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Arquitetura e História: o catálogo de projetos de edificações do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó)

Achitecture and History: the catalog of building projetcs of Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó)

Fernanda Guaragni(1); André Luiz Onghero(2)

1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Bolsista de Extensão pelo Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior (FUMDES), com recursos provenientes do Artigo 171 da Constituição Estadual, desenvolvendo atividades no Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó).

2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Especialista em História: Cidade, Cultura e Poder pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Licenciado em História pela Universidade do Oeste de Santa Catarina. Historiador do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó).

Resumo

O presente trabalho visa apresentar o catálogo de projetos de edificações que integra o acervo histórico salvaguardado pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó), situado no município de Chapecó-SC. O catálogo apresenta informações que contribuem para o estudo da urbanização de Chapecó e outros municípios da região Oeste de Santa Catarina, além de outros temas relacionados. Os projetos originais encontram-se disponíveis para pesquisa, mas por meio de sua digitalização, procura-se facilitar a consulta às informações e assegurar a preservação dos originais. Com o objetivo de reunir informações e auxiliar no desenvolvimento de pesquisas com estes materiais, o CEOM desenvolveu um catálogo digital dos projetos de edificações. Esse trabalho aborda o contexto de colonização e urbanização de Chapecó, buscando situar este acervo como uma das possíveis fontes para estudos de caráter historiográfico e urbanístico.

Palavras-chave: Projetos de Edificações. Acervo histórico. Urbanização.

Abstract

This paper aims to present the catalog of building projects that integrates the historical collection guarded by the Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó), located in Chapecó-SC, Brazil. The catalog presents informations that contributes to the study of the urbanization of Chapecó and other municipalities in the western region of Santa Catarina. The original projects are available for research, but their digitization intends to facilitate the research and insure the preservation of the originals. In order to gather information and assist in the development of research with these documents, CEOM has developed a digital catalog of building projects. This paper approaches the context of colonization and urbanization of Chapecó, in order to show this collection as one of the possible sources for studies of historiographic and urbanistic character.

Keywords: Building Projects. Historical collection. Urbanization.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar os projetos de edificações que integram o acervo do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM/Unochapecó), apontando alguns dados gerais, além do processo de digitalização e elaboração do catálogo. Com esta finalidade, o texto foi dividido em duas partes, sendo a primeira dedicada à apresentação dos projetos de edificações, relacionando dados e alguns projetos – a título de exemplo – com o contexto histórico em momentos como a colonização do oeste catarinense e o período de intensificação do desenvolvimento urbano de Chapecó. Na segunda parte, são apresentadas as atividades relacionadas à elaboração de um catálogo digital dos projetos de edificações, incluindo o processo de digitalização e organização das fichas de identificação dos documentos.

As atividades relatadas neste trabalho integram o conjunto de ações desenvolvidas pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM), que atua desde 1986, sendo um dos primeiros programas de pesquisa e extensão da Fundação Universitária do Desenvolvimento do Oeste (Fundeste). Atualmente, é vinculado à Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) e está ligado à Diretoria de Extensão. Objetiva salvaguardar acervos arqueológicos, documentais e bibliográficos, sejam eles, materiais e imateriais, realizar e estimular pesquisa, comunicação e extensão universitária em Patrimônio Cultural, Memória, História, Arquivologia, Arqueologia e Museologia, com enfoque na região Oeste de Santa Catarina. O centro estabelece ampla comunicação com a população do oeste catarinense a qual ocorre por meio de publicações, eventos e das ações educativas1.

Para a realização de seus objetivos, o CEOM está organizado em seis frentes de trabalho articuladas entre si:

– Centro de Documentação e Pesquisa: recupera, organiza, preserva e disponibiliza acervos e coleções documentais;

– Divulgação Científica e Cultural: divulgação de trabalhos científicos e culturais desenvolvidos e/ou organizados pelo Centro, por meio da revista Cadernos do CEOM, da Série Documento e das linhas editoriais História e Patrimônio e Histórias Locais.

