Tornando-se Negro: Tensões Subjetivas e Culturais na Experiência Identitária de ser um Estudante Universitário Negro

Adrielle de Matos Borges Teixeira, Maria Virginia Machado Dazzani

Resumo


O presente artigo objetiva analisar a constituição de uma identidade racial a partir das vivências dos estudantes negros durante suas trajetórias universitárias A relação entre as experiências vividas na universidade e a emergência de uma consciência racial será, portanto, objeto central da discussão. Para isto, foi realizado um estudo de caso com um estudante de Psicologia, 22 anos, autodeclarado preto, matriculado em uma instituição de ensino superior de Salvador/BA. O participante deste estudo assumia, no início de sua trajetória universitária, uma posição de Eu-estudante cético. O contato com novos conhecimentos e pessoas alargaram seus horizontes e o faz começar a questionar o que ouve, as frases que lhes são ditas, a forma como as pessoas agem em relação às pessoas negras. Surge, então, uma posição Eu–estudante crítico. Entretanto, essas duas posições são conflitantes e ambivalentes. Diante disto, ele encontrou uma terceira posição para lidar com aquelas posições conflitantes que assumia: Eu-estudante negro. Compreender-se como negro, para ele, emergia como um resultado de um olhar mais crítico sobre a estrutura racista que compõe todo o tecido social e, ao mesmo tempo, a auto-aceitação de quem se é. A análise da narrativa do estudante, a partir da Teoria do Self Dialógico, permitiu ressaltar a necessidade premente de considerar as especificidades vivenciadas pelas pessoas negras durante suas trajetórias universitárias.


Palavras-chave


Universidade; Negro; Psicologia

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DOI: https://doi.org/10.18256/2175-5027.2019.v11i1.3028

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