2023

Ações de acompanhamento de egressos: um estudo das universidades públicas do sul do Brasil

Accompanying actions of graduates: a study of public universities in the south of Brazil

Lilian Wrzesinski Simon(1); Andressa Sasaki Vasques Pacheco(2)

1 Mestra em Administração Universitária. Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Chapecó, SC, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: [email protected]

 

Resumo

Este artigo se propõe a descrever algumas das principais ações de acompanhamento de egressos adotadas no sistema público de educação superior brasileiro. O detalhamento dessas ações permite tecer um panorama das políticas de acompanhamento de egressos operacionalizadas pelas universidades públicas, evidenciando a sua evolução e potencialidades. A metodologia adotada foi um estudo multicaso de caráter descritivo situado em um contexto amostral estabelecido de acordo com critérios geográficos e situacionais. Foram analisadas vinte universidades públicas do sul do Brasil, sendo onze federais e nove estaduais. Os resultados da pesquisa documental evidenciaram que a maioria das instituições ainda precisa evoluir em suas ações de acompanhamento de egressos. No que concerne à captação de informações sobre os ex-alunos, as IES têm utilizado o método indutivo, tomando a iniciativa de interpelá-los para a aplicação de questionários quando julgarem pertinente. São poucas as instituições que fazem pesquisas com seus egressos constantemente e nem sempre por meio dos portais do egresso. Esses portais têm funcionalidades que vão além da captação de informações e podem ser explorados para melhorar o relacionamento com os ex-alunos, mas explorá-los ainda é um desafio para a maior parte das instituições.

Palavras-chave: Universidade pública. Egressos. Avaliação institucional.

 

Abstract

This article proposes to describe some of the main follow-up actions of alumni adopted in the Brazilian public higher education system. The detailing of these actions allows a panorama of the policies of follow-up of graduates operated by the public universities, evidencing their evolution and potentialities. The methodology adopted was a descriptive multicaso study located in a sample context established according to geographical and situational criteria. Twenty public universities in the south of Brazil were analyzed, eleven federal and nine state universities. The results of the documentary research evidenced that most institutions still need to evolve in their actions of accompanying graduates. Regarding the collection of information about the alumni, the IES have used the inductive method, taking the initiative to question them for the application of questionnaires when they deem relevant. There are few institutions that do research with their graduates constantly and not always through alumni portals. These portals have features that go beyond information capture and can be exploited to enhance relationships with alumni, but exploring them is still a challenge for most institutions.

Keywords: Public university. Alumni. Institutional evaluation.

 

1 Introdução

Ao analisar o processo histórico da universidade nos principais países do ocidente, percebe-se que o Brasil está entre as nações que mais demoraram em investir na criação e no desenvolvimento do ensino superior (FÁVERO, 2006). O acompanhamento de egressos também seguiu por esse mesmo caminho, ficando por muito tempo ausente das pautas da gestão universitária.

Ao comparar o modelo universitário brasileiro com outros modelos internacionais observa-se que as universidades brasileiras estão entre as mais conservadoras do mundo contemporâneo e suas ações de acompanhamento de egressos ainda são incipientes quando confrontadas com as políticas de gestão e avaliação de egressos vigentes nas Instituições de Ensino Superior (IES) norte-americanas e nos países que integram o sistema educacional europeu (QUEIROZ, 2014; PAUL, 2015).

O relacionamento com os egressos é uma forma de interação entre a universidade e seu entorno. Esses agentes compõe uma parcela da sociedade que pode contribuir com o desenvolvimento da educação superior e está sendo incluída de forma gradativa nos processos avaliativos (LOUSADA; MARTINS, 2005), especialmente após a adoção do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES).

Entretanto, mesmo sendo notório que muitas universidades estejam construindo seus sistemas de acompanhamento de egressos, a realização de pesquisas incluindo estes atores ainda é pequena (CASTRO, 2003; QUEIROZ, 2014; TEIXEIRA; MACCARI, 2014), enquanto que estudos longitudinais de acompanhamento de egressos são ainda mais difíceis de serem encontrados (SILVA et al., 2016).

No contexto norte-americano praticamente todos os colleges possuem um sistema de acompanhamento de egressos voltado à oferta de serviços e benefícios que instiguem os egressos a permanecerem vinculados a suas instituições de ensino (TEIXEIRA; MACCARI, 2014). Além disso, os egressos também são muito valorizados em ações de marketing institucional e como contribuintes financeiros (QUEIROZ, 2014).

Os sistemas de gestão de egressos europeus, por sua vez, são estruturados no formato de consórcios universitários e seu foco principal é a avaliação do ensino que está sendo ofertado pelas universidades como um todo. Mesmo assim, a maioria das instituições europeias possui seus próprios sistemas de acompanhamento de egressos (PAUL, 2015).

