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Ética Organizacional: Uma Análise do Perfil dos Artigos Publicados na Base de Dados Scielo entre 2000 e 2016

Organizational Ethics: An Analysis of Profile of the Scientific Productions Published in the Base of Data Scielo Between 2000 and 2016

Gabriel Sperandio Milan(1); Vinicius Zanchet de Lima(2);
Antônio Jorge Fernandes(3); Daniela Baggio(4)

1 Universidade de Caxias Do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Universidade de Caxias Do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

3 Universidade de Aveiro, Portugal. E-mail: [email protected]

4 Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo

O artigo teve como objetivo investigar o perfil das produções científicas nacional sobre ética organizacional publicadas na base de dados Scielo no período de 2000 a 2016. A partir de uma pesquisa bibliométrica e descritiva, de natureza quantitativa, foram pesquisadas as características e finalidade dos artigos publicados, identificando os indicadores de publicação por instituição, por periódico e por autoria, bem como a metodologia e a classificação bibliográfica dos artigos. A amostra, representada por 17 trabalhos, evidenciou que existe uma pequena produção no período analisado, com predominância de estudos bibliográficos. Inclusive, verificou-se que existe pouca incidência em grupos de pesquisa na área.

Palavras-chave: Ética organizacional, publicações, produção científica

Abstract

The study aimed to investigate the profile of the scientific production on organizational ethics published in the base of data Scielo from 2000 to 2016. From bibliometric and descriptive research, of quantitative nature, they were researched the characteristics and purpose of the published goods, identifying the publication indicators for institution, for newspaper and authorship, as well as the methodology and the bibliographical classification of the goods. The sample represented by 17 works, pointed out that there is a small production in the period with a predominance of bibliographical studies. Inclusive there is little focus on research groups in the area.

Keywords: Organizational ethics, publications, scientific production

1 Introdução

As discussões sobre ética nunca foram tão importantes no cenário nacional, tendo em vista o momento vivido pelo país, no qual, cada vez mais, são comuns escândalos que apontam para um comportamento antiético nos mais diversos contextos, incluindo os ambientes político e econômico (Behring, 2013) bem como o ambiente empresarial. É comum a imprensa retratar casos de suborno, corrupção, negligência, desvios financeiros, calotes, assédios, entre tantos outros fenômenos negativos, seja em órgãos públicos seja em organizações privadas, destacando uma crise ética que marca as relações institucionais e os governos (Castro & Avila, 2013).

Por conseguinte, tem-se observado uma falta de comprometimento ético, que tem marcado profundamente a forma de administrar as organizações (Gibson, 2007; Monteiro, Santo, & Bonacina, 2005). Portanto, observa-se a premência de se pesquisar o tema de modo a evitar os comportamentos indesejados dentro do contexto organizacional (Resende, 2016).

Neste contexto, Lisboa (1997), de forma simplificada, considera que o termo “ética” pode ser compreendido como um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bem e o mal, certo ou errado. Popularmente a ética diz respeito aos princípios de conduta que norteiam um indivíduo ou grupo de indivíduos (Lisboa, 1997; Korte, 1999). Contudo, cabe considerar a origem do termo ethos e seu campo de ação a partir da Filosofia (Sá, 2007; Arruda, Whitaker, & Ramos, 2009; Arkes et al., 1991). Aliás, Sá (2007) esclarece que a palavra ética derivada do grego ethos, a qual tem como raiz o significado de costume. A ética se constitui em uma ciência prática que estuda os atos do homem, sendo compreendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes, envolvendo os estudos de aprovação e desaprovação dos seres humanos (indivíduos) e os seus valores e princípios ou suas crenças (Luño, 1982; Taille, Souza, & Vizioli, 2004).

Não apenas no cenário político as questões éticas têm sido consideradas, sendo que no contexto organizacional também é importante a promoção da ética e de valores e princípios como forma de comprometimento e de responsabilidade perante a sociedade (Batista & Maldonado, 2008; Arruda et al., 2009; Arkes et al., 1991).

As empresas estão inseridas na sociedade e também são formadas por pessoas, sendo por isso a ética um elemento fundamental nas relações e que está presente intrinsecamente na atividade econômica e empresarial (Batista & Maldonado, 2008). Além disso, a ética deve estar presente em toda a prática organizacional, não consistindo apenas em um conhecimento abstrato. A ação ética deve ser concretizada no cotidiano e não apenas em certas ocasiões excepcionais ou que geram conflitos dentro das empresas (Zoboli, 2001; Wlody, 2007). No entanto, o comportamento ético em uma organização não deve ser resultar apenas de uma exigência do mercado, mas de um comportamento espontâneo (Bondarik, Pilatti, & Francisco, 2006). O comportamento ético nas organizações, portanto, é definido pelas ações realizadas conforme as normas sociais vigentes de como é adequado se comportar no ambiente de trabalho (Treviño, den Nieuwenboer, & KishGephart, 2014).

