Associação Entre Sintomas Depressivos, Ansiosos e Criatividade em Crianças: Um Estudo Exploratório Brasileiro

Rauni Jandé Roama Alves, Rosinilda Fernandes, Tatiana de Cássia Nakano, Tatiane Lebre Dias, Sylvia Maria Ciasca

Resumo


A presente pesquisa objetivou avaliar as sintomatologias depressivas, ansiosas e a criatividade, bem como verificar suas relações, em um grupo de crianças brasileiras (N = 50). A amostra foi proveniente de escola pública e a faixa etária variou entre 10 e 11 anos (M = 10.36; DP = 0.72). Foram utilizados os seguintes instrumentos: Teste de Criatividade Figural Infantil (TCFI), Escala Multidimensional de Ansiedade para Crianças (MASC) e o Inventário de Depressão Infantil (CDI). Os resultados apontaram que quatro crianças (8%) pertencentes à amostra geral apresentaram nota acima da de corte no MASC, porém, no CDI, nenhuma. No TCFI, verificou-se que as classificações dentro da média foram as mais frequentes. Somente houve correlações significativas dentro da amostra do gênero feminino, com correlações positivas e moderadas entre o MASC e o CDI e entre o Fator 2 do TCFI (Emotividade) e o CDI. Principalmente esse último dado revelou que possivelmente características depressivas podem estar relacionadas à criatividade em meninas, ou seja, uma possível dupla-excepcionalidade.


Palavras-chave


crianças; ansiedade; depressão

Texto completo:

PDF

Referências


Alves, R. J. R., & Nakano, T. C. (2015). A dupla-excepcionalidade: Relações entre altas habilidades/superdotação com a síndrome de Asperger, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtornos de aprendizagem. Revista Psicopedagogia, 32(99), 346-360. Retrieved from http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300008

American Psychiatric Association (APA). (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre, RS: Artmed.

Baas, M., De Dreu, C. K., & Nijstad, B. A. (2008). A meta-analysis of 25 years of mood-creativity research: Hedonic tone, activation, or regulatory focus?. Psychological Bulletin, 134(6), 779-806. doi: https://doi.org/10.1037/a0012815

Caires, M. C., & Shinohara, H. (2010). Transtornos de ansiedade na criança: um olhar nas comunidades. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 6(1), 62-84. doi: https://doi.org/10.5935/1808-5687.20100005

Candeias, A. A. (2008). Criatividade: Perspectiva integrativa sobre o conceito e a sua avaliação. In Morais, M. F., & Bahia, S. (Orgs.). Criatividade: Conceito, necessidades e intervenção (pp. 41-64). Braga, Portugal: Psiquilíbrios.

Carle, A. C., Blumberg, S. J., Moore, K. A., & Mbwana, K. (2011). Advanced psychometric methods for developing and evaluating cut-point-based indicators. Child Indicators Research, 4(1), 101-126. doi: https://doi.org/10.1007/s12187-010-9075-1

Cohen J. (1988). Statistical power analysis for the behavioral sciences. Hillsdale, NJ: Erlbaum.

Dancey, C., & Reidy, J. (2006). Estatística sem matemática para Psicologia: Usando SPSS para Windows. Porto Alegre: Artmed.

DeMoss, K., Milich, R., & Demers, S. (1993). Gender, creativity, depression, and attributional style in adolescents with high academic ability. Journal of Abnormal Child Psychology, 21(4), 455-467. doi: https://doi.org/10.1007/BF01261604

Denovan, A., & Macaskill, A. (2017). Stress, resilience and leisure coping among university students: applying the broaden-and-build theory. Leisure Studies, 36(6), 852-865. doi: https://doi.org/10.1080/02614367.2016.1240220

Erskine, H. E., Baxter, A. J., Patton, G., Moffitt, T. E., Patel, V., Whiteford, H. A., & Scott, J. G. (2017). The global coverage of prevalence data for mental disorders in children and adolescents. Epidemiology and psychiatric sciences, 26(4), 395-402. doi: https://doi.org/10.1017/S2045796015001158