As IES brasileiras estão, gradativamente, adotando os Portais do Egresso como uma das principais ferramentas para o acompanhamento de seus ex-alunos (PAUL, 2015). Entretanto, ao analisar alguns destes sistemas observa-se que a maioria deles apresenta limitações, tais como conteúdos desatualizados, pouca interatividade e uma carência de informações que indique vantagens e benefícios que os egressos podem obter ao se cadastrar e permanecerem ativos no portal, corroborando com os resultados da pesquisa de Teixeira e Maccari (2014).

Este artigo descreve algumas das principais ações de acompanhamento de egressos adotadas no sistema público de educação superior do sul do Brasil. O detalhamento dessas ações permite tecer um panorama das políticas de acompanhamento de egressos operacionalizadas pelas universidades públicas da região sul, evidenciando até que ponto esse sistema educacional tem evoluído e quanto ainda precisa ser explorado nesta área, em termos de gestão e cumprimento do papel social da universidade.

Além da exploração de áreas de interesse social da universidade, o envolvimento dos egressos na vida universitária permite a aproximação entre as práticas pedagógicas e o espaço profissional onde os egressos atuam. A universidade obtém como vantagens neste processo uma avaliação mais próxima da realidade e das exigências do mercado de trabalho, que possibilita a realização de melhorias contínuas em seus cursos (GUIMARÃES; SALLES, 2012; MIRANDA; PAZELLO; LIMA, 2015).

Por outro lado, os egressos sentem-se valorizados e conseguem crescer com a instituição, agregando em seus currículos profissionais as certificações dos cursos de educação continuada oferecidos e as experiências vivenciadas nos projetos em que pretendem se engajar. A fidelização dos egressos traz retornos positivos também aos programas de pós-graduação das IES (MICHELAN et al., 2009).

 

2 Acompanhamento de egressos nas universidades brasileiras

Os resultados de uma pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) acerca do acompanhamento de egressos na América Latina, apresentados por Castro (2003) apontam que várias IES consideram importante a realização de estudos periódicos sobre os egressos, mas há um número ínfimo de instituições que realmente fazem, destacando, no Brasil, a Universidade de São Paulo (USP).

Os primeiros registros de pesquisas realizadas com egressos da USP acessados resultam de um estudo longitudinal realizado por Schwartzman e Castro (1991). Os autores reconhecem que esta é uma prática realizada em outros países, mas incomum no Brasil. Posteriormente, os pesquisadores Lousada e Martins (2005), Miranda, Pazello e Lima (2015) e Hishimura (2015) também realizaram suas pesquisas com diplomados em uma das faculdades da USP, que adotou um sistema integrado de acompanhamento de egressos apenas em 2016 (USP, 2017).

No tocante às práticas de gestão de egressos, a Universidade de Brasília (UnB) foi pioneira em idealizar e construir políticas de acompanhamento de seus diplomados. O portal de ex-alunos da UnB, criado em 1984, é um dos mais antigos entre as IES brasileiras. A universidade também conta com uma associação de ex-alunos estruturada com cerca de 30 anos, que é a principal mantenedora do sistema de acompanhamento de egressos (UNB, 2016).

Ao buscar referências na literatura é comum a dificuldade em localizar obras sobre o tema gestão e acompanhamento de egressos no sistema educacional brasileiro. As abordagens encontradas resultam de pesquisas acadêmicas realizadas após a adoção do SINAES e publicadas majoritariamente no formato de artigos científicos (BEZERRA, 2015; CARNEIRO; SAMPAIO, 2016; ESPARTEL, 2009; GUIMARÃES; SALLES, 2012; LOUSADA; MARTINS, 2005; MACCARI, 2014; MICHELAN et al., 2009; SILVA et al., 2015; TEIXEIRA; GOMES, 2004; TEIXEIRA; PAUL, 2015), com destaque para algumas dissertações, teses (HISHIMURA, 2015; MACHADO, 2010; QUEIROZ, 2014) e apenas um livro (MATTOS, 2016) que, em geral, evidenciam um interesse maior pelo tema nos últimos anos.

A maioria dessas pesquisas contemplam estudos de casos, realizados com egressos de um determinado curso ou faculdade e tem como enfoques principais, o perfil do egresso, a avaliação do ensino, o desejo de dar continuidade aos estudos e, principalmente, transição do egresso para o mercado de trabalho. Essas são as principais perspectivas preconizadas pelo SINAES, a serem consideradas nos processos avaliativos da educação superior.

O desenvolvimento de ações voltadas à manutenção do vínculo com os egressos fortalece as atividades institucionais que integram a gestão universitária e permite às instituições despontarem como referência de qualidade de ensino, no desenvolvimento da pesquisa e na prática da extensão (SILVA; BEZERRA, 2015), elevando os índices de captação de estudantes, pesquisadores e parceiros.

De acordo com Castro (2003), os estudos com egressos permitem a adequação e substituição de componentes curriculares dos cursos à medida que as demandas profissionais vão se alterando, de forma que a formação acadêmica permaneça alinhada com as necessidades do mercado de trabalho.

