; Pacheco et al., 2007; Passos et al., 2011; Pierucci, 2000a, 2000b 2004a, 2004b, 2005, 2006a, 2006b, 2011; Pierucci & Prandi, 1987, 1996; Prandi, 1996, 1999, 2008; Teixeira, 2008), o que se verificaria, muitas vezes, é a ocorrência de deslocamento de um grupo social para outro, dotado de contiguidade locacional. Este é o caso, por exemplo, de grande parte dos integrantes da comunidade evangélica no país. Com efeito, cerca de 70% dela é formada por convertidos (Rabuske et al., 2012). Ou seja, indivíduos que decidiram, por razões maiormente subjetivas, abjurar-se ao protestantismo.

Ao converterem-se “de um status (religioso) adscrito para um adquirido” (Passos et al., 2011, p. 704), imbricando-se em novas estruturas relacionais fundamentadas em “motivações, crenças, valores [e] moralidades [expressos na] tessitura de laços puramente religiosos” (Mariano, 2013, p. 13), tais indivíduos, responsáveis por “romper com a própria biografia” (Pierucci & Prandi, 1996, p. 18), acabam, muitos deles, desvinculando-se de linhagens, procedências e relações sociais de origem – “por mais confortáveis que antes pudessem parecer” (Pierucci, 2004a, p. 19) –. É “interessante notar [até mesmo, como], não poucas vezes, a nova ‘família’ da comunidade [evangélica] se sobressai como objeto de investimento de tempo e de afeto em relação à família natural” (Pacheco et al., 2007, p. 58). De fato, nestes ambientes é bastante comum “maridos [serem] obrigados a aceitar, pais [serem] surpreendidos pelos novos referenciais de seus filhos e amigos se [ressentirem] por terem sido deixados de lado” (Pacheco et al., 2007, p. 58). Evidências claras de como a “conversão [protestante] reordena o relacionamento com o outro” (Pacheco et al., 2007, p. 58), e de como a “religião aproxima os iguais e os distancia dos [demais]” (Prandi, 2008, p. 159).

O próprio Weber, referindo-se às religiões universais, já havia, no começo do século XX e sob a perspectiva de distinto contexto, chamado a atenção para a plausibilidade deste fato. Em instigante passagem de um de seus textos, chamado “rejeições religiosas do mundo e suas direções”, publicado originalmente em 1920 (Ignacio, 2011) e traduzido no Brasil em 1964, Weber elabora, em detalhes, a essência do seguinte argumento: “sempre que as profecias de salvação [criam] comunidades religiosas, a primeira força com a qual [entram] em conflito [é] a do clã natural, que [teme] sua desvalorização pela profecia” (Weber, 1964a, p. 374). Isso ocorre porque “quanto mais amplas e interiorizadas forem [as] metas de salvação, maiores serão as distâncias do fiel em relação a seus parentes (. . .), [e mais intensa será] a transferência da ética econômica parental para uma ética entre irmãos de fé” (Oliveira, 2009, p. 147). Nesse contexto, complementa o autor, aqueles indivíduos “que não podem ser hostis aos membros da casa, ao pai e à mãe, não podem ser [considerados] discípulos de Jesus” (Weber, 1964a, p. 374, grifo nosso).

Expresso em outras palavras, o que estas proposições de Weber querem dizer é que os agrupamentos eclesiásticos – dentre os quais poderiam se inserir os atualmente observados no Brasil – estimulam a coesão, a confiança e a solidariedade mútua entre seus membros (Almeida, 2006; Camargo, 1973; Martes & Rodrigues, 2004; Pacheco et al., 2007; Pierucci & Prandi, 1987, 1996; Serafim et al., 2012). Fundamentados em princípios bíblicos que defendem o argumento de que os fieis devem “ajudar primeiro os ‘irmãos de fé’, os frequentadores do mesmo templo” (Almeida, 2006, p. 119), estes grupos religiosos – tipicamente evangélicos – chegam, de fato, a atuar como verdadeiros “circuitos de trocas que[, ultrapassando sua finalidade essencialmente eclesiástica,] envolvem dinheiro, comida, utensílios, informações, recomendações de trabalho, entre outros” (Almeida, 2006, p. 119, grifo nosso). Prova disso pode ser obtida, por exemplo, na hoje maior facilidade com que os “empreendedores (. . .) afiliados às igrejas protestantes [possuem em] atrair consumidores que compartilham das mesmas crenças e [que] participam das mesmas redes sociais” (Martes & Rodriguez, 2004, p. 134).