Falah-Hassani, K., Shiri, R., & Dennis, C. L. (2016). Prevalence and risk factors for comorbid postpartum depressive symptomatology and anxiety. Journal of affective disorders, 198, 142-147. doi: https://doi.org/10.1016/j.jad.2016.03.010

Gouveia, V.V., Barbosa, G.A., Almeida, H. J. F, & Gaião, A.A. (1995). Inventário de depressão infantil - CDI: Estudo de adaptação com escolares de João Pessoa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 44(7), 345-349. Retrieved from http://psycnet.apa.org/record/1996-85592-001

Keller, C. J., Lavish, L.A., & Brown, C. (2007). Creative styles and gender roles in undergraduates students. Creativity Research Journal, 19(2-3), 273-280. doi: https://doi.org/10.1080/10400410701397396

Krumm, G., Filipppetti, V. A., Lemos, V., Koval, J., & Balabanian, C. (2016). Construct validity and factorial invariance across sex of the Torrance Test of Creative Thinking–Figural Form A in Spanish-speaking children. Thinking Skills and Creativity, 22, 180-189. doi: https://doi.org/10.1016/j.tsc.2016.10.003

LeMoult, J., Ordaz, S. J., Kircanski, K., Singh, M. K., & Gotlib, I. H. (2015). Predicting first onset of depression in young girls: Interaction of diurnal cortisol and negative life events. Journal of abnormal psychology, 124(4), 850. doi: https://doi.org/10.1037/abn0000087

Masyn, K. E., Henderson, C. E., & Greenbaum, P. E. (2010). Exploring the latent structures of psychological constructs in social development using the dimensional–categorical spectrum. Social Development, 19(3), 470-493. doi: https://doi.org/10.1111/j.1467-9507.2009.00573.x

Nakano, T C., Oliveira, K. S., & Zaia. P. (2018). A questão do gênero na criatividade. In A. Virgolim (Org.). Altas Habilidades/Superdotação: processos criativos, afetivos e desenvolvimento de potenciais (pp. 139-158). Curitiba, PR: Juruá.

Nakano, T. C. (2012). Criatividade e inteligência em crianças: Habilidades relacionadas? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(2), 149-159. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-37722012000200003

Nakano, T. C., & Wechsler, S. M. (2006). Teste Brasileiro de Criatividade Figural: proposta de instrumento. Revista Interamericana de Psicologia, 40(1), 103-110. Retrieved from http://www.criabrasilis.org.br/arquivos/pdfs/38_teste_brasileiro_de_criatividade_figural_proposta_de_instrumento.pdf

Nakano, T. C., Wechsler, S. M., & Primi, R. (2011). TCFI: Teste de Criatividade Figural Infantil. São Paulo, SP: Vetor.

Nakano, T.C., & Siqueira, L.G.G. (2012). Superdotação: Modelos teóricos e avaliação. In C. S. Hutz (Org.). Avanços em avaliação psicológica e neuropsicológica de crianças e adolescentes (pp. 277-312). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

Neihart, M. (1999). The impact of giftedness on psychological well-being. Roeper Review, 22, 10-17. doi: https://doi.org/10.1080/02783199909553991

Nunes, M. M. (2004). Validade e confiabilidade da escala multidimensional de ansiedade para crianças MASC (Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil).

Okebukola, P. A. (1986). Relationships among anxiety, belief system, and creativity. The Journal of social psychology, 126(6), 815-816. doi: https://doi.org/10.1080/00224545.1986.9713667

Organização Mundial de Saúde (OMS). (1993). CID-10: Classificação de transtornos mentais e de comportamento: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas [ICD-10: mental disorders classification and behavior: clinical descriptions and diagnostic guidelines]. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Polanczyk, G. V., Salum, G. A., Sugaya, L. S., Caye, A., & Rohde, L. A. (2015). Annual Research Review: A meta analysis of the worldwide prevalence of mental disorders in children and adolescents. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 56(3), 345-65. doi: https://doi.org/10.1111/jcpp.12381

Prado, R. M., Alencar, E. M., & Fleith, D. D. S. (2016). Diferenças de gênero em criatividade: análise das pesquisas brasileiras. Boletim de Psicologia, 66(144), 113-124. Retrieved from http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432016000100010&lng=pt&nrm=iso.