– Biblioteca Setorial: seleciona e disponibiliza obras de referência sobre história, geografia, antropologia, arqueologia, sociologia, produção literária da região oeste de Santa Catarina;

– Núcleo de Difusão Cultural e Educação Patrimonial: desenvolve e implementa programas de ação educativa continuada e ações de comunicação e difusão dos acervos salvaguardados pelo Centro, tais como exposições temáticas de curta e de longa duração ou itinerantes e, a partir delas, estimula o debate e a reflexão sobre questões regionais, cultura, memória e patrimônio cultural;

– Núcleo Estudos Etnológicos e Arqueológicos: utiliza como método a pesquisa de campo, a curadoria de acervos, guarda, preservação e divulgação do patrimônio arqueológico da região oeste de Santa Catarina;

– Programa Patrimônio-História-Comunidade: desenvolve, junto aos municípios e/ou entidades interessadas, atividades de valorização da História Local e do Patrimônio Cultural, como pesquisas históricas, produção de livros e exposições, assessoria a museus e casas de memória, entre outros.

Neste texto, serão abordadas atividades relacionadas a um conjunto documental que integra o acervo histórico do CEOM. Inicialmente, cabe relatar, brevemente, quais os procedimentos adotados pelo Centro em relação ao acervo em suporte papel, com base nas publicações de Salini et al., (2011) e Salini e Rocha (2016). De acordo com estes autores, os documentos recebidos muitas vezes apresentam manchas, rasgos, alteração do papel devido à exposição à luz, além da presença de poeira, grampos e clipes de metal. São modificações desencadeadas por fatores externos que levam à degradação dos documentos. Diante desta situação, uma das primeiras ações realizadas consiste na higienização. Camargo e Bellotto (1996, p. 42) definem a higienização como: “Retirada da poeira e outros resíduos estranhos aos documentos, por meio de técnicas apropriadas com vistas à sua preservação”.

Após a higienização, é realizada a organização dos documentos. Procedimento que busca possibilitar aos pesquisadores e à comunidade em geral a consulta ao acervo de forma rápida e segura. Essa etapa inicia com a identificação, extraindo as informações relevantes que subsidiam a elaboração do arranjo documental. Assim, cada documento passa a ter código de classificação que compreende a sigla e o número que o identifica e permite que os dados relacionados sejam encontrados nas fichas ou listas, além de facilitar a localização física no local de guarda. Na sequência, os documentos são guardados em mobiliário adequado, com a finalidade de garantir sua conservação. Os documentos em suporte papel são armazenados em caixas poliondas e acomodados em estante deslizante, outros, de dimensões maiores, como a cartografia, são guardados nas mapotecas. Os dados referentes aos documentos são disponibilizados por meio de um banco de dados digital e on-line, que contribui para a agilidade das pesquisas e também para a preservação dos documentos originais, na medida em que evita seu manuseio (SALINI; ROCHA, 2016).

Os projetos de edificações no contexto histórico

Entre o conjunto de documentos que compõe o acervo do CEOM, este trabalho terá como foco o Fundo Empresarial Bertaso, identificado com a sigla FEBE. O acervo foi tombado através da Lei Municipal Lei nº 3.202, de 09 de agosto de 1993, levando em consideração sua importância para os estudos a respeito do processo de colonização2 do Oeste de Santa Catarina, ocorrido a partir da década de 1920.

De acordo com Radin e Vicenzi (2017), na segunda década do século XX, o território do oeste catarinense era visto como um “vazio demográfico”, um “sertão inculto a ser conquistado”. A instalação de famílias agricultoras foi uma estratégia para a “[…] colonização efetiva desses territórios e na sua incorporação ao processo produtivo almejado pelos governantes e pela intelectualidade” (RADIN; VICENZI, 2017, p. 66).

A colonização da região teve início somente após a criação do município de Chapecó em 1917 – que abrangia toda a região, com cerca de 14 mil km² – pois antes disso ocorreram disputas sobre a posse do território entre Brasil e Argentina (resolvida em 1895) e entre os estados do Paraná e Santa Catarina, cujo acordo de limites foi firmado em 1916 (WERLANG, 2006).