Quando uma organização prioriza a ética, releva uma prática honesta, justa (equitativa) e democrática, atuando por princípios e não por conveniência. Essa forma de gestão gera sucesso e reconhecimento, contribuindo para o crescimento e estabilidade no mercado (Passos, 2007). Daí a relevância de termos cuidado com ideias cotidianas que focam em resultados nas organizações, o que é algo adequado, porém, que pode levar a comportamentos e atitudes deturpados. Frases frequentemente multiplicadas pelas pessoas merecem uma reflexão mais profunda e consciente. Um exemplo disso é a ideia de que “os fins justificam os meios”, o que nem sempre é cabível ou dentro de um padrão ético comportamental.

Pensando na relevância desta temática e pelo fato da questão ética estar sendo retratada de forma relevante pela imprensa em geral, insta verificar como esse assunto vem sendo analisado pelas publicações científicas (Gasparindo & Grohs, 2014). Esta problemática se torna relevante, tendo em vista a representatividade dos estudos e pesquisas para a disseminação de informações no âmbito acadêmico (Arruda et al., 2009). Sendo assim, destaca-se a importância da análise da produção científica e da veiculação em periódicos disponíveis on line, buscando compreender de que forma o conhecimento acadêmico vem sendo ampliado acerca da ética organizacional (Gasparindo & Grohs, 2014). Apesar da extensa tradição de pesquisa no contexto internacional, observa-se ainda uma incipiente preocupação dos pesquisadores brasileiros com a temática e a necessidade de ampliar os estudos na área (Resende, 2016).

Por isso, mapeou-se o que foi produzido nacionalmente nos últimos 16 anos na base de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo), a fim de direcionar futuras pesquisas, bem como observar e analisar os diferentes indicadores bibliométricos. Dessa forma, este estudo teve como objetivo investigar o perfil das produções científicas nacionais sobre ética organizacional, publicadas na base de dados Scielo. A escolha da base de dados Scielo se justifica por ser considerada um modelo para a publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na internet (Lima, Eberle, & Baggio, 2016).

Especificamente elaborada para responder às necessidades da comunicação científica nos países em desenvolvimento, propõe-se a disponibilizar, em texto integral, artigos e periódicos completos para aumento da visibilidade e acesso (Open Access) à ciência brasileira e regional. Trata-se também de uma resposta à necessidade de soluções confiáveis para a publicação eletrônica de periódicos e que sejam compatíveis com as iniciativas internacionais mais importantes (Packer, 1998).

Para alcançar o objetivo do estudo, buscou-se pesquisar as características e finalidade dos artigos publicados, identificando os indicadores de publicação por instituição, por periódico e autoria, bem como a metodologia e instrumentos de coleta de dados utilizados e a classificação bibliográfica dos artigos.

O artigo está estruturado em seções. Inicialmente, na Introdução, é apresentada a delimitação e o objetivo do estudo. Na segunda seção, apresenta-se a revisão da literatura. Na terceira seção, o método de pesquisa, onde são apresentados os procedimentos metodológicos da pesquisa. Na quarta seção, é descrita a análise dos resultados; e, por fim, na quinta seção, são discutidas as considerações finais da pesquisa.

2 Referencial teórico

As discussões acerca da ética organizacional têm se tornado cada vez mais importantes (Leite, 2002). A competitividade crescente do mercado e os dilemas éticos do cenário político e econômico são desafios às empresas e à ética, exigindo que sejam conciliados os interesses individuais, organizacionais e sociais (Bondarik et al., 2006).

A ética, como expressão única do pensamento correto, conduz à ideia de universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa em princípios válidos para todo pensamento normal e sadio (Lisboa, 1997). É nesta perspectiva que a ética deve fazer parte da conduta humana. Responsabilidades éticas correspondem a atividades, práticas, políticas e comportamentos esperados (no sentido positivo) ou proibidos (no sentido negativo) por membros da sociedade, apesar de não codificados em leis (Chanlat, 1992). Elas envolvem uma série de normas, padrões ou expectativas de comportamento para atender àquilo que os diversos públicos consideram legítimo, correto e justo, de acordo com seus direitos morais ou expectativas (Ashley, 2005).

O termo ética, anteriormente reservado à filosofia, e praticamente desconhecido do grande público, emergiu com força na linguagem e na prática das organizações ou instituições modernas (Ashley, 2005). A expansão do ideário capitalista e individualista tem contribuído para o reaparecimento das preocupações éticas traduzidas no mal-estar da sociedade em consequência do triunfo da racionalidade instrumental, que tende a fazer dos seres humanos objetos manipuláveis (Phillips, 2003; Enriquez, 1997).