O afastamento entre os conteúdos dados em aula e a realidade do mercado é apontado pelos egressos que participaram da pesquisa de Miranda Pazello e Lima (2015) como uma das principais limitações de seus cursos. Essa constatação não é uma particularidade da instituição investigada, uma vez que é comum a sua observação em outras pesquisas com egressos (GUIMARÃES; SALLES, 2012; CARNEIRO; SAMPAIO, 2016; MACHADO, 2010; TEIXEIRA; GOMES, 2004), sendo visualizada também no estudo realizado por Mattos (2016) na UFFS.

Nesta perspectiva, Lousada e Martins (2005) destacam que é fundamental saber o que os egressos pensam acerca da formação recebida para então fazer os ajustes necessários no sistema de ensino de forma que este permaneça em sintonia com as demandas do campo profissional.

Essas adequações entre os níveis de formação e a atuação no mercado de trabalho dependem de questões que, muitas vezes, são externas ao ambiente da universidade, por isso é importante que a instituição se volte à realidade econômica e social da região em que está inserida agindo ativamente diante das dificuldades encontradas e relatadas pelos seus alunos.

Considerar o perfil do egresso é essencial neste contexto, pois permite a universidade direcionar suas ações estratégicas para as necessidades e expectativas dos seus graduados, sem esquecer-se das informações que ela deseja obter por intermédio desse canal de comunicação, com vistas a fomentar seus processos avaliativos. A coleta de informações sobre o perfil e as perspectivas dos egressos também é indispensável para o estabelecimento e a operacionalização das políticas institucionais de acompanhamento de egressos, assegurando que permaneçam alinhadas com as características e particularidades de seu público (MACHADO, 2010).

Uma das principais ferramentas a serem exploradas no relacionamento com os egressos são os sistemas informatizados. Esses sistemas se fazem presentes em praticamente todas as instituições e estão sintonizados com as imposições da vida moderna. Os autores Silva e Bezerra (2015, p. 4) se reportam ao sistema informatizado de acompanhamento de egressos como “uma forma de buscar a avaliação da comunidade externa e o fortalecimento da integração entre a instituição e a sociedade, através da permanente comunicação com seus egressos”.

O conhecimento do perfil dos diplomados é essencial para o estabelecimento das funcionalidades do sistema de acompanhamento de egressos. Silva e Bezerra (2015, p. 5) apresentam entre essas funcionalidades “o registro de informações dos egressos, o acompanhamento de sua trajetória e a interação entre os egressos e a instituição”.

Cabe destacar que, além de coletar informações, esses sistemas congregam elementos capazes de beneficiar tanto a IES quanto seus alunos. A gestão do acompanhamento de egressos pode estar vinculada a programas de estágio para os alunos, concessões de bolsas de estágio e intercâmbio, contratação de formandos para trainee, celebração de parcerias com empresas e empregadores, auxílio à programas sociais, fomento à ações de voluntariado pessoal, doações financeiras por parte de empresas e ex-alunos, gestão de grupos, turmas e salas de discussão de egressos, adesão voluntária para participação em grupos de pesquisa e projetos de extensão, retorno à IES para estudar em cursos de pós-graduação, atualização, ou outro curso oferecido pela universidade (MICHELAN et al., 2009).

Complementando, Teixeira e Maccari (2014) listam uma série de serviços e benefícios comumente ofertados para os ex-alunos por meio das associações de alunos egressos, tais como: acesso à biblioteca, acesso à capela, acesso ao fitness center, acesso ao perfil dos outros egressos, cursos gratuitos, desconto em outros cursos, descontos em produtos ou serviços (empresas parceiras), divulgação de vagas, e-mail para a vida, eventos exclusivos para egressos, eventos sobre gestão, periódicos da IES (acesso ou desconto), programas de cartão de crédito, programas de viagens e serviços de carreira.

Ao comparar a presença desses benefícios no cenário nacional e internacional, os autores observaram que as experiências internacionais são mais exitosas, oferecendo uma gama maior de opções para o seu público, enquanto as nacionais apresentam resultados mais tímidos, o que pode ser um dos motivos que dificultam a efetividade dos resultados das ações dessas associações.

 

3 Metodologia

Para o desenvolvimento desta pesquisa buscou-se consultar inicialmente algumas fontes bibliográficas e documentais (GIL, 2002) que dessem embasamento para a realização de um estudo multicaso (GIL, 2002; YIN, 2001) que cunho qualitativo. A maioria das fontes bibliográficas encontradas resulta de pesquisas realizadas na última década, especialmente, após a inclusão dos egressos como partícipes dos processos avaliativos das IES, proposto pelo SINAES.

A escolha da amostra foi pautada na constatação de Paul (2015, p. 324) de que “as universidades do sul do país parecem ter sido mais propensas a desenvolver o ‘Portal do Egresso’”. A região sul conta com onze universidades públicas federais e nove estaduais, conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1. Universidades que integram a amostra da pesquisa

Universidades federais da região sul

Universidades estaduais da região sul

Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS)

Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)

Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)

Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).