Conforme Radin e Vicenzi (2017) a colonização do Oeste catarinense foi conduzida preponderantemente por empresas colonizadoras privadas que receberam da Diretoria de Terras, Colonização e Agricultura do estado catarinense os títulos de concessão de terras. Em um contexto de limitada capacidade de investimentos do Estado, as empresas colonizadoras também executavam tarefas de infraestrutura, como abertura de estradas e pontes, entre outras obras, que diminuíam sua dívida com o Estado em relação à aquisição das terras.

A ocupação do referido território era possibilitada pela comercialização dos lotes, o que ocasionou a implantação de uma nova relação com a terra: a terra como propriedade privada e regularizada por meio de escritura. Este foi um elemento de conflito entre a nova população que chegava para se instalar e os moradores já existentes – indígenas3 e caboclos4 – que, em geral, não possuíam registro de propriedade do local onde habitavam e por não possuírem uma escrituração, nem condições de comprar um terreno, acabavam tendo que retirar-se, muitas vezes de maneira forçada, e irem para outros locais, ou prestarem mão de obra aos donos das terras.

Os povos indígenas e caboclos eram definidos como despretensiosos, sem preocupação com o futuro, violentos, intrusos, pobres, não afetos ao trabalho e relacionados com o atraso da região. Por outro lado, os colonos migrantes, principais protagonistas do processo de colonização, tiveram sua imagem positivada. Foram idealizados e vistos como ordeiros, qualificados trabalhadores, prezavam pela propriedade, capazes de produzir alimentos e impulsionar o progresso regional e do país, constituindo-se em símbolos da civilização. (RADIN; VICENZI, 2017, p. 70).

Os colonizadores, em sua maioria, eram descendentes de italianos, alemães e poloneses, vindos do Rio Grande do Sul, local onde, desde o século XIX foram criadas colônias de imigrantes europeus, como estratégia de povoamento da região Sul do território brasileiro por populações de origem europeia, em conformidade com a política de “branqueamento” do Brasil, adotada durante o império. Como um desdobramento deste processo, ocorreu a expansão da fronteira agrícola para novas áreas, incluindo o Oeste de Santa Catarina.

Após a criação do município de Chapecó, um novo modelo de organização e ocupação dos espaços da cidade foi concebido e através da atuação das empresas colonizadoras da região, os povoados começaram a tomar forma. As empresas eram responsáveis pela venda de terras, fazendo a demarcação de lotes e abrindo estradas. A área do atual município de Chapecó e outros municípios próximos esteve sob a abrangência da colonizadora Bertaso, Maia & Cia. A empresa foi criada em 1918, por um grupo de sócios, cuja sociedade durou até 1923, permanecendo apenas Ernesto F. Bertaso como proprietário. Além da comercialização de terras, a família Bertaso, teve atuação em outros segmentos, exercendo grande influência na economia, política e diversos outros aspectos na constituição da cidade de Chapecó.

Segundo Piazza (1994), estima-se que 8 mil famílias descendentes de italianos, alemães e poloneses, migraram do Rio Grande do Sul para o oeste catarinense. O crescimento populacional proporcionado pela colonização pode ser percebido pelos dados do censo realizado pelo IBGE: em 1920, havia aproximadamente 11.315 habitantes no município de Chapecó, número que, em 1950, chegou a 96.624 habitantes.

Quanto ao acervo Fundo Empresarial Bertaso, é composto por documentos de diferentes empresas relacionadas a colonização e comércio de terras, extração de erva-mate e madeira, moinhos de trigo, cerâmicas, olarias, serrarias, entre outras, que pertenceram, ou tiveram como sócios, integrantes da Família Bertaso. Este fundo documental é quantificado em aproximadamente 130 metros lineares de documentação textual, apresentando muitas possibilidades de pesquisa5.