Reisman, J. A., & McAlister, M. E. (2018). The Cosmo Girl Invades Middle Schools: Grooming Girls for Disease and Depression. JL & Soc. Deviance, 15, 1. Retrieved from https://www.researchgate.net/publication/329572427_THE_COSMO_GIRL_INVADES_MIDDLE_SCHOOLS_GROOMING_GIRLS_FOR_DISEASE_AND_DEPRESSION

Salk, R. H., Hyde, J. S., & Abramson, L. Y. (2017). Gender differences in depression in representative national samples: Meta-analyses of diagnoses and symptoms. Psychological bulletin, 143(8), 783. doi: https://doi.org/10.1037/bul0000102

Siu, A. L. (2016). Screening for depression in children and adolescents: US Preventive Services Task Force recommendation statement. Annals of Internal Medicine, 164(5), 360-366. doi: 0.1542/peds.2015-4467

Skovlund, C. W., Kessing, L. V., Mørch, L. S., & Lidegaard, Ø. (2017). Increase in depression diagnoses and prescribed antidepressants among young girls. A national cohort study 2000–2013. Nordic journal of psychiatry, 71(5), 378-385. doi: https://doi.org/10.1080/08039488.2017.1305445

Smith, G. J. W., & Carlsson, I. (1985). Creativity in middle and late school years. International Journal of Behavioral Development, 8, 329-343. doi: https://doi.org/10.1177/016502548500800307

Strauss, H., Hadar, M., Shavit, H., & Itskowitz, R. (1981). Relationship between creativity, repression, and anxiety in first graders. Perceptual and Motor Skills, 53(1), 275-282. doi: https://doi.org/10.2466/pms.1981.53.1.275

Torrance, E. P. (2000). Research review for the Torrance Test of Creative Thinking Figural and Verbal Forms A and B. Bensenville, IL: Scholastic Testing Service.

Touchette, E., Henegar, A., Godart, N. T., Pryor, L., Falissard. B., Tremblay, R. E., & Côté, S. M. (2011). Subclinical eating disorders and their comorbidity with mood and anxiety disorders in adolescent girls. Psychiatry research, 185(1-2), 185-92. doi: https://doi.org/10.1016/j.psychres.2010.04.005

Wathier, J. L., & Dell’aglio, D. D. (2007). Sintomas depressivos e eventos estressores em crianças e adolescentes no contexto de institucionalização. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 29(3), 305-314. doi: https://doi.org/10.1590/S0101-81082007000300010

Wechsler, S.M. 2008. Criatividade: Descobrindo e encorajando. São Paulo, SP: Psy.

Wolk, C. B., Carper, M. M., Kendall, P. C., Olino, T. M., Marcus, S. C., & Beidas, R. S. (2016). Pathways to anxiety–depression comorbidity: A longitudinal examination of childhood anxiety disorders. Depression and anxiety, 33(10), 978-986. doi: https://doi.org/10.1002/da.22544

Xiong, Y., Li, Y., Chen, Y., Yuan, P., Fan, Y., & Jiang, W. (2015). The creative investigation of brain activity with EEG for gender and left/right-handed differences. Journal of Mechanics in Medicine and Biology, 15(4), 1-12. doi: https://doi.org/10.1142/s0219519415500542




DOI: https://doi.org/10.18256/2175-5027.2021.v13i1.3424

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2021 Rauni Jandé Roama Alves, Rosinilda Fernandes, Tatiana de Cássia Nakano, Tatiane Lebre Dias, Sylvia Maria Ciasca

ISSN 2175-5027

Licença Creative Commons
Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

BASES DE DADOS E INDEXADORES

  Periódicos CAPES
DOAJ.jpg
 
dialnet.png
 
REDIB
latindex.jpg
  Diadorim.jpg   Google Scholar
  erihplus.png  
circ.png
 SIS