A coleta de dados documentais foi realizada por meio da internet. Como os egressos fazem parte do público externo, entende-se que as ações direcionadas a eles precisam ser amplamente divulgadas e ocuparem espaços visíveis nos web sites institucionais para que haja a adesão dos interessados. Assim sendo, foram analisados os sítios eletrônicos das vinte instituições selecionadas, com a intenção de localizar os Portais do egresso e/ou outras ações direcionadas a esse público, que porventura estivessem publicadas.

Em alguns casos não foi localizado um espaço interativo destinado aos egressos, mas foram encontrados documentos referentes a pesquisas e projetos de construção de sistemas de acompanhamento de egressos que ainda não estavam em operação até o momento de realização da pesquisa. Noutros, devido à carência de informações nas páginas, foi contatado o setor responsável pelo relacionamento com os egressos para a sua obtenção. A técnica usada para tratar os dados coletados foi a análise de conteúdo.

Na sequência são apresentadas as ações adotadas pelas universidades selecionadas, com vista, a agregar os seus egressos nos processos de gestão.

 

4 Ações de acompanhamento de egressos adotadas nas IES públicas da região sul

A presença de sistemas de acompanhamento de egressos nas universidades públicas está crescendo, mesmo que lentamente. Na última década, várias instituições os adotaram como a UFSC, por exemplo, onde o Portal do Egresso foi implantado em 2010. Outras estão com suas políticas de acompanhamento de egressos em fase de construção, como a UFFS e a UNIPAMPA que apesar de não terem um sistema de acompanhamento de egressos estruturado, já tem realizado algumas pesquisas com seus ex-alunos. Entretanto, a maioria dessas instituições ainda precisa evoluir nesse aspecto, conforme demonstram os resultados das visitas realizadas nos sítios eletrônicos das IES que compõem a amostra desta pesquisa.

O intuito desta busca nos web sites foi verificar os mecanismos de acompanhamento de egressos adotados por estas universidades e listar as principais ações adotadas para manter o relacionamento com os egressos ativo nos portais que se encontram em atividade. O Quadro 2 demonstra os resultados encontrados nas universidades federais localizadas na região sul.

Quadro 2. Ações de acompanhamento de egressos adotadas nas universidades federais da região sul

IES

Ações de acompanhamento de egressos

UFFS

O primeiro estudo realizado com os egressos da UFFS parte de um levantamento do perfil dos egressos do curso de administração do campus Chapecó-SC publicado por MATTOS (2016). Entretanto, não foi localizada nenhuma ação estruturada que estivesse disponível aos egressos da instituição.

UNILA

O acompanhamento de egressos está sob a responsabilidade do Departamento de Apoio Acadêmico ao Aluno que responde, entre outras ações de assistência estudantil, por programas que possam auxiliar os estudantes no planejamento da carreira e ações voltadas para os egressos. Como não foram localizadas as ações desenvolvidas nem a existência de um Portal do Egresso, esse departamento foi consultado por e-mail, ao qual respondeu que a política de acompanhamento dos egressos está em processo de revisão pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e irá abranger os estudantes de graduação e de pós-graduação, cabendo aos programas de acompanhamento, fazer a gestão dos dados de graduação e pós-graduação e assim que for aprovada, sua minuta será publicada.

UFSM

O programa Volver da UFSM foi criado em 2002 com o objetivo de preservar o relacionamento com seus egressos, resgatando laços de fraternidade, responsabilidade e cidadania. Na página inicial do site constam as seguintes abas: “o programa”, com uma apresentação sucinta do portal; “notícias”, onde as últimas postagens datam de 2015; “retorne”, onde podem ser incluídos eventos e há um link para a listagem de cursos e programas de pós-graduação ofertados pela IES; “utilidades”, com um guia telefônico da UFSM, links úteis relacionados ao site geral da universidade e um FAQ com perguntas e respostas (perguntas frequentes); em seguida encontra-se a aba para cadastramento, uma aba intitulada concurso de crônicas e uma aba de contato. A direita na mesma página há o espaço destaques, com vídeos do concurso de crônicas, links para a rádio e TV universitárias e um link que direciona para as principais notícias gerais da UFSM. Não foram listados outros serviços e benefícios específicos para os egressos (UFSM, 2016).

UNIPAMPA

O Programa de Acompanhamento de Egressos (PAE) proposto originalmente na UNIPAMPA em 2014 não segue o modelo de um Portal do Egresso. A captação de informações sobre os egressos parte de uma abordagem aos concluintes dos cursos de graduação e pós-graduação. Essas informações são coletadas anualmente de forma indutiva pelo período de até 10 anos. Após esse período são atualizadas quinquenalmente (UNIPAMPA, 2017). O banco de dados de egressos é semestralmente alimentado e atualizado pela instituição a partir da lista de formandos. A instituição não adotou um Portal do Egresso, mas os egressos poderão solicitar informações do programa e atualizar suas informações sempre que desejarem. O PAE conta com relatórios publicados nos anos de 2014 e 2015.