Em sua série de cartografia, o acervo apresenta mais de 300 mapas de terras, plantas urbanas e projetos de edificações. Em relação aos projetos de edificações, encontram-se cerca de 1.200 plantas, entre projetos arquitetônicos, estruturais, hidráulicos, elétricos e hidrossanitários. No entanto, aproximadamente 60 projetos não contém datação ou as suas informações não estão legíveis.

Com os dados extraídos destes projetos de edificações, pode-se identificar que, em sua grande maioria, são da Empresa Ernesto F. Bertaso LTDA, os outros projetos, advém de órgãos púbicos ou de outras empresas da região6. Geralmente, os projetos eram assinados por engenheiros civis, tendo destaque, os engenheiros da família Bertaso, como o Ernesto F. Bertaso, Serafim E. Bertaso, Sérgio Mosele Bertaso, Ivan F. Bertaso e Paulo Magalhães Neto, que trabalhava com a empresa. Os outros engenheiros muitas vezes eram autônomos ou estavam vinculados a outras empresas7. Pôde-se perceber, que poucos destes projetos recebidos pelo CEOM, eram assinados por arquitetos(as), o que provavelmente ocorreu por serem provenientes de uma empresa de engenheiros. Os arquitetos(as) aparecem, porém de forma esporádica8. Sendo que, em torno de 45 projetos estão com o nome do projetista ilegível, ou não apresentam especificação em relação ao autor do projeto. O recorte temporal contemplado pelos projetos abrange desde a década de 1920 até a década de 1990, com maior quantidade de material referente à década de 1970 como demonstra o Gráfico 1.

Gráfico 1. Relação de cada período com a quantidade de projetos arquitetônicos

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Fonte: Autores, 2018.

O Projeto mais antigo refere-se à Igreja da Colônia Bertaso, datado de 1922 (Figura 1), período em que se iniciava a colonização da região. Considerando que a formação de núcleos de povoamento organizados com base em critérios como credo religioso e etnia foi uma das estratégias adotadas pelas empresas colonizadoras, o projeto de uma igreja apresenta-se como um documento representativo. No caso da área de abrangência da colonizadora Bertaso, a comercialização dos lotes teve como principal foco, os descendentes de italianos residentes nas colônias do Rio Grande do Sul de credo católico. (ONGHERO et al., 2017).

Figura 1. Projeto da Igreja da Colônia Bertaso, 1922

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Fonte: Autor Roberto Zanata. Acervo CEOM/Unochapecó.

A igreja constituía um referencial muito importante para as comunidades que se formavam, cuja função ia além da dimensão religiosa e adquiria um caráter social na medida em que era o local de encontro com familiares e vizinhos. Diante de ausência do poder público em relação aos serviços mais básicos para a população, a solidariedade entre os membros das comunidades era fundamental para a sobrevivência do grupo. Vicenzi (2003, p. 309/310) relata que “na maioria das vezes, a companhia colonizadora Bertaso destinava um local para a construção da capela ou da igreja que os habitantes da comunidade encarregavam-se de erguer”.

Em relação ao núcleo urbano, a cidade de Chapecó tem origem no povoado chamado Passo dos Índios situado entre as vilas de Passo Bormann e Xanxerê. Nesse povoado encontrava-se instalada a sede da Colonizadora Bertaso e, em 1931, Passo dos Índios passou a ser a sede do município9, assumindo o nome de Chapecó. Em 1940, o recenseamento indicava 801 habitantes na cidade, em um total de 5.786 registrados no primeiro distrito.

Conforme Radin e Vicenzi (2017, p. 99), “a construção de escolas e a presença de professores não seguiram a mesma intensidade da chegada dos migrantes. A educação escolar foi bastante precária e limitada nas primeiras décadas de colonização”. Neste sentido, um documento que retrata este período é o projeto do Colégio das Irmãs Fransciscanas (Figura 2), datado de 1942. Trata-se de uma das primeiras instituições escolares instaladas na cidade de Chapecó, o Grupo Escolar Particular Bom Pastor, fundado em 1947 pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora. De acordo com Parisoto (2014, p. 20), “Para a construção física do grupo escolar, houve a doação do terreno pelo Coronel Ernesto Bertaso. [...] O terreno estava localizado no centro do município e em prol da obra foram realizadas inúmeras festas durante três anos, que contaram com a colaboração da comunidade.

