A Psicoterapia cognitivo-comportamental para Crianças e Adolescentes vítimas de Violência Psicológica e Alienação Parental

Ilana Luiz Fermann, Cátula da Luz Pelisoli

Resumo


A violência é um problema social e de saúde pública vitimizando milhares de crianças e adolescentes no Brasil e no mundo. Crianças e adolescentes se tornam frequentemente vítimas de violência perpetrada comumente por familiares e pessoas próximas. A violência pode gerar sintomas e transtornos psicológicos, prejudicando a vida desses indivíduos. A psicoterapia cognitivo-comportamental é uma alternativa para prevenção e tratamento em casos de violência contra crianças e adolescentes. Esse artigo de revisão de literatura buscou caracterizar e discutir a violência psicológica sofrida por crianças e adolescentes, assim como as consequências desta para o desenvolvimento. Além disso, o artigo objetivou verificar como a psicoterapia cognitivo-comportamental está sendo utilizada para o tratamento desses casos. Os resultados apontaram que a psicoterapia cognitivo-comportamental é eficaz para o tratamento de vítimas de violência psicológica. Além disso, é importante que exista uma boa relação terapêutica e que o paciente possa cooperar no tratamento e na realização de tarefas propostas pelo psicoterapeuta. Sugere-se também que estudos futuros adaptem o modelo de grupoterapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, para crianças e adolescentes vítimas de violência psicológica.

Texto completo:

PDF

Referências


Abranches, C.D., & Assis, S.G. (2011). A (in)visibilidade da violência psicológica na infância e adolescência no contexto familiar. Revista Caderno de Saúde Pública, 27(5), 843-854. doi: 10.1590/S0102-311X2011000500003

Abranches, C.D, Assis, S.G. & Pires, T.O. (2013). Violência psicológica e contexto familiar de adolescentes usuários de serviços ambulatoriais em um hospital pediátrico público terciário. Ciência & Saúde Coletiva, 18(10), 2995-3006. doi: 10.1590/S1413-81232013001000024

Asbahr, F.R., & Ito, L.M. (2009). Técnicas cognitivo-comportamentais na infância e adolescência. In.: Cordioli, A.V. e cols. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed.

Avanci, J.Q., Assis, S.G., César dos Santos, N., & Oliveira, R.V.C. (2005). Escala de violência psicológica contra adolescentes. Revista Saúde Pública, 39(5), 702-708. doi: 10.1590/S0034-89102005000500002

Barbosa, R., Labronici, L.M., Sarquis, L.M.M., & Mantovani, M.F. (2011). Violência psicológica na prática profissional da enfermeira. Revista da Escola de Enfermagem, 45(1), 26-32. doi: 10.1590/S0080-62342011000100004

Baker, A. J. (2005). The long-term effects of parental alienation on adult children: A qualitative research study. The American Journal of Family Therapy, 33(1), 289-302. doi: 10.1080/01926180590962129

Bisson, J,I., Ehlers, A., Matthewsm R., Pilling, S., Richards, D., Turner, S. (2007). Psychological treatments for chronic posttraumatic stress disorder. Systematic review and metaanalysis. Journal of Psychiatry, 190(1), 97-104. doi: 10.1192/bjp.bp.106.021402

Brasil (2010). Lei 12.318. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm

Brassard, MR., Hart D.B.(1993). The psychological maltreatment rating scales. Child Abuse Neglect, 17(6):715-729.

Brito, L. T. (2012). Anotações sobre a psicologia jurídica. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(num.esp.), 194-205. doi: 10.1590/S1414-98932012000500014

Brito, A.M.M., Zanetta, D.M.T., Mendonça, R.C.V., Barison, S.Z.P., & Andrade, V.A.G. (2005). Violência doméstica contra crianças e adolescentes: estudo de um programa de intervenção. Revista Ciência e Saúde Coletiva, 10(1), 143-149. doi: 10.1590/S1413-81232005000100021

Caminha, R.M., Habigzang, L.F., & Bellé, A. (2003). Epidemiologia de abuso sexual infantil na Clínica Escola PIPAS/UNISINOS. In: Benvenutti, V. (Org.) Cadernos de extensão da Unisinos/RS. São Leopoldo: Ed. Unisinos.

Caminha, R. M., Kristensen, C.H., & Dornelles, V.G. (2009). Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de estresse pós traumático. In: Cordioli, A.V. (cols). Psicoterapias abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed.