UFPEL

No Portal do Egresso da UFPel os egressos são convidados a contribuir com informações que permitam à instituição identificar potencialidades de melhorias nos seus cursos de graduação e pós-graduação, bem como, planejar e promover a oferta de cursos de formação continuada adequada às necessidades profissionais de cada área de atuação. O portal está estruturado em abas “cadastro do egresso”, “depoimentos” com espaços separados por nível (graduação e pós-graduação), “egressos de destaque” que serão indicados pelos diretores das Unidades Acadêmicas, “oportunidades” que direciona para a página da pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação (PRPPG) onde constam as publicações dos editais de seleções dos cursos de pós-graduação da UFPel e “fale conosco”. Na parte direita da página encontram-se informações gerais sobre as atividades acadêmicas e administrativas da universidade (UFPEL, 2017).

UFRGS

O acompanhamento de egressos da UFRGS é realizado no âmbito das faculdades. A pesquisa de Machado (2010) foi usada como referência para a localização das ações desenvolvidas pela universidade como um todo acerca do acompanhamento de egressos. De acordo com Machado (2010) a UFRGS já realizou quatro grandes pesquisas com egressos no período de 1970 até 1981 e com a evolução tecnológica adotou em 2004 o Portal do Egresso. Mas, ao localizar este portal não foi possível acessar nenhuma informação, apenas um pedido de cadastramento que ao ser acionado levou para uma página de erro.

UFSC

O sistema de acompanhamento de egressos da UFSC foi lançado em 2010, época da comemoração dos 50 anos da universidade. Ao se cadastrar no portal o egresso pode contribuir com informações acerca de seu histórico educacional e profissional. Na página é possível acessar o boletim informativo semanal da UFSC e os vídeos de colação de grau, também é permitido acesso livre à listagem de todos os egressos dos cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pela UFSC com a possibilidade de adição de filtros por nome, curso, ano de ingresso e ano de formatura. O internauta pode acessar ainda uma série de depoimentos de alunos de graduação e pós-graduação e uma aba de egressos destaque, sem informações disponíveis na data da consulta (UFSC, 2016).

FURG

Na FURG foi localizada apenas uma página no facebook criada em abril de 2016 com a denominação de “Egressos FURG”. Nesta página não foram encontradas postagens públicas, fotos, eventos, notícias ou quaisquer outras informações. Foi enviado solicitação de amizade e mensagem de texto ao responsável pelo canal, contudo, não houve qualquer tipo de interação desde o envio da mensagem.

UFPR

O projeto de criação do sistema de acompanhamento de egressos na UFPR foi proposto em 2009 por estudantes do curso de graduação em sistemas de informação (ITO et al., 2009). Apesar da construção desse projeto, não foi encontrado um Portal do Egresso com informações sistêmicas na UFPR, apenas foram observadas ações de cadastramento e acompanhamento de egressos isoladas, mantidas pelas coordenações dos cursos e pelos programas de pós-graduação.

UTFPR

A instituição possui um portal intitulado “Ex-alunos” que visa uniformizar a forma de captura de informações e a vinculação do egresso com a UTFPR. A página de ex-alunos da UTFPR é composta por duas abas: na aba Ex-alunos está a apresentação dos principais objetivos do acompanhamento de egressos da UTFPR. Na segunda aba denominada “Página dos ex-alunos dos Campi” há um link que direciona para cada campus da universidade. Ao adentrar nestes links observou-se que as ações de acompanhamento de egressos são díspares, partindo de iniciativas dos próprios campi sem que haja uma padronização. Alguns deles apresentam formulários de cadastramento, outros a listagem de alunos formados por curso, e há campi que não possuem nenhuma informação publicada.

UFCSPA

A instituição possui uma associação de “alunos antigos” e ex-professores, fundada em 2006 para desenvolver ações de resgate da história da UFCSPA, de integração entre os egressos. O acompanhamento de egressos é realizado pelo Programa Bem-vindo de Volta, que contempla os egressos da graduação e pós-graduação. Esse programa dá sequência a uma pesquisa, realizada com ex-alunos entre 2012 e 2013 e cita como objetivo manter contato com os egressos, conhecer suas trajetórias após a conclusão de seus cursos e oferecer oportunidades de formação continuada, desenvolvimento social e cultural. Na aba de cadastro o egresso deverá preencher um formulário com dados pessoais. Ao se cadastrar no programa o ex-aluno terá um crachá de identificação como egresso, poderá ter acesso às dependências da universidade, consultar o acervo da biblioteca, participar de atividades de extensão e culturais como egresso e participar de atividades acadêmicas e sociais voltadas especificamente para os egressos e proporcionando também a sua aproximação com os demais membros da comunidade acadêmica. Entretanto, a aba com a agenda de eventos apresenta-se sem nenhuma programação publicada. O sistema contém um espaço “Fale conosco” onde podem ser enviadas sugestões de pautas de eventos para inclusão na agenda. A instituição também possui uma associação de “alunos antigos” e ex-professores que permite aos sócios acesso à consulta bibliográfica através do Sistema CAPES (UFCSPA, 2017).