Figura 2. Projeto do Colégio das Irmãs Fransciscanas, 1942

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Fonte: Autor Serafim E. Bertaso. Acervo CEOM/Unochapecó.

Parisoto (2014) afirma que a vinda da congregação para Chapecó foi um pedido das autoridades locais, pois “[…] a educação foi vista como algo fundamental e que, engajada ao catolicismo, era um modelo ideal para a promoção dos valores desejosos” (PARISOTO, 2014, p. 31). Fotografias (Figura 3) do colégio possibilitam perceber que ocorreram alterações no projeto de 1942, com uma área construída maior do que consta no projeto, mantendo, porém, os aspectos arquitetônicos. Na época predominavam as construções em madeira, o que tem relação ao momento econômico vivido na região, que tinha por base a extração madeireira10.

Figura 3. Grupo Escolar Particular Bom Pastor

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Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.

A partir da década de 1960, Chapecó apresentou um significativo desenvolvimento do comércio, acompanhado pela melhoria da estrutura urbana. Nessa década, as áreas povoadas começaram a se estender para os bairros São Cristóvão, Maria Goretti, Presidente Médici e Jardim Itália (FACCO; FUJITA; BERTO, 2014). As mudanças no cenário urbano podem ser percebidas por meio da comparação das fotografias da Avenida Getúlio Vargas, localizada no centro de Chapecó.

Figura 4. Avenida Getúlio Vargas, Chapecó-SC, década de 1960

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Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.

Figura 5. AvenidaGetúlio Vargas, Chapecó-SC, década de 1980

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Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.

Comparando as Figuras 4 e 5, ambas apresentando um enquadramento na mesma direção, a primeira na década de 1960 e a segunda na década de 1980, é possível observar como o crescimento da cidade ocorreu de forma rápida. Estas mudanças se deram, principalmente, na década de 1970 quando ocorreu um crescimento populacional expressivo, a partir da instalação de indústrias alimentícias e agroindústrias na cidade, o que proporcionou a criação de muitos empregos, e motivou a vinda de grande parte dos moradores do campo para a cidade, atraindo também muitas famílias de cidades vizinhas, em busca de emprego, moradia e melhor qualidade de vida.

Observando as fotografias, é possível identificar que na década de 1960, haviam grandes vazios na cidade, existindo diversos lotes ainda sem ocupação e construções de até dois pavimentos. A concentração de edificações localizava-se nas quadras centrais, mais próximas à praça e catedral Santo Antônio, onde se desenvolvia o comércio. Já na década de 1980, construções maiores começavam a ser avistadas, com maior número de pavimentos, mudando a paisagem da cidade. A estruturação da paisagem modificou-se, formando uma maior concentração de edificações, organizando as quadras de forma a permitir melhor ocupação dos espaços da cidade, bem como a distribuição e desenvolvimento do comércio. Muitas destas construções retratadas nas figuras acima, ainda estão visíveis na avenida Getúlio Vargas. Em sua maioria, foram reformadas, reestruturadas ou ampliadas, e muitas apresentam usos diferentes. No entanto, refletem constantemente na história de formação do município de Chapecó, pois são o resultado de muitos fatores, como a colonização, urbanização e interesses, sejam eles comerciais ou residenciais.

Tabela 1. Crescimento populacional de Chapecó entre 1960 e 2010

Ano

Pop. Total (hab.)

Pop. Urbana (hab.)

%

Pop. Rural (hab.)

%

1960

52.089

16.668

32

35.421

68

1970

49.865

20.275

41

29.590

59

1980

83.768

55.269

66

28.499

34

1991

123.050

96.751

79

26.299

21

2000

146.967

134.592

91,57

12.375

8,43

2007

177.500

165.075

93

12.425

7

2008

171.789

159.764

93

12.025

7

2009

179.073

166.538

93

12.535

7

2010

183.530

168.113

91,6

15.417

8,4

Fonte: Adaptado de IBGE (2010) e Cortina e Fujita (2010).