Cohen, J. A., Mannarino, A. P., & Deblinger, E. (2006). Treating trauma and traumatic grief in children and adolescents. New York, NY: Guilford Press

Cohen, J. A., Bukstein, O., Walter, H., Benson, S. R., Chrisman, A., Farchione, T. R., Hamilton, J., Keable, H., Kinlan, J., Schoettle, U., Siegel, M., Stock, S., & Medicus, J. (2010). Practice parameter for the assessment and treatment of children and adolescents with posttraumatic stress disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 49(1), 414–430. doi: 10.1016/j.jaac.2009.12.020

Costa, M.C.O., Carvalho, R.C., Santa Bárbara, J.F.R., Santos, C.A.S.T., Gomes, W.A., & Sousa, H.L. (2007). O perfil da violência contra crianças e adolescentes, segundo registros de Conselhos Tutelares: vítimas, agressores e manifestações de violência. Ciência e Saúde Coletiva, 12(5), 1129-1141. doi: 10.1590/S1413-81232007000500010

Claussen, A.H., & Crittenden, P.M. (1991).Physical and psychological maltreatment relations among types of maltreatment. Child Abuse Neglect, 15(1-2), 5-18. doi: 10.1016/0145-2134(91)90085-R

Dahlberg L.L., & Krug, E.G. (2007). Violência: um problema global de saúde pública. Ciência & Saúde Coletiva, 11(1), 1163-1178. doi: 10.1590/S1413-81232006000500007

Dantas, C., Jablonski, B., & Féres-Carneiro, T. (2004). Paternidade: Considerações sobre a relação pais-filhos após a separação conjugal. Paidéia,14(1),347-355. doi: 10.1590/S0103-863X2004000300010

Darnall, D. (2011). The psychosocial treatment of parental alienation. Child and Adolescent, 20 (1), 479-494. doi: 10.1016/j.chc.2011.03.006

Davis, J., & Wright, J. (2008). Children’s voices: A review of the literature pertinent to looked-after children’s views of mental health services. Child and Adolescent Mental Health, 13(1), 26–31. http://dx.doi.org/10.1111/j.1475-3588.2007.00458.x

De Antoni, C. (2012). Abuso emocional parental contra crianças e adolescentes. In: Habigzang & Koller (2012). Violência contra crianças e adolescentes: Teoria, Pesquisa e Prática (pp 33-42). Porto Alegre: Artmed.

Dittmann, I., & Jensen, T.K. (2014). Giving a voice to traumatized youth – Experiences with trauma-focused cognitive behavioral therapy. Child Abuse e Neglect, 38(1), 1221-1230. doi: 10.1016/j.chiabu.2013.11.008

Dobson, K. S., & Scherrer, M. S. (2004). História e futuro das Terapias CognitivoComportamentais. In P. K. (org) (Ed.), Terapia Cogntivo-Comportamental na prática psiquiátrica (pp. 42-57). Porto Alegre: Artmed.

Ferreira, C. S. G. (2012). A síndrome da alienação parental (SAP) sob a perspectiva dos regimes de guardo de menores. Revista do Instituto Brasileiro de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1(1), 245. Retrieved from http://cidp.pt/publicacoes/revistas/ridb/2012/01/2012_01_0245_0279.pdf

Freake, H., Barley, V., & Kent, G. (2007). Adolescents’ views of helping professionals: A review of the literature. Journal of Adolescence, 30(4), 639–653. Doi: 10.1016/j.adolescence.2006.06.001

Gardner, R.A. (1999). Differentiating between parental alienation syndrome and bona fide abuse-neglect. The American Journal of family Therapy, 27(1), 97-107. Retrieved from http://www.fact.on.ca/Info/pas/gardnr99.htm

Habigzang, L.F. & Koller, S. H. (2011). Intervenção psicológica para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual – Manual de capacitação profissional. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Habigzang, L.F., Stroeher, F. H., Hatzenberger, R., Cunha, R., Cassol, R., M., & Koller, S.H. (2009). Grupoterapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Revista de Saúde Pública, 43(Suppl. 1), 70-78. doi: https://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009000800011

Hussey, J.M., Chang, J.J. & Kotch, J.B. (2006). Child maltreatment in the United States: prevalence, risk factors, and adolescent health consequences. Pediatrics, 118(1), 933-942. Retrieved from http://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/933.long

Kopetski, L. M. (1998). Identifying Cases of Parent Alienation Syndrome – Part I. The Colorado Lawyer, 27(2), 65-68. Retrieved from http://fact.on.ca/Info/pas/ kopet98a.pdf

Lago, V. M., & Bandeira, D. R. (2009). A Psicologia e as demandas atuais do direito de família. Psicologia Ciência e Profissão, 29(2), 290-305. doi: 10.1590/S1414-98932009000200007

Lago, V.M., Amaral, C.E.S., Bosa, C.A., & Bandeira, D.R. (2010). Instrumentos que avaliam relação entre pais e filhos. Revista brasileira crescimento e desenvolvimento humano, 20(2), 330-341. Retrieved from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v20n2/15.pdf

Lavadera, A. L., Ferracuti, S., & Togliatti, M. M. (2012). Parental alienation syndrome in Italian legal judgements: An exploratory study. International Journal of Law and Psychiatry, 35(1), 334–342. doi: 10.1016/j.ijlp.2012.04.005

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2014). American Psychiatric Association. Porto Alegre: Artmed.

