Manifestações bucais do vírus linfotrópico de células T humanas - HTLV.

Sérgio Spezzia

Resumo


O vírus linfotrópico de células T humano (HTLV) possui quatro tipos conhecidos. Os tipos 1 e 2 do HTLV caracteristicamente possuem baixa virulência e sabe-se que dentre os portadores do vírus a grande maioria permanecerá sem desenvolver doenças em decorrência. Em contrapartida o HTLV detém potencial elevado para contagiar pessoas sadias, que não conviviam com o vírus. O HTLV possui manifestações sistêmicas e bucais, merecendo ser investigado minuciosamente por intermédio de anamnese minuciosa e exame clínico. O objetivo do presente artigo foi verificar as principais manifestações bucais ocasionadas pelo HTLV. Realizou-se estudo de revisão bibliográfica, envolvendo estudos e artigos acerca das manifestações bucais oriundas do HTLV. Foram consultadas as bases de dados PubMED e Google Acadêmico. A única manifestação bucal oriunda do HTLV, restringe-se ao linfoma de células T do adulto. Indiretamente pacientes com paraparesia espástica tropical podem desenvolver a síndrome de Sjogren, advindo da infecção ocasionada pelo vírus do HTLV. O HTLV pode causar alterações neuropsicomotoras que interferem no manejo odontológico dos pacientes pelo cirurgião dentista. Os princípios da biossegurança devem ser respeitados rigorosamente pelo cirurgião dentista quando do atendimento aos pacientes portadores do HTLV, uma vez que o vírus pode contaminar o próprio profissional durante as condutas. As condutas odontológicas realizadas nos pacientes com HTLV podem auxiliar na melhora das condições e da qualidade de vida dos infectados sintomáticos, minimizando o desconforto ocasionado pela doença.


Palavras-chave


Doenças Endêmicas. Portador Sadio. Prevenção de Doenças. Paraparesia espástica tropical.

Texto completo:

PDF

Referências


Gallo RC, Blattner WA, Reitz MS Jr, Ito Y. HTLV: the virus of adult T-cell leukaemia in Japan and elsewhere. Lancet. 1982;1:683.

Gallo RC. The human T-cell leukemia/lymphotropic retroviruses (HTLV) family: past, present, and future. Cancer Res. 1985;45:4524-33.

Murphy EL, Wang B, Sacher RA, Fridey J, Smith JW, Nass CC, et al. Respiratory and urinary tract infections, arthritis, and asthma associated with HTLV-I and HTLV-II infection. Emerg Infect Dis. 2004;10:109-16.

Roucoux DF, Murphy EL. The epidemiology and disease outcomes of human Tlymphotropic virus type II. AIDS Rev. 2004;6:144-54.

Fundação Hemominas. HTLV. Cadernos Hemominas. Proietti ABFC. (Org). 6.ed, Belo Horizonte, 2015.

Silva ISP. Epidemiologia Molecular do Vírus Linfotrópico de Células T Humanas – HTLV 1/2 no Estado do Amapá – Brasil. [Dissertação]. Programa de Pós-graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Macapá: Centro de Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará, 2006.

Carneiro-Proietti ABF, Ribas JGR, Catalan-Soares BC, Martins ML, Brito Melo GEA, Martins-Filho AO, et al. Infecção e doença pelos vírus linfotrópicos humanos de células T (HTLV-I/II) no Brasil. Rev Soc Bras Med Trop. 2002;35:499-508.

Glória LM, Damasceno AS, Rodrigues LR, Santos MSB, Medeiros R, Dias GAS, et al. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes infectados pelo HTLV-1 em Belém/Pará. Cad Saúde Colet. 2015;23:157-62.

Alves FA. Prevalência de infecção pelos vírus linfotrópicos de células T humanas dos tipos 1 e 2 (HTLV-1 e HTLV-2) e vírus da imunodeficiência humana do tipo 1 (HIV-1) em população infectada pelos vírus da hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV). [Dissertação]. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2018.

Silva IC, Pinheiro BT, Nobre AFS, Coelho JL, Pereira CCC, Ferreira LSC, et al . Moderada endemicidade da infecção pelo vírus linfotrópico-T humano na região metropolitana de Belém, Pará, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2018;21:e180018.

Primate T-lymphotropic virus 1 ICTV Paris, 2002. Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Disponível em: . Acessado em 25 de janeiro de 2017.

Gotuzzo E, Moody J, Verdonck K, Cabada MM, González E, Dooren SV, et al. Frequent HTLV-1 infection in the offspring of Peruvian women with HTLV-1- associated myelopathy/tropical spastic paraparesis or strongyloidiasis. Rev Panam Salud Publica. 2007;22:223-30.

Catalan-Soares BC. Núcleos Familiares Infectados Pelo Vírus Linfotrópico de Células T Humanas: Determinantes Epidemiológicos e Genéticos (Belo Horizonte, 1997-2005). [Tese]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.