Fonte: Elaborado pelas autoras, (2017).

Ao analisar os websites das onze universidades federais percebe-se que todas elas fazem menção aos seus egressos de alguma forma. Apesar da diversidade de enfoques apenas quatro delas possuem Portais do Egresso estruturados que congregam todos os seus cursos. Mesmo assim, algumas iniciativas adotadas pelas instituições que não tem os referidos sistemas mostram resultados interessantes no que se refere à obtenção de informações sobre os egressos, como é o caso da UNIPAMPA, onde há a presença de uma política de captação de informações sobre os egressos pautada em estudos longitudinais, prática que ainda não é comum nas universidades públicas brasileiras.

Ainda, algumas universidades procuram gerenciar suas políticas de acompanhamento de egressos no âmbito das suas faculdades ou por campus, como, por exemplo, a UFPR, a UFRGS e a UTFPR. Nestes casos observou-se que a falta de padronização das ações dificulta a avaliação institucional, especialmente no âmbito dos cursos de graduação, pois as iniciativas são díspares e isoladas, sendo que algumas áreas fazem o acompanhamento e outras não demonstram nenhuma proposição nesse sentido.

Outro aspecto que chamou a atenção foi o fato de não haverem informações acerca dos egressos publicadas nos portais. Além da UNIPAMPA, nenhuma universidade apresentou dados concretos de pesquisas realizadas com seus ex-alunos. Apenas a UFSC mostra dados referentes aos anos de ingresso e conclusão de curso, por curso e por turma, mas não destaca nenhum resultado de pesquisa realizada com os egressos após a formatura.

No tocante às universidades estaduais, a região conta com nove instituições, vinculadas ao governo do Estado em que estão localizadas. Portanto, as características de suas ações também são diferenciadas (Quadro 3).

Quadro 3. Ações de acompanhamento de egressos adotadas nas universidades estaduais da região sul

IES

Ações de acompanhamento de egressos

UDESC

O Portal do Egresso da UDESC integra ações desenvolvidas no âmbito de cada centro. Inicialmente, apresenta um convite para cadastramento e informa que o egresso cadastrado receberá notícias da UDESC por meio da Secretaria de Comunicação e que a UDESC está preparando um projeto institucional voltado aos egressos, em discussão por uma comissão de pró-reitores. As atividades voltadas aos egressos são diferenciadas, alguns centros mantêm páginas em rede social com divulgação de fotos e informações sobre eventos, outros apresentam a listagem de alunos formados e apenas um deles apresenta um formulário para cadastro, o que evidencia que de fato o portal ainda não está pronto e não há uma política integrada voltada aos egressos (UDESC, 2017).

UEL

No Portal do Egresso da UEL observou-se que o egresso pode contribuir com críticas, sugestões e observações sobre a universidade e os seus cursos. A participação dos egressos também ocorre por meio de um questionário que coleta informações pessoais, acadêmicas e profissionais, bem como solicita uma avaliação do seu curso e da instituição. A UEL faz o acompanhamento de egressos desde 2005 e desde então sistematiza as informações de seus egressos a cada três anos (UEL, 2006), publicando dados estatísticos periodicamente. No Portal do Egresso da UEL o ex-aluno encontra informações sobre a pós-graduação, eventos, notícias da universidade, acesso à plataforma Lattes CNPq, links que direcionam para sites de agências de empregos e de oportunidades de emprego, e trainee, bolsas de estudo, eventos acadêmicos e cursos. O ex-aluno também pode emitir e validar certificados de cursos, consultar sua matrícula, se cadastrar no portal e atualizar seus dados (UEL, 2017).

UEM

Não foi localizada nenhuma ação estruturada voltada aos egressos da instituição.

UENP

A universidade apresenta apenas uma notícia de lançamento do Portal do Egresso com os objetivos deste portal e um questionário, o “Questionário do Egresso”, com questões voltadas a coletar dados pessoais de contato, conhecer o perfil profissional e avaliar aspectos do curso com relação ao aspecto profissional e ao desenvolvimento acadêmico do aluno.

UNIOESTE

Não foi localizado um Portal do Egresso integrado no website da instituição. Apenas foram encontradas informações acerca da construção de espaços com informações para (ou sobre) os egressos na página de alguns cursos e programas. Observou-se também algumas notícias de eventos que contaram com a participação de egressos de alguns cursos.

UNESPAR

Não foi localizada nenhuma ação estruturada voltada aos egressos da instituição.

UERGS

Não foi localizada nenhuma ação estruturada voltada aos egressos da instituição, apenas consta no PDI (2017-2021) como uma ação que ainda vai ser implantada.

