Universidades e Transformações Socioambientais: Contribuições da Aprendizagem Transformadora e da Teoria da Atividade Histórico Cultural

Simone Alves Pacheco de Campos, Lisiane Celia Palma, Eugenio Avila Pedrozo

Abstract


Muito se tem discutido a respeito do papel das universidades frente aos problemas socioambientais. Contudo, os avanços em direção a uma transformação parecem poucos, permanecendo as universidades presas ao mainstrean. A transformação exige que as universidades se desvencilhem do que Freire (1987) chama de educação bancária. Considerando o ensino em administração, essa transformação exige uma separação da ortodoxia gerencialista que domina a área, visto que o contexto atual exige uma postura reflexiva e crítica ante aos problemas socioambientais. Fala-se muito em responsabilidades coletivas e institucionais. Contudo, pouco se atenta para a necessidade real de revisão da responsabilidade individual e de como engajar os indivíduos na sociedade enquanto cidadãos conscientes de seu papel socioambiental. É amplamente conhecido que os indivíduos têm um papel fundamental a desempenhar na concretização de transformações para a sustentabilidade. Mais do que o entendimento acerca de uma educação voltada para a sustentabilidade, deve-se pensar em como impulsionar os indivíduos a agir com vistas à transformação do futuro. Inserido nesta preocupação, este ensaio tem como argumento central que as mudanças em direção à consciência socioambiental perpassam a agência individual e coletiva, com vistas à transformação. Neste processo, as universidades têm um papel central, na medida em que podem ser organizações promotoras desta transformação. Para tanto, buscou-se subsídios na teoria da aprendizagem transformadora e na teoria da atividade histórico cultural para uma compreensão crítica acerca de como as universidades podem promover um aprendizado voltado ao desenvolvimento da agência transformadora e assim engajar os indivíduos na sociedade enquanto cidadãos conscientes de seu papel socioambiental.


Keywords


Ensino em Administração, Aprendizagem Transformadora, Teoria da atividade histórico cultura, sustentabilidade.

References


Bachelard, G. (2006). A psicanálise do conhecimento objetivo. In: A epistemologia. Lisboa: Edições 70, 165-190.

Bartholo Jr, R. S., & Burstyn, M. (2001). Prudência e utopismo: ciência e educação para a sustentabilidade. Ciência, ética e sustentabilidade: desafios ao novo século. São Paulo: Cortez, 159-188.

Bateson, G. (1972). Steps to an ecology of mind: collected essays in anthropology, psychiatry, evolution, and epistemology: University of Chicago Press.

Batie, S. S. (2008). Wicked problems and applied. American Journal of Agricultural Economics, 90(5), 1176-1191.

Blunden, A. (2007). Modernity, the individual, and the foundations of cultural–historical activity theory. Mind, Culture, and Activity, 14(4), 253-265.

Cebrián, G., Grace, M., & Humphris, D. (2013). Organisational learning towards sustainability in higher education. Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, 4(3), 285-306.

Duarte, N. (2002). A teoria da atividade como uma abordagem para a pesquisa em educação. Perspectiva, 20(02), 279-301.

Engeström, Y. (1987). Learning by expanding. An activity-theoretical approach to developmental research.

Engeström, Y. (2001). Expansive learning at work: Toward an activity theoretical reconceptualization. Journal of education and work, 14(1), 133-156.

Engeström, Y. (2007). Enriching the theory of expansive learning: Lessons from journeys toward coconfiguration. Mind, Culture, and Activity, 14(1-2), 23-39.

Engeström, Y., & Blackler, F. (2005). On the life of the object. Organization, 12(3), 307-330.

Engeström, Y., & Sannino, A. (2012). Whatever happened to process theories of learning? Learning, Culture and Social Interaction.

Engeström, Y., & Virkkunen, J. (2007). Muutoslaboratorio–kehittävän työntutkimuksen uusi vaihe. Teoksessa Ramstad, E. & Alasoini, T.(toim.) Työelämän tutkimusavusteinen kehittäminen Suomessa: lähestymistapoja, menetelmiä, kokemuksia, tulevaisuuden haasteita. Työelämän kehittämisohjelman raportteja, 53, 67-88.

Freire, P. (1987). Pedagogia do oprimido. 17ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3.

Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica. São Paulo: Paz e Terra, 165.

Geels, F. W. (2010) Ontologies, socio-technical transitions (to sustainability), and the multi-level perspective. Research Policy, 39(4), 495-510.

Ghoshal, S. (2005). Bad management theories are destroying good management practices. Academy of Management Learning & Education, 4(1), 75-91.