A atuação ética em cada indivíduo, e que, consequentemente, guia suas ações, pode ser conduzida por dois tipos de ética: a das convicções ou a das responsabilidades. Na ética das convicções, o apego a determinados valores e normas prevalece, os quais são assumidos como universais e valem para qualquer contexto, sociedade, cultura e organização (Chanlat, 1992; Porter & Schneider, 2014). Na ética das responsabilidades, a reflexão ética ocorre não pelas leis universais que vão reger o comportamento, mas sim pelas consequências da ação empreendida, fazendo-se, então, uma reflexão sobre os resultados da ação, e não existindo padrões de conduta definidos rigidamente a priori (Ashley, 2005).

No mundo das organizações e da gestão, tem-se observado um crescente retorno às interrogações morais, relacionados a escândalos financeiros, crescimento de atitudes cada vez mais egoístas entre gestores, decisões especulativas, perturbações geradas pela técnica e diminuição generalizada da consciência profissional em diversos níveis das empresas (Chanlat, 1992; Arruda et al., 2009). Contudo, o que se tem observado é uma falta de responsabilidade dos indivíduos com relação aos valores éticos e morais (Taille et al., 2004).

Para Hoffman e More (1990), existem três bases da ética que se relacionam com as estratégias que os gestores podem aplicar: (i) o relativismo ético; (ii) a ética dos princípios universais; e (iii) o consequencialismo. No entanto, para Bothrigth (2003), existem outras perspectivas utilitaristas como: maximização da utilidade, hedonismo, universalismo e intencionalidade. Este foco da ética tem como objetivos econômicos, através das atividades sociais, estas ações sociais são instrumentos para a melhoria da reputação da organização, fazendo com que a empresa obtenha mais clientes e assim aumentando seu faturamento.

Mesmo ao se considerar os indivíduos como seres idiossincráticos, com suas respectivas visões particulares sobre a vida e sobre as coisas, as responsabilidades éticas correspondem a valores morais específicos. Valores morais dizem respeito às crenças pessoais sobre comportamento eticamente correto ou incorreto, tanto por parte do próprio indivíduo quanto com relação aos outros (Arruda et al., 2009; Nielsen, Nykodym, & Brown, 1991). É dessa maneira que valores morais e éticos se complementam (Chanlat, 1992). A moral pode ser vista como um conjunto de valores e de regras de comportamento que as coletividades, sejam elas nações, grupos sociais ou organizações, adotam por julgarem tais valores e regras como corretos e desejáveis (Taille et al., 2004).

Por conseguinte, a ética abrange as representações imaginárias que dizem aos agentes sociais o que se espera deles, que comportamentos são bem-vindos, qual é a melhor maneira de agir coletivamente, o que é o bem e o que é o mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício. A ética é mais sistematizada e corresponde a uma teoria de ação rigidamente estabelecida (Ashley, 2005).

No Brasil, considerado um dos países mais corruptos do mundo, essa problemática da antiética no mundo empresarial está relacionada à falta de credibilidade em relação a inúmeras ocupações, posições sociais e organizacionais e profissões (Castro & Avila, 2013). Os problemas clássicos são: a intromissão na privacidade das famílias com a venda porta a porta, a forte pressão persuasiva para que as pessoas comprem, a aceleração da obsolescência dos produtos para que sejam substituídos rapidamente por novos modelos ou estilos e os apelos que reforçam as compras por motivos de materialismo, hedonismo, consumo supérfluo e outros (Arruda & Vasconcellos, 1989), próprios à falibilidade do caráter humano.

Um grande desafio das organizações atuais é a adoção de uma postura ética e socialmente responsável, pois esse fator passou a ser uma exigência da sociedade (Arruda, 2002). A ética e a responsabilidade social causam impacto positivo no sucesso das empresas, porque os consumidores fazem julgamentos éticos que influenciam suas compras, bem como os investidores também exigem transparência porque percebem que as empresas mais éticas garantem melhor os seus investimentos (Castro & Avila, 2013; Nielsen et al., 1991).

É importante considerar que a ética empresarial pode ser entendida como sendo um conjunto de comportamentos explicitados pelas organizações quando atuam em conformidade com os princípios, os valores e os padrões éticos que são impostos e aceitos como corretos pela sociedade (Arruda et al., 2009). A ética empresarial serve como marco referencial para que a organização atinja os seus objetivos desta forma satisfaça a todos aqueles que com ela encontram-se relacionados direta ou indiretamente relacionados (Bondarik et al., 2006).

A partir disso, há uma tendência evocando um novo olhar acerca da responsabilidade das organizações perante a sociedade, uma vez que não é mais tolerado a maximização dos lucros e o crescimento das empresas sem considerar as questões ética, sociais e ambientais (Castro & Avila, 2013). Em decorrência disso, observa-se o surgimento de novos paradigmas ético-comportamentais no âmbito das organizações empresariais, especialmente pela valorização da ética e pela diversificação e acesso aos meios de comunicação de massa, transformando a sociedade e fazendo com que o público se tornasse conhecedor dos mais diversos comportamentos desempenhados por órgãos públicos e privados, bem como seus executivos e gestores (Bondarik et al., 2006).