Major, J. A. (2000). Parents who have successfully fought parental alienation syndrome. Retrieved from http://www.livingmedia2000.com/pas.htm

Nice. (2005). NICE clinical guidelines on post-traumatic stress disorder. Retrieved from http://www.nice.org.uk/Guidance/CG26

O’Hagan KP.(1995). Emotional and Psychological abuse: problems of definition. Child Abuse Neglect,19(4):449-461. doi: 10.1016/0145-2134(95)00006-T

Oliveira, P.A., Scivoletto, S., & Cunha, P.Z.(2010). Estudos neuropsicológicos e de neuroimagem associados ao estresse emocional na infância e adolescência. Revista Psiquiatria Clínica, 37(6), 271-279. doi: 10.1590/S0101-60832010000600004

Organização Mundial da Saúde. Violência – um problema mundial de saúde pública. In: Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial sobre Violência e Saúde. Genebra: OMS, 2002, p, 1-22.

Organização Mundial da Saúde (2008). Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10). São Paulo: Saraiva.

Parke, R.D, Slaby R,G. The development of aggression. In: Hetherington EM, Mussen PH, editors. Handbook of child psychology: Vol. 4. Socialization, personality, and social development. New York: Wiley; 1893. p. 547-641

Pereira, M., & Rangé, B.P. (2011). Terapia Cognitiva. In.: Rangé, B. e cols. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed.

Sears H.A., Byers, E.S., Whelan, J.J., Saint-Pierre, M. (2006). If it hurts you, then it is not a joke: adolescents’ ideas about girls and boys use of abusive behavior in dating relationships. Journal Interpers Violence, 21(9):1191-1207. doi: 10.1177/0886260506290423

Shirk, S. R., & Karver, M. (2003). Prediction of treatment outcome from relationship variables in child and adolescent therapy: A meta-analytic review.Journal of Consulting and Clinical Psychology, 71(3), 452–464. http://dx.doi.org/10.1037/0022-006X.71.3.452

Shirk, S. R., Karver, M. S., & Brown, R. (2011). The alliance in child and adolescent psychotherapy. Psychotherapy, 48(1), 17–24. http://dx.doi.org/10.1037/a0022181

Sottomayor, M. C. (2011). Uma análise crítica da síndrome de alienação parental e os riscos da sua utilização nos tribunais de família. Julgar, 13(1), 73-107. Retrieved from http://julgar.pt/wp-content/uploads/2015/10/073-107-Aliena%C3%A7%C3%A3o-parental.pdf

Sousa, A. M. (2010). Discursos sobre a síndrome da alienação parental no Brasil. In: A. M. Sousa (Ed.), Síndrome da alienação parental: Um novo tema nos juízos de família (pp. 143-175). São Paulo: Cortez.

Suárez, R. J. V. (2011). Descripción del síndrome de alienación parental em una muestra forense. Psicothema, 23(4), 636-641. Retrieved from http://www.psicothema.com/pdf/3934.pdf

Ventura, P., Pedrozo, A.L., Berger, W., Figueira, I.L.V, & Caminha, R.M. (2011). Transtorno de estresse pós traumático. In: Rangé, B. (cols). Psicoterías cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed.

Wagner A., Ribeiro, L., Arteche, A., & Bornholdi E. (1999). Configuração familiar e o bem-estar psicológico dos adolescentes. Revista Psicologia Reflexão e Crítica, 12(1), 147-156. doi: 10.1590/S0102-79721999000100010

Williams, L.C.A & Habigzang, L.F (2014). Uma breve introdução: tecnologia social da ciência psicológica para o enfrentamento da violência da criança e do adolescente. In: Williams, L.C.A & Habigzang, L.F. (Orgs), Crianças e adolescentes vítimas de violência (pp, 9-11). Curitiba: Juruá.

Zambon, M.P., Jacintho, A.C.A., Medeiros, M.M., Guglielminetti, R. & Marmo, D.B. (2012). Violência doméstica contra crianças e adolescentes: um desafio. Revista da Associação Médica do Brasil, 58(4), 465-471. doi: 10.1590/S0104-42302012000400018




DOI: https://doi.org/10.18256/2175-5027/psico-imed.v8n1p76-86

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2016 Revista de Psicologia da IMED

ISSN 2175-5027

Licença Creative Commons
Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

BASES DE DADOS E INDEXADORES

  Periódicos CAPES
DOAJ.jpg
 
dialnet.png
 
REDIB
latindex.jpg
  Diadorim.jpg   Google Scholar
  erihplus.png  
circ.png
 SIS