As reflexões apresentadas até o momento permitem observar a aparente existência de duas concepções teóricas distintas. A primeira é baseada na perspectiva contemporânea derivada, especificamente, das reflexões de Granovetter sobre empreendedorismo étnico-cultural. A segunda, por sua vez, é totalmente inédita. Propõe, das junções teóricas entre Weber e Granovetter, quadro conceitual baseado em visão ampliada. A Figura 2, apresentada a seguir, permite ilustrar, com mais detalhes, a natureza do presente raciocínio.

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Figura 2. As diferentes visões sobre os requisitos necessários ao desenvolvimento de empreendedores acoplados em agrupamentos sociais.

Enquanto a primeira concepção (A) enfatiza a importância de um deslocamento espacial (mudança de um país para outro) para garantir equilíbrio adequado entre acoplamento e desacoplamento, a segunda (B), por sua vez, sugere que uma conversão religiosa pode ser suficiente para isso. Esta segunda concepção, como já observado, deriva das reflexões teóricas de Weber sobre as comunidades protestantes e suas características compositivas singulares, associadas, ao mesmo tempo, às postulações contemporâneas de Granovetter relacionadas à temática sobre acoplamento e desacoplamento das comunidades de imigrantes. Nesta nova concepção, empreendedores poderiam, por motivações religiosas, integrarem estruturas coesas e eventualmente minoritárias, e desfrutarem, a exemplo dos empreendedores emigrantes, de posição singular no que diz respeito à natureza do acoplamento e desacoplamento de suas composições sociais.

3 Considerações finais

Este ensaio, de natureza essencialmente teórica, teve o objetivo de avançar nas reflexões sobre acoplamento e desacoplamento social, analisando plausíveis condições de sua ocorrência e influência ao desenvolvimento empreendedor. Fundamentado na associação entre reflexões de Granovetter e Weber, defende a concepção de novo modelo conceitual sobre o tema, fundamentado em quatro premissas principais.

A primeira baseia-se na suposição de que os empreendedores podem, por motivações religiosas, integrarem estruturas sociais parcialmente coesas e eventualmente capazes de fornecerem-lhes, através da solidariedade horizontal, diferentes recursos – financeiros, sociais e emocionais – considerados fundamentais. A segunda associa-se à anterior e se fundamenta na ideia de que as estruturas sociais protestantes se encontrariam parcialmente desmembradas ou isoladas de demais arcabouços relacionais. Isso porque seriam formadas por indivíduos que, embora compartilhem com os evangélicos similaridade étnico-geográfica, não identificam nestes coletividade religiosa.

A terceira combina proposições anteriores e pressupõe aos indivíduos imbricados em redes protestantes a possibilidade de poderem, eventualmente, desfrutar, a exemplo dos empreendedores étnico-culturais trabalhados por Granovetter, de combinados benefícios. Dois deles são de destaque. O primeiro derivaria de suas conexões internas. O segundo da racionalidade de suas iniciativas empreendedoras, permitida, em grande parte, pela ausência de reivindicações oriundas de elementos externos a tais estruturas. Finalmente, a quarta conjectura alude à pressuposição, complementar à defendida por Granovetter, de os empreendedores não necessitarem se mover espacialmente de suas comunidades de origem, para, somente a partir daí, em outro país, poderem desfrutar de recursos que somente o apropriado ajuste entre o acoplamento e o desacoplamento das estruturas sociais demonstra-se capaz de proporcionar. Para isso, uma conversão e vinculação dos indivíduos à dada denominação protestante, sucedida de um parcial e proveniente desacoplamento de seus agrupamentos sociais adscritos, podem, possivelmente, demonstrarem-se suficientes.

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Revista de Administração IMED, Passo Fundo, vol. 7, n. 2, p. 308-322, Jul.-Dez., 2017 - ISSN 2237-7956

[Recebido: Dez. 12, 2016; Aprovado: Nov. 21, 2017]

DOI: https://doi.org/10.18256/2237-7956.2017.v7i2.1684

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Victor Silva Corrêa

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG)

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