UEPG

O Portal do Egresso da UEPG apresenta a opção de cadastramento para acessar o portal, a listagem dos ex-alunos da instituição, e um espaço intitulado “Avalie a UEPG” que direciona para a página da Comissão Própria de Avaliação. No portal também é possível visualizar uma foto do projeto de construção da nova biblioteca e fazer doações para a sua execução. O espaço “oportunidades” destina-se a apresentar ofertas de trabalho, mas não pode ser acessado acredita-se que devido a restrições de acesso para usuários cadastrados, mas a página não cita essa informação. Os serviços e benefícios oferecidos pela instituição estão relacionados à publicação da listagem dos dados profissionais dos egressos cadastrados por curso e por turma e a divulgação de sites com oportunidades de trabalho, cursos sequenciais, de pós-graduação e de extensão e informativos da universidade (UEPG, 2017).

UNICENTRO

A instituição lançou um portal para os ex-alunos no ano de 2011, entretanto ao tentar acessar o link informado observou-se que o portal foi deletado.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).

A análise das páginas das universidades estaduais demonstrou que apenas duas instituições localizadas no Estado do Paraná possuem Portal do Egresso estruturado. As demais ou estão estruturando seus sistemas, como é o caso da UDESC, ou pretendem lançá-los futuramente, a exemplo da UERGS. Mesmo assim, quatro universidades não apresentaram nenhum tipo de ação estruturada direcionada aos seus egressos.

Isso evidencia que as universidades estaduais ainda precisam percorrer um longo caminho no que se refere ao estabelecimento de ações de acompanhamento de egressos, pois além da carência de políticas de relacionamento e Portais do Egresso não foi observado em nenhuma delas a realização de estudos com os diplomados que possam ser utilizados na perspectiva da avaliação institucional.

Quanto ao Portal do Egresso, as universidades federais analisadas mostraram-se mais propensas à sua implantação do que nas universidades estaduais. Nas últimas, os portais foram adotados mais tardiamente, estando ainda em fase de construção, em alguns casos permanecendo inexistentes. Mesmo assim, as ações realizadas em praticamente todas as IES carecem de maior atenção por parte da gestão universitária, pois os portais já implantados possuem um rol de potencialidades que podem ser mais bem exploradas.

Uma destas potencialidades é a oferta de serviços e benefícios para os egressos, que se apresenta como uma forma de promover o relacionamento e instiga-los a se cadastrar nos Portais do Egresso. Portanto, após verificar a existência de portais do egresso nas IES pesquisadas foi procurado listar uma série de serviços e benefícios disponíveis nestes portais que possam despertar o interesse dos egressos em se cadastrar voluntariamente e participar ativamente.

Considerando que o relacionamento com os egressos é uma via de mão dupla que pode beneficiar as universidades e também os ex-alunos, as instituições também precisam evoluir neste tipo de interação para que seus egressos despertem o desejo de participar voluntariamente de suas pesquisas e desenvolverem outras atividades em conjunto com a sua IES, pois essa também foi uma deficiência encontrada tanto em nível estadual como federal.

Os principais serviços e benefícios presentes nos portais do egresso das instituições analisadas estão sintetizados no Quadro 4.

Quadro 4. Serviços e benefícios oferecidos nos portais do egresso analisados

Serviços e benefícios

UFSC

UFSM

UFCSPA

UFPel

UEL

UEPG

Informações de contato e links de notícias da universidade

X

X

 

X

X

X

Depoimentos e espaço destaques

X

X

 

X

X

 

Acesso às informações dos egressos por faculdade, por curso, ou por turma

X

 

 

 

X

X

Acesso à biblioteca e laboratórios de informática e de pesquisa

 

 

X

 

 

 

Divulgação de eventos acadêmicos e eventos exclusivos para egressos

 

X

X

 

X

 

Galeria de fotos e vídeos

X

X

 

X

 

 

Chats, fóruns e salas de bate-papo, ou espaço “Fale conosco”

 

 

X

X

 

 

Associação de ex-alunos

 

 

X

 

 

 

FAQ de perguntas e respostas sobre dúvidas frequentes dos egressos

 

X

 

 

 

 

Cursos de educação continuada

 

 

X

 

 

 

Encaminhamento para o mercado de trabalho

 

 

 

 

X

X

Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).

Dentre as vinte universidades pesquisadas, apenas seis apresentaram algum tipo de serviço ou benefício ativo que pode ser visualizado pelos diplomados antes de realizarem o seu cadastramento no sistema de acompanhamento de egressos.

Nesta análise foi constatado que alguns serviços estão presentes na maioria das universidades, tais como, informações de contato e links de notícias da universidade, área de depoimentos e espaço destaques, divulgação de eventos acadêmicos e eventos exclusivos para egressos e galeria de fotos e vídeos. Entretanto, benefícios como acesso à biblioteca e laboratórios de informática e de pesquisa, associações de ex-alunos, chats, fóruns de dúvidas e discussões, oferta de cursos de educação continuada e encaminhamento para o mercado de trabalho são ações realizadas em poucas universidades.