A cidade, encontrava-se com uma população crescente e via-se necessário buscar formas de levar um melhor saneamento básico aos seus moradores, além de maiores investimentos em serviços públicos e ambientes de lazer, principalmente nas áreas onde residiam a população com maior poder econômico, ou seja, na área central de Chapecó. Em vista disso, os edifícios começaram a ter maior destaque na década de 1980, fazendo visível a desigualdade existente no município, pois haviam áreas que foram povoadas desordenadamente, onde residiam os moradores de baixa renda, que eram praticamente excluídos pela sociedade.

A partir de uma maior quantidade de projetos de edificações datados da década de 1970, sendo documentos que refletem a intensa urbanização vivida naquele período. Um dos conjuntos documentais mais detalhados refere-se ao Núcleo Residencial INOCOOP11 (Figura 6), construído no bairro Presidente Médici. Atualmente ainda pode-se observar, no local, as construções projetadas em 1979, com a intenção de atender à demanda por moradias populares no contexto em que a população urbana de Chapecó esteve próxima a triplicar, aumentando de 20.275 em 1970 para 55.269 em 1980, como mostra a Tabela 1.

Figura 6. Croqui da sondagem do Núcleo Residencial INOCOOP, 1979

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Fonte: Empresa Ernesto F. Bertaso LTDA. Acervo CEOM/Unochapecó.

Com a intensificação da urbanização de Chapecó, a cidade consolidou seu papel como polo regional em diversos aspectos, como saúde, educação, cultura e esporte. E para isso, contou com uma infraestrutura capaz de viabilizar as demandas dos setores produtivos, como melhoria da rede elétrica e rede de telecomunicações, vias de transporte (BR-282 e ponte sobre o Rio Uruguai) e novo aeroporto (WAGNER, 2005). Neste período, diversas obras públicas buscaram difundir a ideia de uma cidade progressista. Entre estas obras, pode-se citar o Estádio Regional Índio Condá (Figura 7), construído na década de 1970.

Figura 7. Corte vestiários do Estádio Regional Índio Condá, 1977

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Fonte: Departamento de Obras e Fiscalização, CODEC. Acervo CEOM/Unochapecó.

Neste breve olhar para os documentos, é possível identificar diversas possibilidades de estudos com base nos projetos de edificações, no que diz respeito à história de Chapecó e região. Ressalta-se que estudos interdisciplinares podem realizar leituras mais amplas a partir das diversas perspectivas de cada área do conhecimento. Além de edificações localizadas em Chapecó, o conjunto documental apresenta projetos de diversas cidades do Oeste de Santa Catarina e também alguns de outras regiões, o que demonstra a amplitude da atuação da Empresa Ernesto F. Bertaso LTDA.

Catálogo digital dos projetos de edificações

Embora perceba-se, neste conjunto documental, o potencial para o desenvolvimento de diferentes pesquisas, pouco foi estudado até o momento. Um dos fatores que, até então, dificultava a pesquisa neste material era a ausência de um catálogo mais detalhado sobre o conteúdo dos projetos. Quando algum pesquisador desejava analisar os projetos, a única maneira de acessar os seus dados era manusear o documento original, o que exigia maior tempo para a pesquisa, além de representar riscos para a conservação do material. Apesar de existir um guia geral, este servia para a sua localização física, indicando em qual gaveta ou caixa o material se encontrava e limitava-se ao título do projeto e, em alguns casos, citava o ano, mas sem maiores detalhes.

Com o objetivo de estimular e facilitar a pesquisa, buscando ainda preservar os documentos originais, o CEOM desenvolveu um catálogo12 digital dos projetos de edificações. A elaboração do catálogo contou com a participação das bolsistas de extensão, Idiamara Rosignol e Fernanda Guaragni, ambas acadêmicas do curso de arquitetura e urbanismo da Unochapecó, sob a orientação do historiador do CEOM André Luiz Onghero.