Apesar da relevância da ética organizacional como temática de investigação acadêmica, a maioria dos estudos bibliométricos ou de análise da produção científica na área foca mais na responsabilidade social, que é uma das dimensões da ética empresarial (Castro & Avila, 2013), caracterizando, neste contexto, uma lacuna de pesquisa.

A responsabilidade social pressupõe consciência e compromisso das empresas com mudanças sociais (Friedman, 2007; Arruda et al., 2009). As empresas reconhecem sua obrigação não só com acionistas, clientes e demais stakeholders, mas também com os seres humanos, com a construção de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, ou seja, uma sociedade melhor para todos, pois desta forma ela é uma pratica moral, que orientada pela ética, vai além das obrigações legais e econômicas, rumo às sociais, respeitando as culturas, as necessidades e os desejos das pessoas (Passos, 2007). Para Wright, Kroll e Parnell (2000) as empresas socialmente responsáveis são aquelas que buscam valores monetários para seu auto sustento, mas, ao mesmo tempo, para beneficiar de alguma forma a sociedade.

Mesmo que o tema seja abordado recentemente pela área de comportamento organizacional, é apontando por revisões e meta-analises que existe uma extensa pesquisa internacional sobre o tema (Treviño, Weaver, & Reynolds, 2006; Treviño et al. 2014; Kish-Gephart, Harrison, & Treviño, 2010).

O estudo de Moretti e Campanario (2009) buscou caracterizar o estado da arte das publicações brasileiras na área da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), analisando o perfil dos autores, sua produção e citações bibliográficas utilizadas no EnANPAD, entre os anos de 1997 e 2007. Os autores verificaram que há uma distribuição relativamente rígida entre poucos que publicam mais e muitos que publicam menos. As produções dos anos anteriores foram pouco utilizadas nos anos seguintes, em outros estudos, e houve repetição de livros e de textos de administração e de autores famosos pouco relacionados ao tema, contribuindo pouco para o avanço científico. Foi observado um domínio da reprodução das mesmas ideias, reforçando a noção de que existe nesta área temática uma zona de conforto intelectual e de avanços muito frágeis na evolução da temática no contexto organizacional.

O estudo de Souza, Parisotto, Machado e Barbieri (2013), por sua vez, teve como objetivo verificar as características das dissertações e teses que tratam do tema Responsabilidade Social Empresarial (RSE) em programas Stricto Sensu em Administração no Brasil entre 1998 a 2009. A pesquisa foi realizada por meio de análise documental e de conteúdo, com abordagem qualitativa e quantitativa. Foi verificada uma evolução quantitativa em relação ao total de trabalhos defendidos na área, principalmente nos últimos cinco anos da análise. É oportuno ressaltar que houve predominância de estudos dos temas responsabilidade social, governança corporativa, ética, sustentabilidade empresarial e mercado de baixa renda.

De acordo com Volpato (2002), as produções científicas e a veiculação em periódicos nacionais tem se consolidado como um requisito para a mensuração da qualidade das instituições universitárias no Brasil, sendo que a avaliação da produção científica, especialmente nos cursos de pós-graduação tem se tornado um fator de mensuração da qualidade de tais programas. Em decorrência disso, a produção científica nas instituições e a publicação em periódicos aceitos pela comunidade científica têm sido incentivadas, sendo responsabilidade do pesquisador publicar os resultados de suas pesquisas com a finalidade de divulgar conhecimentos. No entanto, uma análise quantitativa da literatura produzida na área pode permitir uma compreensão mais aprofundada de uma determinada área do conhecimento (Lordsleem, Araújo, Oliveira, & Alexandre, 2009).

3 Procedimentos metodológicos

O presente estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa bibliométrica, de caráter descritivo, buscando analisar o que está sendo publicado nacionalmente, na base de dados Scielo, de mais relevante sobre a ética organizacional. A pesquisa descritiva, segundo Cervo e Bervian (2006), é aquela que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.

Pesquisas de natureza bibliométrica são comuns na literatura (Vieira, 1998, Hernandez & Mazzon, 2012, Mette & Dameda; Matos; 2013). A pesquisa bibliométrica, ou desk research, no contexto da produção acadêmica, é importante porque ela se torna fonte para revisões da literatura, listando os principais artigos, autores e linhas de pesquisa decorrentes na academia (Bastos, Mesquita, & Falce, 2014).

Para o desenvolvimento da pesquisa, primeiramente, acessou-se a base de dados da Scielo (http://www.scielo.org/php/index.php), que se caracteriza por ser uma base de dados referencial multidisciplinar, ou seja, com publicações em todas as áreas do conhecimento (Lima, Tomielo, Ganzer, Olea, & Dorion, 2015).