Retomando a listagem dos serviços e benefícios citados pelos autores Teixeira e Maccari (2014), percebe-se que nenhuma das instituições analisadas apresenta a oferta de cursos gratuitos, desconto para a realização de outros cursos e descontos em produtos ou serviços fornecidos por empresas parceiras, tais como assinaturas de jornais, revistas e periódicos científicos, compra de livros, convênios com profissionais, entre outros.

Ainda, no tocante às informações disponibilizadas, a maioria resulta de direcionamento a outras páginas da universidade, como a página oficial de notícias e a página da Pró-reitoria de pós-graduação. As publicações direcionadas exclusivamente aos egressos estão desatualizadas na maioria dos portais. No portal da UFSM, por exemplo, as publicações mais recentes de fotos e eventos datam de 2015, o que evidencia que as ações não são publicadas no site, ou que há poucas atividades de integração sendo realizadas. Caso semelhante foi observado também no Portal do Egresso da UFPel. Nenhum portal informou a disponibilidade de uma equipe técnica para a sua manutenção e atualização constante.

Portanto, a análise dos sistemas de acompanhamento de egressos das IES contribuiu para firmar a hipótese levantada por Queiroz (2014) de que a maioria dos portais do egresso gerenciados pelas instituições apresentam limitações que dificultam ou não instigam a participação dos usuários, tais como páginas indisponíveis ou em manutenção, conteúdos desatualizados, pouca interatividade, inexistência ou carência de benefícios divulgados, entre outros. A autora ainda afirma que como não faz parte da cultura brasileira manter o vínculo com os egressos após a conclusão de seu ciclo de formação, muitos deles nem sabem da existência de canais de comunicação disponibilizados pelas universidades, o que resulta em baixos índices de cadastramento nos sistemas tornando escassa a participação do egresso nos processos avaliativos.

 

5 Conclusão

Neste artigo foram descritas algumas das principais ações de acompanhamento de egressos adotadas no sistema público de educação superior brasileiro, de forma que foi possível tecer um panorama da realidade vivenciada no âmbito das universidades públicas, especialmente aquelas localizadas na região sul.

Com base nas informações coletadas observou-se que a maioria das instituições ainda precisa evoluir em suas ações de acompanhamento de egressos. No que concerne à captação de informações sobre os seus diplomados, as universidades têm utilizado o método indutivo, tomando a iniciativa de interpelá-los sempre que necessário para a aplicação de questionários. Ainda, são poucas as instituições que fazem esse tipo de pesquisa constantemente, sendo que, para tanto, não necessariamente se utilizam dos Portais do egresso.

O Portal do Egresso é um espaço interativo, onde os egressos podem acessar uma série de serviços e benefícios que os aproximam da universidade. A estruturação destes espaços de relacionamento é fundamental para a gestão das IES públicas, pois a manutenção do vínculo com os egressos vai além da realização de inquéritos esporádicos sobre questões de interesse específico da universidade, das quais muitas vezes o egresso desconhece a importância.

Portanto, sugere-se que as universidades busquem investir neste tipo de canal de relacionamento, explorando as ações de acompanhamento de egressos de forma mais ampla, no âmbito de uma política institucional de acompanhamento de egressos, onde eles são convidados a participar e podem obter vantagens que os façam permanecer conectados, fornecendo periodicamente informações que possam contribuir para melhorar a qualidade da formação ofertada pela sua universidade.

Além disso, a adoção de sistemas de acompanhamento de egressos sistêmicos é fundamental para atender as diretrizes da avaliação institucional propostas pelo SINAES, especialmente no âmbito dos cursos de graduação. A falta de uma política de padronização das ações de acompanhamento de egressos desenvolvidas por algumas universidades que realizam ações isoladas por curso, campus ou faculdade fragiliza o processo avaliativo nessa dimensão, uma vez que a avaliação institucional integra as ações propostas pela IES como um todo.

Assim, seria interessante que as informações coletadas junto aos egressos fossem padronizadas por estas universidades, atendendo as finalidades do processo avaliativo, o que em longo prazo poderia ser implantado de forma integrada para todas as instituições, tal como ocorre nos modelos europeus citados por Paul (2015). Isso, no entanto, não isenta as universidades de adotarem políticas e ações voltadas às especificidades de seu contexto, uma vez que cada uma delas possui uma missão, visão e valores diferenciados das demais, sendo que todo o processo avaliativo e o direcionamento da gestão devem permanecer alinhados a esses propósitos singulares.

 

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Revista Brasileira de Ensino Superior, Passo Fundo, vol. 3, n. 2, p. 94-113, Abr.-Jun. 2017 - ISSN 2447-3944

[Recebido: Jul. 03, 2017; Aceito: Nov. 29, 2017]

DOI: https://doi.org/10.18256/2447-3944.2017.v3i2.2023

 

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Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

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Sistema de avaliação: Double Blind Review

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e-ISSN: 2447-3944

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