Mulheres que cometeram homicídio: representações, práticas e trajetórias sociocriminais

Autores

  • Odacyr Roberth Moura da Silva Universidade Federal do Espírito Santo http://orcid.org/0000-0002-4998-6347
  • Lucas Nápoli dos Santos Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
  • Jefferson Calili Ribeiro Universidade Vale do Rio Doce
  • Eliza de Oliveira Braga Universidade Federal de São João Del-Rei
  • Sônia Maria Queiroz de Oliveira Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Carlos Alberto Dias Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

DOI:

https://doi.org/10.18256/2175-5027/psico-imed.v8n1p20-29

Resumo

O objetivo deste estudo é conhecer e analisar trajetórias sociocriminais de mulheres que cometeram o crime de homicídio, não do ponto de vista jurídico, mas das representações sociais presentes em seus discursos. O artigo foi elaborado a partir das narrativas referentes ao ato cometido, coletadas através de entrevistas em profundidade realizadas junto a mulheres homicidas que cumprem pena na APAC de um município mineiro. Os três eixos norteadores da entrevista abarcaram os temas lei, cumprimento da lei e crime. As entrevistadas, através de seu discurso, apresentam consciência do que é a lei. Acreditam que “lei” serve para punir, fazer com que as pessoas paguem pelos erros cometidos contra a sociedade. Consideram que cometer um crime é algo errado e que não vale a pena devido às consequências negativas que o ato produz. As entrevistadas parecem apresentar certo grau de arrependimento, não necessariamente por terem praticado o crime de homicídio, mas pela punição a elas imputada. O número reduzido de estudos sobre o tema e a invisibilidade na qual a mulher homicida está submetida torna imprescindível reflexão aprofundada sobre a dinâmica social na qual elas estão inseridas, bem como sobre os contextos em que este tipo de violência emerge.

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Biografia do Autor

  • Odacyr Roberth Moura da Silva, Universidade Federal do Espírito Santo
    Graduado em Psicologia pela Universidade Vale do Rio Doce e em Pedagogia pela Universidade de Uberaba. Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Bolsista do CNPq.
  • Lucas Nápoli dos Santos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
    Psicólogo. Doutorando em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor na Faculdade Pitágoras.
  • Jefferson Calili Ribeiro, Universidade Vale do Rio Doce
    Advogado. Especialista em Ciências Criminais pela UCAM. Mestre em Gestão integrada do Território pela Univale.
  • Eliza de Oliveira Braga, Universidade Federal de São João Del-Rei
    Mestranda em psicologia pela Universidade Federal de São João Del-Rei. Graduada em Psicologia pela Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE.
  • Sônia Maria Queiroz de Oliveira, Universidade Federal de Juiz de Fora
    Graduada em pedagogia pela Univale e em direito pela Fadivale. Especialista em Direito Público com ênfase em Direito Constitucional. Mestre em Gestão Integrada do Território pela Univale. Professora adjunta da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
  • Carlos Alberto Dias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
    Graduado em Psicologia e Filosofia. Pós-graduado em Psicologia e em Administração e Gerência. Mestre e Doutor em Psicologia Clínica. Professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

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Publicado

2016-06-01

Edição

Seção

Empirical Research