A primeira etapa da pesquisa nessa base de dados consistiu em verificar se o assunto em questão é um assunto atual, e qual a recorrência de publicações relacionadas. Diante disso, foi realizada, na base de dados da Scielo, uma busca pelo termo “ética organizacional”, que estavam presentes nos títulos e resumos das publicações. Foi pesquisado no período de 2000 a 2016, somente artigos nacionais. Além disso, a pesquisa não teve restrições quanto à sua classificação do Qualis pela CAPES. Dessa pesquisa, foram identificadas 32 publicações.

Após tal procedimento, realizou-se o download em formato Adobe Reader (pdf) desses artigos e a leitura dos mesmos. Verificou-se, portanto, que o conteúdo de quinze deles não estava em consonância com a temática ética organizacional, por isso foram excluídos, o que totalizou um número de dezessete artigos para análise.

As variáveis de análise foram assim definidas: objetivos/finalidade, ano de publicação, periódico, instituição, autoria, tipo de pesquisa e método de coleta e bibliografia. Nesse trabalho foi empregado o método analítico descritivo (Gil, 2009), uma vez que se objetivou verificar com que frequência um fato ocorre, com o auxílio do programa Microsoft Excel.

4 Apresentação e análise dos resultados

4.1 Caracterização dos Artigos

O Quadro 1 apresenta as características dos artigos que compuseram a amostra, considerando título, ano de publicação, autoria e assunto/objetivo.

Quadro 1. Caracterização dos artigos selecionados

Títulos/Anos/Autores

Assuntos/Objetivos

1

Estudos sobre ética nas organizações (2012) - Arruda, Maria Cecilia Coutinho de.

Apresenta indicações bibliográficas sobre ética empresarial.

2

Organização ética: um ensaio sobre comportamento e estrutura das organizações (2002) - Zylbersztajn, Decio.

Discute o tema da ética nas organizações sob a ótica da Nova Economia Institucional, destacando a importância do comportamento ético e da responsabilidade social para as organizações e explorando a questão da sustentabilidade da atitude ética e da necessária criação de mecanismos organizacionais para a sua implementação.

3

A regra de ouro e a ética nas organizações (2006) - Thiry-Cherques, Hermano Roberto.

Examina o princípio da regra de ouro e questiona a sua ampla aplicação nas organizações.

4

Códigos de ética corporativa e a tomada de decisão ética: instrumentos de gestão e orientação de valores organizacionais? (2005) - Cherman, Andréa e Tomei, Patrícia Amélia.

Estabelece a correlação entre os códigos de ética formalizados ou em processo de implementação nas organizações e a influência na tomada de decisão ética, avaliando: a) os diferentes tipos, orientações e conteúdos dos códigos de ética; b) o processo de implementação do código; e c) os instrumentos de gestão dos programas de ética que reforçam a tomada de decisão ética.

5

Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações (2001) - Freitas, Maria Ester de.

Analisa duas faces do poder perverso nas organizações modernas: o assédio moral e o sexual, considerando a necessidade das empresas buscarem uma orientação mais ética e a melhoria do ambiente de trabalho.

6

Indicadores de clima ético nas empresas (2000) - Arruda, Maria Cecilia Coutinho de e Navran, Frank.

Busca estimular os executivos a se preocuparem com a qualidade ética de sua organização, informando-lhes e colocando à sua disposição um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 1998 pelo Centro de Estudos de Ética nas Organizações (CENE)/EAESP/FGV em parceria com o Ethics Resource Center, em Washington, DC, EUA.

7

Retórica organizacional: lógica, emoção e ética no processo de gestão (2002) - Torres Junior, Alvair Silveira.

Propõe a aplicação de elementos retóricos na gestão das organizações, como forma de dar conta da nova realidade organizacional, necessariamente mais dependente da cooperação, colaboração e participação ativa de seus membros.

8

O paradigma weberiano da ação social: um ensaio sobre a compreensão do sentido, a criação de tipos ideais e suas aplicações na teoria organizacional (2003) - Moraes, Lúcio Flávio Renault de; Del Maestro Filho, Antonio; e Dias, Devanir Vieira.

Busca resgatar e compreender o elo de ligação existente entre o pensamento weberiano e a teoria das organizações ocidentais, fortemente influenciadas pela ética capitalista.

9

Ética e desempenho social das organizações: um modelo teórico de análise dos fatores culturais e contextuais (2007) - Almeida, Filipe Jorge Ribeiro de.

Pretende contribuir para o debate das questões éticas na prática empresarial, por meio da proposta de um modelo teórico, apoiado em hipóteses que exploram os fatores culturais, morais e contextuais que influenciam as opções de natureza social nas organizações.

10

Responsabilidade social corporativa: por uma boa causa!? (2004) - Gianna Maria de Paula Soares.

Revela a outra face da responsabilidade social corporativa, identificando três tipos de discurso: o explicitado, o pronunciado reservadamente e o não-dito.

11

Assédio moral e gestão de pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas (2008) - Martiningo Filho, Antonio e Siqueira, Marcus Vinicius Soares.