Teixeira MA. Soropositividade de mulheres para os vírus HIV e HTLV: significados do contágio do leite materno [Tese]. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Guia do manejo clínico do HTLV / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, p. 52, 2003.

Tobouti PL, Bueno GM, Sousa DR, Gomes DF, Alcantara AAS, Vale DA et al. Vírus linfotrópico das células T humanas tipo I (HTLV1): Brasil, o país com o maior número absoluto de casos de infecções e implicações na odontologia. J Biodentistry Biomat. 2015;5:27-36.

Cerqueira FS, Xavier MT. Tratamento para o Controle da Infecção pelo Vírus HTLV-1 e a Saúde Bucal dos Pacientes. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2011; 11:133-7.

Catalan-Soares B, Carneiro-Proietti AB, Proietti FA. Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em HTLV. Heterogeneous geographical distribution of Human T Cell lymphotropic viruses I and II (HTLV-1/2): serological screening prevalence rates in blood donors from large urban áreas in Brazil. Cad Saúde Pública. 2005;21:926-31.

Beilke MA. Retroviral coinfections: HIV and HTLV: taking stock of more than a quarter century of research. AIDS Res Human Retroviruses. 2012;28:139-47.

Verdonck K, González E, Van Dooren S, Vandamme A, Vanham G, Gotuzzo E. Human T-lymphotropic virus 1: recent knowledge about an ancient infection. Lancet Infect Dis. 2007;7:266-81.

Casseb J, Penalva-de-Oliveira AC. The tropical of spastic paraparesis- Human T cell leukemia type 1-associated myelophaty (TSP/HAM). Braz J Medic Biol. 2000; 33:1395-401.

Tsukasaki K, Koeffler P, Tomonaga M. Human T-lymphotropic virus type 1 infection. Bail Clin Haematol. 2000;13:231-43.

Ribas JGR, Melo GCN. Mielopatia associada ao vírus linfotrópico humano de células T do adulto do tipo 1 (HTLV-1). Rev Soc Bras Med Trop. 2002;35:377-84.

Proietti FA, Carneiro-Proietti ABF, Catalan-Soares B, Murphy EL. Global epidemiology of HTLV-I infection and associated diseases. Oncogene. 2005;24:6058-68.

Pancake BA, Zucker FD, Marmor M, Legler PM. Determination of the true prevalence of infection with the human T-cell lymphotropic viruses (HTLV-I/II) may require a combination of biomelecular and serological analyses. Proc Assoc Am Physicians. 1996;108:444-8.

Ferreira AW, Ávila SLM. Sorologia: importância e parâmetros. In: Diagnóstico laboratorial das principais doenças infecciosas e autoimunes. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.1-8, 2001.

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual Técnico para Investigação da Transmissão de Doenças pelo Sangue. Brasília, p. 108, 2004.

Catalan-Soares BC, Proietti FA, Carneiro-Proietti ABF. Os vírus linfotrópicos de células T humanos (HTLV) na última década (1990-2000): aspectos epidemiológicos. Rev Bras Epidemiol. 2001;4:81-95.

Coelho JL, Nobre AFS, Silva IC, Pinheiro BT, Ferreira LSC, Borges MS et al. Importância das ações de extensão universitária na prevenção de infecções e doenças associadas ao vírus linfotrópico-T humano. Rev Pan-Amaz Saude. 2018;9:25-31.

Orge G, Travassos MJ, Bonfim T. Convivendo com o HTLV-I. Gaz Méd Bahia. 2009;79:68-72.

Martins FM, Rezende NPM, Magalhães MHCG, Ortega KL. Conhecendo o HTLV e suas implicações no atendimento odontológico. RGO. 2011;59:293-7.

Zou S, Dodd RY, Stramer SL, Strong DM. Tissue safety study group. Probability of viremia with HBV, HCV, HIV, and HTLV among tissue donors in the United States. N Engl J Med. 2004;35:751-9.

Bazarbachi A, Hermine O. Treatment of adult T-cell leukaemia/ lymphoma: current strategy and future perspectives. Virus Res. 2001;78:79-92.

Spezzia S. Mucosite Oral. J Oral Invest. 2015;4:14-8.

Carneiro-Proietti AB. HTLV. 5ª ed. Belo Horizonte: Fundação Hemominas; 2010.




DOI: https://doi.org/10.18256/2238-510X.2020.v9i2.3176

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Journal of Oral Investigations - JOI (ISSN 2238-510X)
Faculdade Meridional – IMED – www.imed.edu.br
Rua Senador Pinheiro, 304 – Bairro Cruzeiro, 99070-220 – Passo Fundo - RS - Brasil 
Tel.: +55 54 3045 6100

 Licença Creative Commons

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

 Indexadores

 BVS_Odontologia.png DOAJ.jpg googlelogo_scholar.png
 
latindex.jpg
 SHERPA-RoMEO-long-logo.gif
 
  Diadorim.jpg
 
 
logos_DOI_CrossRef_CrossChek.png