Nesta etapa, foram elaboradas fichas detalhadas para cada projeto, contendo campos informativos fundamentais para o seu entendimento, como: o nome do projeto; o código de classificação; o conteúdo ou conteúdos do projeto; a data de elaboração; o local de implantação; o nome do responsável pela obra e sua formação; dimensões da edificação; a área total da obra; escala; tamanho do suporte em papel; tipo da construção (se especificado), além de uma imagem fotográfica do projeto, como apresentado logo abaixo (Figura 8).

Figura 8. Ficha de identificação dos projetos de edificação

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Fonte: CEOM/Unochapecó.

Após a análise de todo material e preenchimento das fichas, todas as plantas foram fotografadas em alta resolução por equipamento digital, de forma a permitir a consulta de pesquisadores ao arquivo digital e a inserção de uma imagem representativa para cada ficha do catálogo. Também foi reservado um campo da ficha para citar outras fontes relacionadas ao projeto, como fotografias da edificação e reportagens de jornais ou revistas que auxiliem na compreensão do seu contexto histórico. Neste sentido, o catálogo ainda deve ser aprimorado, com a inserção de referências a outras fontes que podem ser encontradas durante o desenvolvimento de pesquisas com outras coleções documentais.

Os projetos originais, encontram-se em um ambiente que possui controle de umidade e dispositivos de proteção contra incêndio. Estão guardados em gavetas de mapoteca e caixas poliondas acondicionadas em um armário em metal. Este mobiliário é adequado para a preservação de documentos em suporte papel, onde não sofrem incidência de luz direta e ficam protegidos da interferência de fatores externos. Todo manuseio dos originais deve ser feito com luvas e máscaras, para que o material não seja danificado e não cause nenhum dano a ele e às pessoas que o estejam consultando.

O catálogo dos projetos de edificações auxilia na valorização e reconhecimento do acervo documental que conta a história da colonização e desenvolvimento das cidades do oeste catarinense. Estes documentos, são de suma importância para uma melhor compreensão dos processos de evolução e crescimento urbano do município, contribuindo ainda, para a memória do local, tendo estreita relação com os aspectos arquitetônicos, culturais e socioeconômicos.

Considerações finais

Os dados apresentados neste trabalho permitem uma visão panorâmica sobre a colonização e o desenvolvimento urbano de Chapecó, uma cidade centenária que se tornou polo da região Oeste de Santa Catarina. Compreendendo que todo resultado da ação humana pode ser considerado como fonte histórica, divulgar os projetos de edificação, apresenta-se como uma contribuição para estudos mais aprofundados sobre a história de Chapecó e da região. Estes materiais trazem diversos elementos que permitem analisar o contexto histórico por diversos pontos de vista, tanto em relação aos sujeitos envolvidos no processo de urbanização, quanto aos tipos de construção e aspectos arquitetônicos. Assim, percebe-se que este acervo pode contribuir para muitas pesquisas, abrangendo diversas áreas e temáticas, como urbanização e memória da cidade.

Como parte do trabalho desenvolvido pelo CEOM, a produção do referido catálogo dos projetos de edificação é uma forma de facilitar o acesso aos dados históricos e incentivar o estudo destes materiais ao mesmo tempo em que busca preservar os documentos originais na medida em promove a utilização da sua versão digitalizada. Enquanto realização de um programa de Extensão universitária, a atividade integrou bolsistas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unochapecó em diversas tarefas, de forma interdisciplinar, possibilitando um diálogo com o campo da História. Estando disponível para a comunidade, o catálogo fornece subsídios para pesquisas e ações de valorização da memória e patrimônio cultural. Espera-se que este trabalho incentive a pesquisa nos acervos, enriquecendo a produção de conhecimento a respeito da história do Oeste de Santa Catarina.

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Revista de Arquitetura IMED, Passo Fundo, vol. 7, n. 2, p. 45-64, Julho-Dezembro, 2018 - ISSN 2318-1109

[Recebido: 11 outubro 2018; Aceito: 05 dezembro 2018]

DOI: https://doi.org/10.18256/2318-1109.2018.v7i2.2999

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