Analisa o processo de assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas quanto as práticas adotadas para a identificação e gerenciamento de fatores situacionais no ambiente de trabalho, que possam propiciar o surgimento do fenômeno assédio moral.

12

O efeito priming na avaliação de ações antiéticas: um estudo experimental (2014) - Fajardo, Bernardo de Abreu Guelber e Leão, Guilherme Abib.

Desenvolve dois experimentos que exploram o processo pelo qual o priming poderia ativar os padrões morais dos indivíduos alterando a forma pela qual avaliariam certas situações cotidianas, tendo em vista que o gerenciamento do comportamento ético é um dos problemas mais importantes e complexos enfrentados pelas organizações.

13

A prática da evidenciação de informações avançadas e não obrigatórias nas demonstrações contábeis das empresas brasileiras (2004). Ponte, Vera Maria Rodrigues; Oliveira, Marcelle Colares.

Avalia o grau de observância às orientações sobre evidenciação contábil praticado pelas sociedades anônimas brasileiras no tocante à prestação de informações não contempladas nas demonstrações contábeis tradicionais, consideradas de natureza avançada e não obrigatória.

14

Preceitos e normas internas (kakun) de casas comerciais japonesas: um estudo sobre a longevidade e a ética da corporação japonesa (2008) - Yamamoto, Isao; Vergara, Sylvia Constant.

Explicita como as casas comerciais e outras corporações tradicionais japonesas conseguiram enorme longevidade.

15

A ética dos alunos de administração e de economia no ensino superior (2013) Gama, Paulo; Peixoto, Paulo; Seixas, Ana Maria; Almeida, Filipe Jorge Ribeiro de; Esteves, Denise.

Estuda a atitude dos alunos de administração e economia perante a fraude acadêmica, a sua percepção sobre a frequência desta, a gravidade que atribuem aos diferentes tipos de fraude, o que a motiva e o que a poderá inibir.

16

Corrupção nas organizações privadas: análise da percepção moral segundo gênero, idade e grau de instrução (2013) - Santos, Renato A. dos; Guevara, Arnoldo J. de Hoyos; Amorim, Maria C. Sanches.

Avalia o impacto do nível de instrução, da idade e do gênero na percepção moral nas organizações.

17

O tempo como dimensão de pesquisa sobre uma política de diversidade e relações de trabalho (2011) - Irigaray, Hélio Arthur Reis; Vergara, Sylvia Constant.

Apreende o processo de absorção dos deficientes físicos nas empresas, os múltiplos olhares (público interno e externo), e se estes se modificaram ao longo dos anos.

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

A partir dos artigos selecionados na amostra, observou-se que a questão da ética organizacional é discutida com base em diversas correntes que envolvem temas como assédio moral, assédio sexual, corrupção, ética acadêmica, clima ético, código de ética, gestão, responsabilidade social corporativa entre outros. Tais temas estão relacionados com aspectos verificados no cotidiano organizacional e que se relacionam aos comportamentos, princípios e valores que fazem parte das empresas.

No entanto, apesar de se verificar na amostra pesquisada que o tema tem suscitado o debate acerca de problemas clássicos da ética no universo empresarial, o número de publicações é baixo, mesmo considerando este assunto tão relevante para as organizações.

4.2 Ano de Publicação

O Quadro 2 apresenta a quantidade de trabalhos publicados sobre ética organizacional na base de dados Scielo a partir de 2000. Nota-se que o número de publicações foi estável e não apresentou evolução ao longo dos anos, variando entre um ou dois trabalhos publicados por ano no período, além de ser inexistente nos anos de 2009, 2010, 2015 e 2016. A média de publicações no período foi de 1,13 publicações ao ano, o que é pequena, considerando a relevância do tema.

Quadro 2. Número de publicações por ano

Anos

Frequência (Nº)

Percentual (%)

2000

1

6

2001

1

6

2002

2

12

2003

1

6

2004

2

12

2005

1

6

2006

1

6

2007

1

6

2008

2

12

2009

0

0

2010

0

0

2011

1

6

2012

1

6

2013

2

12

2014

1

6

Total

17

100

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

Mesmo esta pesquisa considerando apenas um banco de dados para análise, no caso, a base da Scielo, é possível afirmar que o pequeno número de artigos observado pode ser reflexo da realidade das publicações na área em outras bases de dados, mostrando que o tema não é alvo de muito interesse de pesquisa.

4.3 Volume de Publicações por Periódico

No Quadro 3, observa-se que as dezessete publicações identificadas se concentraram em apenas seis períodicos, todos da área de gestão, finanças e negócios, sendo que os periódicos que mais apresentaram frequência de publicação em relação ao tema investigado foram as revistas RAC (Revista de Administração Contemporânea), RAE-Eletrônica (Revista de Administração de Empresas) e Caderno EBAPE.BR da Fundação Getúlio Vargas.