Giddens, A. (1989). A constituição da sociedade (Vol. 50). São Paulo: Martins Fontes.

Gunnlaugson, O. (2007). Shedding Light on the Underlying Forms of Transformative Learning Theory Introducing Three Distinct Categories of Consciousness. Journal of Transformative Education, 5(2), 134-151.

Ilyenkov, E. V. (1977). Problems of Dialectical Materialism. Moscow: Progress Publishers.

Jacobi, P. R., Raufflet, E, & Arruda, M. P. A. (2011) Educação para a Sustentabilidade nos Cursos de Administração: reflexão sobre paradigmas e práticas. RAM – Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, 12(3), 21-50.

Kuutti, K. (2010). Defining an object of design by the means of the Cultural-Historical Activity Theory. Paper presented at the the proceedings of the 6th international conference of the European Academy of Design, March.

Leontiev, A. N. (1978). Activity, Consciousness, and Personality. Moscow: Progress.

Marsden, R., & Townley, B. A. (2001). A coruja de Minerva: reflexões sobre a teoria na prática. In: S. R. Clegg, C. Hardy, & W. R. Nord (Eds.), Handbook de Estudos Organizacionais, v.2. São Paulo: Atlas.

Meneghetti, Francis, & Kanashiro. (2011). O que é um ensaio-teórico?. Revista de Administração Contemporânea, 15(2), 320-332.

Mezirow, J. (1997). Transformative learning: theory to practice. New Directions for Adult and Continuing Education, 1997(74), 5-12.

Misoczky, M. C., & Goulart, S. (2011). Viver as contradições e tornar-se sujeito na produção social de nosso espaço de práticas. Organizações & Sociedade, 18(58), 535-540.

Moore, J. (2005). Seven recommendations for creating sustainability education at the university level: a guide for change agents. International Journal of Sustainability in Higher Education, 6(4), 326-339.

Morin, E. (2015). Ensinar a Viver: manifesto para mudar a educação. Porto Alegre: Sulina.

Nicolini, A. (2003). Qual será o futuro das fábricas de administradores? Revista de Administração de Empresas, 43(2), 44-54.

Serva, M., Dias, T., & Alperstedt, G. D. (2010). Paradigma da Complexidade e Teoria das Organizações: uma reflexão epistemológica. Revista de Administração de Empresas, 50(3), 276.

Sinder, M. (1997). Vygotsky e Bakhtin-Psicologia e educação: um intertexto. Educação & Sociedade, 18(60), 183-186.

Sipos, Y., Battisti, B., & Grimm, K. (2008). Achieving transformative sustainability learning: engaging head, hands and heart. International Journal of Sustainability in Higher Education, 9(1), 68-86.

Smith, P. A., Wals, A. E., & Schwarzin, L. (2012). Fostering organizational sustainability through dialogic interaction. The Learning Organization, 19(1), 11-27.

Sterling, S. (2004). Higher education, sustainability, and the role of systemic learning, in Blaze Corcoran, P.B. and Wals, A.E.J. (Eds), Higher Education and the Challenge of Sustainability: problematics, promise and practice, Kluwer Academic Press, Dordrecht, 49-70.

Sterling, S. (2011). Transformative learning and sustainability: sketching the conceptual ground. Learning and Teaching in Higher Education, 5(11), 17-33.

Virkkunen, J. (2006). Hybrid agency in co-configuration work. Outlines. Critical Practice Studies, 8(1), 61-75.

Vygotsky, L. S. (1978). Mind and society: the development of higher mental processes. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Wals, A. E. J., & Jickling, B. (2002). “Sustainability” in higher education: from doublethink and newspeak to critical thinking and meaningful learning. International Journal of Sustainability in Higher Education, 3(3), 221-232.

Wals, A. E.J., & Schwarzin, L. (2012) Fostering organizational sustainability through dialogic interaction. The Learning Organization, 19(1), 11-27.




DOI: https://doi.org/10.18256/2237-7956.2017.v7i2.1251

Refbacks

  • There are currently no refbacks.




Copyright (c) 2017 Simone Alves Pacheco de Campos, Lisiane Celia Palma, Eugenio Avila Pedrozo

Revista de Administração IMED (RAIMED)               ISSN: 2237-7956                Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/Atitus)

Atitus Educação - Business School – www.imed.edu.br – Rua Senador Pinheiro, 304 – Bairro Vila Rodrigues – 99070-220 – Passo Fundo/RS – Brasil Tel.: +55 51 4004-4818

Licença Creative Commons

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.