Quadro 3. Número de publicações por periódico

Periódicos

Frequência (Nº)

Percentual (%)

RAC – Revista de Administração Contemporânea

6

35

RAE-Eletrônica

5

29

Caderno EBAPE.BR/FGV

3

18

Revista de Administração

1

6

Revista Contabilidade & Finanças

1

6

RAM – Revista de Administração Mackenzie

1

6

Total

17

100

Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

Cabe destacar que os periódicos que concentraram as publicações são voltados para a área de administração. Isso porque, neste estudo, não foram consideradas outras áreas que discutem a ética como, por exemplo, as áreas da saúde e jurídica.

4.4 Volume de Publicações por Instituição

O Quadro 4 apresenta os indicadores de publicação por instituição. Observa-se que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem o maior percentual de participação nas pesquisas publicadas sobre ética organizacional, seguido da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Quadro 4. Número de publicações por instituição

Instituições e Localização

Frequência (Nº)

Percentual (%)

FGV (São Paulo – SP)

7

41

UFRJ (Rio de Janeiro – RJ)

3

18

PUC (Rio de Janeiro – RJ)

1

6

UFPR (Curitiba – PR)

1

6

PUC (São Paulo – SP)

1

6

UNIFAI (São Paulo – SP)

1

6

UnB (Brasília – DF)

1

6

Universidade de Fortaleza

1

6

Universidade de Coimbra (Coimbra – Portugal)

1

6

Total

17

100

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

Em acréscimo, conforme o estudo de Souza et al. (2013), a FGV/SP foi a Instituição com o maior volume de defesas de teses e de dissertações de programas de Stricto Sensu em Administração sobre responsabilidade social empresarial no período de 1998-2009.

4.5 Características da Autoria

O Quadro 5 traz as características da autoria, destacando que a maioria dos artigos tem um ou dois autores (82%). Dentro da amostra apenas um artigo tem mais de três autores, o que leva a observar que as produções neste tema não são desenvolvidas por grupos de pesquisa e se caracterizam por estudos individuais. Apenas três autores se destacaram com dois artigos publicados cada um, no período analisado: Maria Cecilia Coutinho de Arruda, Filipe Jorge Ribeiro de Almeida e Sylvia Constant Vergara.

Quadro 5. Caracterização da autoria dos artigos selecionados

Número de Autores

Frequência (Nº)

Percentual (%)

Um autor

7

41

Dois autores

7

41

Três autores

2

12

Quatro autores ou mais

1

6

Total

17

100

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

Esses indicadores vêm a corroborar com os dados relativos ao pequeno número de publicações no período, sendo que a maioria resulta de pesquisa individual ou com no máximo dois autores. A formação de grupos de pesquisa é sempre relevante para a disseminação do conhecimento e maior produção acadêmica e científica (Volpato, 2002).

4.6 Tipo de Pesquisa e Instrumentos de Coleta de Dados

Com relação à metodologia de pesquisa utilizada, observa-se no Quadro 6 que a maioria dos artigos da amostra caracterizara-se como pesquisa bibliográfica (53%), seguindo de pesquisa exploratória e descritiva (24%).

Quadro 6. Tipos de pesquisa desenvolvidos

Tipo de Pesquisa

Frequência (Nº)

Percentual (%)

Pesquisa bibliográfica

9

53

Pesquisa exploratória

2

12

Pesquisa exploratória e descritiva

2

12

Estudo de caso

1

6

Pesquisa qualitativa

1

6

Pesquisa experimental

1

6

Pesquisa documental

1

6

Total

17

100

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

Essas características mostram que a maioria dos trabalhos desenvolvidos sobre ética organizacional ainda foca na discussão teórica, ou seja, busca ampliar os domínios acerca do tema com base naquilo que já tem sido retratado pelos teóricos. Poucos são os trabalhos que procuram avaliar, no contexto das empresas ou dos cenários organizacionais, como a ética é vivenciada e quais os principais dilemas e desafios nesta área.

Neste sentido, a maioria das pesquisas analisadas, ou seja, nove delas utilizaram como instrumento de coleta a análise textual. Apenas um artigo foi desenvolvido a partir de análise documental. Os demais envolveram observação, aplicação de questionário ou entrevista.

4.7 Bibliografia Utilizada

Por fim, no Quadro 7, observa-se que nos dezessete artigos identificados, foram referenciados 460 autores, sendo que destes, 65% deles são referências estrangeiras e 35% nacionais, destacando que ainda é restrita a produção científica e produção teórica acerca da ética organizacional no Brasil.

Quadro 7. Caracterização dos artigos identificados e analisados

Referências Bibliográficas

Frequência (Nº)

Percentual (%)

Referências nacionais

161

35

Referências internacionais

299

65

Número de referências

460

Número de artigos

17

Número Médio de Referências por Artigo

27,05

100

Fonte: Dados da provenientes da pesquisa.

5 Considerações Finais

O objetivo deste estudo foi o de analisar as publicações científicas nacionais que abordam a ética organizacional, especificamente as publicações veiculadas na base de dados da Scielo. A partir dos resultados da pesquisa, bem como ao levar em consideração as variáveis investigadas, é possível apresentar algumas considerações.

A partir da análise quantitativa, observou-se que apesar da relevância da temática no contexto das organizações e, por se tratar de um assunto relevante no processo de gestão e construção das identidades e imagem das empresas, o que envolve credibilidade e reputação das mesmas, a produção científica nacional acerca da ética organizacional é incipiente, ou seja, existe amplas possibilidades e oportunidades de estudo sobre a temática. Evidenciou-se que o número de publicações foi estável e não apresentou evolução ao longo dos anos, mesmo observando a importância do tema, o que denota que a literatura brasileira sobre o tema carece de novas pesquisas.

Observou-se, ainda, que nos artigos pesquisados, as obras de grande relevância utilizam na sua maioria referências estrangeiras. Tais resultados convergem com o estudo de Vergara e Pinto (2001), no qual os autores concluíram que a produção científica brasileira na área de organizações estava fortemente apoiada em referencial estrangeiro, e que existe uma forte tendência de os estudos nacionais referenciar autores estrangeiros, o que pode significar que os autores nacionais podem se sentir mais confortáveis e seguros em sua utilização.

Poucos periódicos publicam estudos referente a ética organizacional, sendo que os que mais apresentaram frequência de publicação foi a revista RAC, de responsabilidade da ANPAD (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração). Todavia, a Instituição que mais publica nesta área (ou temática) é a FGV/SP, o que, inclusive, é evidenciado pelo estudo de Souza et al. (2013), os quais reforçam que tal Instiuição também é a que mais teve defesas de teses de Doutorado e dissertações de Mestrado em programas Stricto Sensu em Administração no Brasil sobre a temática responsabilidade social empresarial no período de 1998-2009.

Além disso, ficou evidente que os artigos com uma ou duas autorias se destacaram entre os artigos selecionados, demostrando a falta de grupos de pesquisas na área e que investigam a ética e seus temas correlatos. A intercomunicação com pares (pesquisadores), o trabalho em equipe, as redes de trocas de ideias e disseminação de propostas e achados de investigação, os grupos de referência temática, constituem hoje uma condição essencial à realização de investigações científicas e ao avanço dos conhecimentos. Contudo, Silva (2002) destaca que a imagem do pesquisador isolado faz parte do passado, sendo cada vez menos frequente em pesquisas científicas.

Em relação à tipologia da pesquisa, observou-se que a maioria dos artigos publicados é constituído apenas por pesquisa bibliográfica retratando a falta de uma abordagem empírica, que de tal forma poderia trazer evidências da realidade atual das empresas, bem como as váriaveis que impactam na comportamento da ética organizacional. Vale destacar que, apesar da relevância da temática no contexto organizacional e por se tratar de um assunto relevante nas empresas contemporâneas, é ainda incipiente a produção nacional acerca da ética nas organizações, uma vez que o interesse pela ética organizacional é próspero nos dias atuais, sinalizando a necessidade de novas pesquisas na área.

Por fim, um aspecto estratégico a ser (re)pensado é que na atualidade as empresas devem ter como foco a transparência em seus negócios, demostrando aos seus clientes o comprometimento da organização com seus colaboradores e com a sociedade como um todo. Tais efeitos podem gerar um diferencial competitivo para as organizações, repercutindo positivamente em relação ao fortalecimento de suas marcas, imagem corporativa, credibilidade junto aos seus mercados de atuação e na consolidação de sua reputação corporativa.

Tal como ocorre em outras pesquisas, esta também teve as suas limitações. Uma delas reside no fato de a pesquisa ter sido realizada apenas na base de dados da Scielo. Caso essa busca tivesse sido estendida a outras bases, é provável que a quantidade de artigos localizados fosse maior, e, em consequência disso, a análise poderia ter sido complementada com outros estudos. Porém, espera-se ampliar a discussão acerca da questão, contribuindo para estudos futuros que podem ser desenvolvidos a partir de outras metodologias e campos de pesquisa.

Como recomendações de pesquisas futuras, sugere-se buscar publicações em outras bases de dados nacionais e internacionais, o que pode trazer novos componentes ao tema que está sendo pesquisado, bem como desencadear novas lacunas de pesquisa. Além do mais, é recomendada a replicação desta pesquisa em outras áreas do conhecimento.

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Revista de Administração IMED, Passo Fundo, vol. 7, n. 1, p. 270-290, Jan.-Jun. 2017 - ISSN 2237-7956

[Recebido: Dez. 20, 2016; Aprovado: Jun. 01, 2017]

DOI: http://dx.doi.org/10.18256/2237-7956/raimed.v7n1p270-290

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